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Flutuadores - carlos paiva

Opinião  »  2023-05-15  »  Carlos Paiva

" “Na realidade oficial, aconteceram montes de coisas, na realidade tridimensional ao vivo e a cores onde gira este terceiro calhau a contar do sol, tudo na mesma."

Vivemos dias históricos. Seria expectável alguma sensação de satisfação, resultante de dois temas profusamente embrulhados, onde foram desatados alguns nós. O tema da nascente do rio Almonda/Renova e ribeira da Boa Água/Fabrióleo. Após longo período em coma, recentemente tiveram melhoras significativas. Seria de celebrar, seria de assinalar para a história. Verbo intransitivo futuro do pretérito, porquê? Porque na realidade não aconteceu nada. No caso Renova, não existe legalidade ou autorização para a vedação que lá colocaram. No entanto, lá continua. No caso Fabrioleo, é preciso desmantelar e despoluir, resultado: assinou-se um protocolo. Na realidade oficial, aconteceram montes de coisas, na realidade tridimensional ao vivo e a cores onde gira este terceiro calhau a contar do sol, tudo na mesma. Mudaram-se uns papéis de sítio, enviaram-se uns emails, certamente almoçou-se, celebrou-se a vitória com brindes e discursos improvisados. Calculo que tais rituais sejam requisito mínimo obrigatório para dar sentido à vida. Caso contrário, se nós não sabemos o que esta gente anda cá a fazer, imaginem eles próprios.

Entretanto, enquanto a malta andava distraída com acontecimentos que não aconteceram… Bem. Aconteceram. Só que não aconteceram bem assim como dizem por aí, em comunicados do Ministério Público. Aconteceram de uma forma esotérica extremamente volátil cuja responsabilidade é ocultar no espaço quântico, ou hiperespaço, precisamente isso: a responsabilidade. Daí considerar inúteis auditorias externas. É do senso comum que, no período pré-auditoria, destruidores de papel tornam-se psicoticamente vorazes (perigosos até) e discos rígidos avariam em catadupa (até parece bruxedo). Um caso clássico de “sorri e acena”. Mas, dizia eu, aproveitaram a distração para tosquiar as margens do rio Almonda. Surpresa. Só que não foi no dia 14 de Fevereiro, foi agora. Tudo aparado rente. Resta comentar que chamaram “renaturalização” àquilo. Algures no processo, alguém erradamente interpretou como “naturismo” e… toca de aparar rente. Potencia-se a erosão, danifica-se o ecossistema, mete-se umas plataformas (na expectativa que atraia pescadores, por magnetismo, ou assim) para o turista se sentar confortavelmente ao sol e apreciar a procissão das fezes a boiar. Ah! Lembrei-me agora: os esgotos foram redireccionados. Basicamente, gastou-se uma pipa de massa para o esgoto fazer um percurso mais longo (provavelmente com fins lúdicos) para ser despejado no rio à mesma, só que num sítio mais discreto. Mea culpa. Ignorem a parte das fezes a boiar. Quem achar exagero escatológico, para além do bom gosto, recorde-se da nascente do rio Almonda. Dentro de uma fábrica de papel higiénico. Atrás das grades.

O zelo com que esta “renaturalização” é operacionalizada, testemunhado pelas diversas espécies de aves autóctones, devidamente anilhadas que povoam o rio em colónias monitorizadas tanto a nível demográfico como sanitário, num ecossistema funcional e saudável, fica perfeitamente contextualizado com a tosquia à “máquina zero” nalguns trechos da margem. O rio Almonda ficar no mapa da pesca desportiva seria óptimo. Mas teria de ser pelas melhores razões. As razões certas. Um rio com histórico de décadas remetido ao abuso e desprezo, não se transforma num cartão-de-visita apresentável, apelativo ao turismo (desportivo ou outro), com “uns toques” de cosmética. Haja o discernimento para ponderar acerca da salubridade que se pretende expor. Os maiores flops são sempre precedidos de grande alarido. Cautela. Talvez fosse melhor reunir com o proprietário da nascente para conferir se os planos da autarquia não chocam com os planos que a Renova tem para o aproveitamento turístico do aproveitamento. Não vá alguém melindrar-se e fechar a torneira. Pior que uma procissão de fezes rio abaixo, é uma procissão de fezes estagnada ali à porta. Perante o olhar aparvalhado do pescador em plena competição e interesse mórbido das câmaras de TV.

 

 

 

 

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