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O suco de um discurso - maria augusta torcato

Opinião  »  2022-11-09  »  Maria Augusta Torcato

"“Gostei do discurso de Lula. Um discurso que releva os interesses coletivos e os coloca acima de interesses particulares. "

Ouvi atentamente, esta madrugada, 31 de outubro, o discurso de Lula da Silva, após saírem os resultados das eleições do Brasil.

Durante esta manhã, pesquisei e encontrei o discurso escrito, que li. Este duplo contacto com o discurso não se faz por acaso. No 11.º ano, um dos conteúdos que se aborda é o texto argumentativo, nomeadamente o Sermão de Santo António aos Peixes, proferido na cidade de São Luís do Maranhão, em 1654, século XVII, há cerca de quatro séculos.

É indiscutível que o Padre António Vieira foi um precursor dos Direitos Humanos. E que eu gosto de articular este texto em estudo com outros textos, como de António Guterres, enquanto Secretário-Geral da ONU, de Obama, enquanto ex-presidente dos EUA, de Daniel Munduruku, enquanto escritor índio, e, ainda, de Jorge Sampaio, de Nelson Mandela, de José Tolentino de Mendonça, entre outros, mais ou menos atuais, mais ou menos próximos de nós.

Algumas das coisas que cruzam estes discursos (e que permitem o seu ponto de encontro, ou seja, em que todos vão ao encontro uns dos outros, comungando de objetivos comuns) estão presentes na Declaração dos Direitos Humanos.

Estamos no século XXI, no primeiro quarto. E nunca me pareceu tão emergente, tão necessário e imperativo, que passássemos para a prática, para a nossa prática, para as nossas ações diárias e quotidianas, o que é veiculado pelos “Direitos Humanos”. Temos de substantivar, operacionalizar, tornar real, fazer tudo o que está previsto nessa Carta. Deveria ser um ponto de honra para toda a Humanidade. Para isso, temos todos de inverter caminhos, reconstruí-los em solidariedade, em partilha, em respeito, em empatia, em aceitação e integração, em igualdade, em fraternidade e em liberdade. Com tudo o que isto implica. Para isso, o poder, definição e uso, tem se ser pensado e alterado. Não pode pôr-se o mundo a sofrer, em causa e risco, apenas na sequência de meia dúzia de lunáticos que o governam e abusam do poder, que lhes foi concedido, que usurparam ou qualquer outra coisa que os levou aos lugares que ocupam. Isto não pode acontecer! Não nos podemos esquecer do passado, do que a história nos ensina, não podemos!

Gostei do discurso de Lula, independentemente da pessoa. Espero que se consiga pôr em execução tudo o que, em teoria, a mensagem explana. Estão lá identificadas as linhas que permitem a valorização e o plantio dos direitos humanos. No Brasil, que nos diz tanto, aqui, e no resto do mundo.

Gostei do discurso de Lula. Um discurso que releva os interesses coletivos e os coloca acima de interesses particulares. Espero que, na vida real, no que vai para além da intenção registada verbalmente, isso se constate. Que não seja mais uma vez “Faz o que digo e não o que faço”. Que não seja, como já no século XVII, o Padre António Vieira denunciava: havendo tantos na terra com o papel do sal, como era possível ela estar tão corrupta/corrompida?

Gostei do discurso de Lula. Do ponto de vista formal e do ponto de vista de conteúdo. Lá, podemos encontrar, a servir para análise estilística, as apóstrofes, os paralelismos, as antíteses, as enumerações, as metáforas, as comparações e tantos outros recursos, que se devem conhecer, mas, o mais importante, perceber o seu valor, a sua intencionalidade, no contexto em que são usados. Perceber a importância de um discurso que exorta, que convida o “nós” a envolver-se, que cria proximidade e corresponsabilização.

Que bonita ideia esta: “O Brasil tem jeito. Todos juntos seremos capazes de consertar este país, e construir um Brasil do tamanho dos nossos sonhos – com oportunidades para transformá-los em realidade”. Que os brasileiros consigam mesmo! E que sejam um exemplo para todos nós de que os sonhos se podem realizar. Precisamos voltar a acreditar. Basta sentir um bocadinho do mundo para se perceber que é preciso voltar a acreditar.

E outra ideia bonita: “Recuperar a generosidade, a solidariedade, o respeito às diferenças e o amor ao próximo”. Uma ideia para replicarmos todos nós, todos os dias da nossa vida!

 Um bom suco tem este discurso!

 

 

 

 

 

 

 

 

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