Hoje é evidente, reconhecido e aceite por toda a gente, que o recurso hídrico – água - é um bem escasso. Não dispomos deste precioso líquido como há 30 ou 50 anos atrás, chove muito menos e de forma muito irregular, a média das secas aumentou relativamente a períodos anteriores. Estes são os factos.

Esta realidade obriga toda a gente a olhar para o uso da água de forma diferente daquela a que nos habituámos durante séculos e se assim não for o futuro próximo pode ser doloroso.

É certo que nem toda a gente ainda entendeu esta realidade, mas depressa lá chegará, a vida e o tempo que vivemos ensinam-nos mais que muitos discursos, proclamações ou informações científicas que nos vão chegando.

Os responsáveis políticos, responsáveis autárquicos, os gestores públicos e privados têm uma responsabilidade acrescida na gestão da água: os lugares que ocupam dão-lhe essa particular responsabilidade.

Já existem muitas decisões políticas, leis, normativos, programas nacionais e regionais, compromissos, promessas, projectos e mais projectos, declarações, muito já se escreveu, já se falou, já se debateu e dinheiro também existe, dinheiro para os mais variados projectos e investimentos. É preciso poupar água – dizem-nos.

As últimas imagens televisivas a que temos assistido reafirmam isso, as barragens estão pelas horas da amargura, até dá dó em alguns casos, mas o que essas imagens também nos dizem é que os principais responsáveis políticos fazem o contrário daquilo que apregoam: primeiro deixam esvaziar as barragens e depois é que vêm falar de poupança.

Todo este palavreado para vos falar da decisão da última assembleia municipal de Torres Novas em chumbar a proposta apresentada pelo Bloco de Esquerda, que propunha um incentivo à poupança da água, traduzido na redução das taxas urbanísticas nos projectos que incluíssem um processo de reutilização de águas (regas, sanitários).

O PS chumbou, como já tinham chumbado outra proposta para alterar a gestão da água no espaço urbano (rega de jardins e de ruas, etc., que actualmente, é feita com água potável, pasme-se, com um rio que atravessa toda a cidade, custa a crer mas é assim).

Também em outros momentos o BE apresentou propostas para a reutilização das águas tratadas nas ETAR, ou sobre o combate que tem de ser travado para reduzir as perdas de água potável (actualmente + de 30%) nas condutas geridas pela empresa Águas do Ribatejo. Estas ideias até foram aprovadas, mas até hoje e já se passaram alguns anos nada avançou.

Dramático são os responsáveis políticos do PS que ainda não conseguiram apresentar uma única ideia, apesar de estarem politicamente comprometidos, mas estarem sempre disponíveis para chumbar qualquer contributo vindo de outros lados.

Estou convicto que estas ideias farão o seu caminho, só espero e desejo é que ainda venham a tempo.