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Cabelos brancos: assunção ou moda?

Opinião  »  2015-12-02  »  Maria Augusta Torcato

"DO RIO E DAS MARGENS"

Os cabelos brancos tornaram-se (-me) mais visíveis. Ou é porque há mais gente com idade para cabelos brancos, ou é porque muitas das pessoas de cabelos brancos deixaram de os pintar de outra cor; ou é porque os cabelos brancos passaram a assumir-se e a aceitar-se como os cabelos de outras cores, ou é porque é moda, ou então é porque, tão simplesmente, eu sou uma pessoa com cabelos brancos que deixou de os pintar e a ação de me olhar me devolve a imagem dos cabelos brancos. A verdade é que vejo, agora, mais cabelos brancos.

Pode parecer fútil e banal a abordagem deste tema, mas é, muitas vezes, a partir de motivos tão simples, que parecem não nos dizer nada, que se complexificam os raciocínios. Neste (meu) caso foram os cabelos brancos.

A assunção dos cabelos brancos não é, de todo, serena. Parece que há a perceção de que os cabelos nos possuem e mantêm seguros ou protegidos. É consensual que os cabelos brancos anunciam ou denunciam uma determinada idade. Anunciam ou denunciam um percurso descendente que tanto custa a aceitar. É talvez por isso que há uma grande preocupação em os esconder, como para fingir que ainda estamos nesse processo ascendente. É talvez a contradição que existe entre o corpo e o espírito, justificação que há dias ouvi, casualmente, numa fila de supermercado, de uma mulher desconhecida. Dizia que o espírito se mantém jovem mais tempo que o corpo e é por isso que o espírito não aceita os cabelos brancos. Achei belíssima esta interpretação de o espírito se manter jovem. No meio de tudo, claramente, prefiro ter o espírito jovem num corpo velho do que ter um espírito velho num corpo jovem.

Mas esta ideia de o cabelo definir o nosso ser ou o nosso não-ser atribui-lhe um papel quase mítico. Os cabelos brancos, salvo raras exceções, transmitem a ideia do envelhecimento e, na nossa sociedade, envelhecer não é bb, nem bom, nem bonito.

Há momentos, ou melhor dizendo, fases da vida, aparentemente, bem definidas por padrões comportamentais, gestos, pequeninas coisas. Creio que, por exemplo, tanto os cortes como as cores escolhidas para o cabelo refletem isso, demarcam a personalidade, a função social ou uma mudança no tipo de vida. Comigo é isso que está a acontecer. Os cabelos brancos oferecem-me, em troca do seu desvendamento, uma sensação de liberdade e um reforço positivo da autoimagem que só a idade dá. Numa sociedade em que quase é proibido envelhecer e, quando se envelhece, há que escondê-lo a todo o custo, com o combate às rugas, à celulite, aos quilos a mais, mas não demasiados para a idade, com a pintura dos cabelos brancos, ficar solto desta pressão social é o melhor alento para a vivência harmoniosa consigo e com os outros e para a aquiescência das idiossincrasias das fases aludidas.

Por tudo isto, confortável e segura, eu gosto dos (meus) cabelos brancos. Porque gosto da cor e porque é libertador. Não estou a seguir a moda. Estou a seguir a minha moda.

 

 

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