Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. E,... (ler mais...)
Não veio do nada este tema, proposto aos meus alunos, para reflectirem e treinarem o domínio da escrita. Ele é recorrente em textos que lemos e analisamos e ainda foi discutido na sequência do visionamento de um filme, cuja personagem principal sofre de alzheimer.
Este processo de nos debruçarmos sobre algo que nos é inerente, mas tão intrínseco que nem nos lembramos da sua exist&e... (ler mais...)
O tempo passa. E passa depressa. E ao contrário do que esculpimos no nosso imaginário em relação ao futuro, a realidade, a determinada altura, exorta-nos mais para a rememoração. Eu já ando há algum tempo neste processo e até acho que não sou nada saudosista.
Porém, a realidade que nos envolve é tão pouco credível, tão frustrante e ... (ler mais...)
Ouvi atentamente, esta madrugada, 31 de outubro, o discurso de Lula da Silva, após saírem os resultados das eleições do Brasil.
Durante esta manhã, pesquisei e encontrei o discurso escrito, que li. Este duplo contacto com o discurso não se faz por acaso. No 11.º ano, um dos conteúdos que se aborda é o texto argumentativo, nomeadamente o Sermão de Santo António a... (ler mais...)
Há como que um misto de magia e de mistério nos ambientes que se evolam das casas abandonadas.
Em mim, estas casas estimulam um fascínio difícil de narrar, porque nelas vejo e sinto, melhor, imagino, pessoas e vidas, em fila indiana, cada qual no ponto da linha do tempo que lhe coube.
Perante o estado de abandono e de degradação e ruína, chego a recriar, mentalmente, as fases da ... (ler mais...)
As laranjeiras voltaram à praça. À praça que foi sempre das laranjeiras, mesmo sem as ter.
O regresso das laranjeiras, com a sua flor e aroma, criou a sugestão, mesmo que efémera, de que tudo o que a praça Marechal Carmona houvera sido voltaria a ser. Mas apenas as memórias se avivaram, em cores, sons e movimentos, fluindo nas palavras trocadas entre quem viveu a praç... (ler mais...)
Um jornal testemunha. É um dos seus papéis. E espera-se um papel ativo na observação, na análise e na intervenção do que está à sua volta, próximo e distante.
O JT completa 29 anos com publicações ininterruptas ao longo deste tempo. Não é coisa para todos os jornais.
É muito tempo a enfrentar mudanças, dificuldades, b... (ler mais...)
Cada ano novo traz consigo esperança e intenções. É talvez isso que contribui para que nós o sintamos como novo. É uma perceção, uma representação que está tão imbuída em nós e que, mesmo nos mais céticos e desesperançosos, alimenta uma pequenina, ténue e fugaz luz no nosso interior. Já não acredito, mas….... (ler mais...)
Às vezes, lembro-me das personagens de Sancho Pança e D. Quixote, evocadas no capítulo III de “Viagens na minha terra”, de Garrett.
Não sei, todavia, se a lembrança dessas personagens, neste contexto, vem por boas razões.
À medida que os dias decorrem, um de cada vez, mas sem qualquer interrupção, assiste-se a um triste, diria mesmo tristíssimo, e... (ler mais...)
Enquanto ouço poesia, o meu olhar embrenha-se na serra, a serra-mãe como lhe chamo, e fascina-me a mancha de névoa que de mansinho se movimenta, dando-me a entender que ora se prende ora se desprende do cume, numa viagem ao céu de ida e vinda. Tão lá em cima, o cinzento mescla e despido das pedras abraça-se ao verde da vegetação, que me parece escassa e rasteira, talvez pela altura... (ler mais...)
“Eu só quero ir para um lugar sem política, armas e religião…”, dizia uma mãe ainda jovem, em lágrimas, quando um jornalista a interpelava nos momentos que se seguiram à tragédia no porto de Beirute, que é do conhecimento de todos nós, mas, quicá, por estar distante dos olhos talvez passe a estar igualmente distante do coração. Diga-se, em ab... (ler mais...)
Sempre tive, e continuo a ter, um fascínio por escolas. Quando se atravessa uma aldeia, uma pequena vila, ou até um monte ou pequenino aglomerado de casinhas, os edifícios que albergavam as escolas têm uma traça comum e especial. O meu olhar fica preso. De todas as vezes imagino a alegria, os sons, as brincadeiras que por ali teriam ocorrido. Imagino avós à conversa, à espera dos netos. Im... (ler mais...)
O título desta crónica já cá estava no papel, creio que desde abril ou maio, e era para abordar as dádivas desses meses que temos de lembrar todos os dias da nossa vida.
Mas o tempo passou, não consegui ter tempo para pôr no papel o que me ia (e vai sempre muito!) na cabeça e na alma. Por isso, hoje, peguei no título e adicionei-lhe um subtítulo, “Carta aos meus... (ler mais...)
Desde sempre as únicas certezas que tivemos foram incertezas. A vida ensina-nos que não controlamos absolutamente nada, mas há qualquer coisa em nós que nos leva a acreditar e a teimar nessa crença de controlo. Aliás, o homem precisa acreditar que é senhor das suas acções. E é, de algumas, mesmo que nestas exista sempre uma boa fracção que não controla n... (ler mais...)
Eu sei que o ditado popular é ao contrário, “não há fome que não dê em fartura”. Mas, aqui, na realidade que hoje vivemos , e dependendo da perspetiva de análise, creio que se aplica melhor o inverso. Aliás, está mesmo um mundo às avessas, não só conotativa, mas literalmente. Os tempos que se vivem são novos, mas não trazem nem a curios... (ler mais...)
Madrugada. Janeiro, dia 4. De 2019.
O comboio deslizava nas linhas com o seu ritmo sereno, como se não tivesse pressa ou tivesse de respeitar passagem ou não quisesse, com brusquidão, ferir o ferro.
Há muito que não andava de comboio. Mas é bom andar de comboio. A opção tinha sido consciente, muito maturada. Muito negociada com a família. Queria ir sozinha. Precisava i... (ler mais...)
As ideias estão ainda de férias. Se a palavra não fosse tão feia, eu até a utilizaria mais – procrastinação. Meu Deus, que palavra horrível para dizer apenas que se anda com preguiça, sem vontade, a adiar o que tem de ser feito. Meu Deus, como eu procrastino! E como me aflijo desta aflição que a procrastinação me cria.
Ent&atild... (ler mais...)
Esta é uma crónica pequenina, muito ligeira, leve e fresca, como devem ser as refeições nos dias de muito calor e em período de férias. A crónica “das férias” virá na seguinte ronda de escritaria. Esta é, assim, uma crónica de férias.
Desde a crónica anterior (e não última, como me “repreendeu” um amigo), n&... (ler mais...)
O meu Ti Boino foi-se. Faltavam-lhe dois aninhos para chegar aos cem.
A notícia chegou hoje, nesta terça feira de julho, logo pela manhazinha, e eu, que nunca tenho tempo para retornar a casa, porque a nossa terra é e será sempre a nossa casa, mesmo que nela não tenhamos passado mais do que um oitavo dos anos que temos, lá vou amanhã, quarta feira, também de manhazinha, para o ac... (ler mais...)
Esta crónica vai apresentar o formato de duas em uma. É que, apesar das temáticas e problemáticas quotidianas fervilharem na minha cabecinha, não tenho tido tempinho algum para escrever. E o ato de escrever exige pelo menos um bocadinho de tempo. Não é algo que se faça “vou ali e já volto”. Pelo menos comigo não é assim. Mas também não &eacut... (ler mais...)
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