Porque a vida é sempre mais ou menos do que desejamos
Opinião » 2016-01-20 » Maria Augusta Torcato"DO RIO E DAS MARGENS"
Sim, a vida é sempre mais ou menos do que desejávamos… ou desejamos, do que queríamos… ou queremos, do que sonhávamos…ou sonhamos, do que idealizávamos… ou idealizamos. Sempre. Para todos. Todos desejamos, todos gostaríamos de ter tudo perfeito, signifique isso o que significar.
Ao longo da vida, sentem-se, vivem-se muitas mudanças e uma dessas mudanças prende-se com o que queremos de e para a vida. À medida que o tempo passa, alteram-se os sonhos, alteram-se os desejos, aquilo que gostaríamos muito que fosse a nossa vida. E, por exemplo, uma mudança evidente é a capacidade de aceitar os factos que nos mostram que a maior parte das vezes nem fazemos o que desejamos nem desejamos o que fazemos.
A efemeridade e a fragilidade da vida, ditadas ou pelo poder inexorável do tempo ou por danos de natureza diversa que não controlamos, ajudam-nos, ou talvez não, a mudar e a refazer os nossos desejos. O tempo passa e, simultaneamente, passa a intensidade desses desejos, o que não é necessariamente mau. Pode ser apenas a consciência da não perfeição. A consciência de que é um desperdício de tempo e energia o desejo da perfeição absoluta, até da perfeição relativa, que obriga a comparações, a analogias, muitas vezes absurdas e dolorosas. O desejo de alcançar a perfeição? A perfeição não existe, o que existe de perfeito é, porventura, a sua busca contínua. É o encontrar sentido para o que se faz e se é, na senda da perfeição, sabendo-se, antecipadamente, que nunca se alcança o que se deseja.
Vive-se num mundo perfeitamente imperfeito e que é tão exigente quanto à perfeição e aos padrões que para ela definiu. Pensa-se que perfeito seria ter tudo, tudinho perfeito. Filhos perfeitos, pais perfeitos, companheiros perfeitos, empregos perfeitos, amigos perfeitos, casas perfeitas, férias perfeitas, roupas perfeitas, corpos perfeitos, tudo, tudinho perfeito. Talvez assim nós fôssemos perfeitos. Mas, afinal, o que é ser perfeito? Há definição para isso? Há um formato a que nos adaptemos para isso?
Imaginemo-nos, cada um de nós, perfeitos! Sim, a perfeição é algo que todos desejam. Que perfeito seria tudo perfeito! Mas, totalmente perfeitos, será que nos sentiríamos perfeitos? Ou teríamos uma permanente sensação de imperfeição, uma insatisfação injustificada? Será que não quereríamos ser sempre mais perfeitos do que os outros, sendo que os outros também desejariam ser mais perfeitos do que nós?
Será que a perfeição seria perfeição se se alcançasse? Pois é, talvez se possa dizer que se alcança a perfeição, quando se toma consciência da não perfeição e se aceitam as nossas realidades como construções que podem sempre melhorar. É isso. A perfeição, afinal, parece não existir mesmo O que parece existir é a sua busca. E talvez seja essa busca, a sua natureza, que possa ser perfeita, desde que não nos deixemos enredar num ideal de perfeição que nos impeça de aproveitar e valorizar as pequenas e grandes imperfeições que somos e que nos rodeiam, mas que nos garantem o caminho encantado da perfeição.
A vida será sempre mais ou menos do que desejamos. Será. Poderá ser o que desejamos, quando aceitarmos que será sempre mais ou menos.
Porque a vida é sempre mais ou menos do que desejamos
Opinião » 2016-01-20 » Maria Augusta TorcatoDO RIO E DAS MARGENS
Sim, a vida é sempre mais ou menos do que desejávamos… ou desejamos, do que queríamos… ou queremos, do que sonhávamos…ou sonhamos, do que idealizávamos… ou idealizamos. Sempre. Para todos. Todos desejamos, todos gostaríamos de ter tudo perfeito, signifique isso o que significar.
Ao longo da vida, sentem-se, vivem-se muitas mudanças e uma dessas mudanças prende-se com o que queremos de e para a vida. À medida que o tempo passa, alteram-se os sonhos, alteram-se os desejos, aquilo que gostaríamos muito que fosse a nossa vida. E, por exemplo, uma mudança evidente é a capacidade de aceitar os factos que nos mostram que a maior parte das vezes nem fazemos o que desejamos nem desejamos o que fazemos.
A efemeridade e a fragilidade da vida, ditadas ou pelo poder inexorável do tempo ou por danos de natureza diversa que não controlamos, ajudam-nos, ou talvez não, a mudar e a refazer os nossos desejos. O tempo passa e, simultaneamente, passa a intensidade desses desejos, o que não é necessariamente mau. Pode ser apenas a consciência da não perfeição. A consciência de que é um desperdício de tempo e energia o desejo da perfeição absoluta, até da perfeição relativa, que obriga a comparações, a analogias, muitas vezes absurdas e dolorosas. O desejo de alcançar a perfeição? A perfeição não existe, o que existe de perfeito é, porventura, a sua busca contínua. É o encontrar sentido para o que se faz e se é, na senda da perfeição, sabendo-se, antecipadamente, que nunca se alcança o que se deseja.
Vive-se num mundo perfeitamente imperfeito e que é tão exigente quanto à perfeição e aos padrões que para ela definiu. Pensa-se que perfeito seria ter tudo, tudinho perfeito. Filhos perfeitos, pais perfeitos, companheiros perfeitos, empregos perfeitos, amigos perfeitos, casas perfeitas, férias perfeitas, roupas perfeitas, corpos perfeitos, tudo, tudinho perfeito. Talvez assim nós fôssemos perfeitos. Mas, afinal, o que é ser perfeito? Há definição para isso? Há um formato a que nos adaptemos para isso?
Imaginemo-nos, cada um de nós, perfeitos! Sim, a perfeição é algo que todos desejam. Que perfeito seria tudo perfeito! Mas, totalmente perfeitos, será que nos sentiríamos perfeitos? Ou teríamos uma permanente sensação de imperfeição, uma insatisfação injustificada? Será que não quereríamos ser sempre mais perfeitos do que os outros, sendo que os outros também desejariam ser mais perfeitos do que nós?
Será que a perfeição seria perfeição se se alcançasse? Pois é, talvez se possa dizer que se alcança a perfeição, quando se toma consciência da não perfeição e se aceitam as nossas realidades como construções que podem sempre melhorar. É isso. A perfeição, afinal, parece não existir mesmo O que parece existir é a sua busca. E talvez seja essa busca, a sua natureza, que possa ser perfeita, desde que não nos deixemos enredar num ideal de perfeição que nos impeça de aproveitar e valorizar as pequenas e grandes imperfeições que somos e que nos rodeiam, mas que nos garantem o caminho encantado da perfeição.
A vida será sempre mais ou menos do que desejamos. Será. Poderá ser o que desejamos, quando aceitarmos que será sempre mais ou menos.
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O miúdo vai à frente » 2024-04-25 » Hélder Dias |
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A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
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