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O monstro (colossal)

Opinião  »  2011-08-18  »  Helder Simões

O governo tomara posse. Entre os empossados, contava-se meia dúzia de ministros competentes, alguns secretários de estado de aspecto limpinho, todos com curriculum suficiente para contentar a imprensa e manobrar a gente impávida. Daí para baixo, deu-se emprego à habitual chusma de assessores, administradores e outros doutores. Colocados esses, entraram capatazes, coladores de cartazes, incapazes e outros rapazes, todos bem posicionados nas fileiras dos partidos vitoriosos. No ministério das finanças, o novo ministro ordenou que se avaliasse o estado do ”cofre público”. Situado algures nos calabouços do ministério das finanças, sete pisos abaixo do Terreiro do Paço, o ”cofre público” é um local inóspito. No acesso, há que ultrapassar infiltrações, ratazanas de dimensões paquidérmicas, esqueletos em armários e um sem-fim de imundices gordurosas. Pensa-se que o cofre esteja guardado por monstruosidades maiores que o Adamastor. Chegar lá, é mais penoso que atravessar a Cova da Moura. Poucos homens podem aproximar-se, e aqueles que lhe sobreviveram há muito venderam a alma. Para aceder ao tesouro é necessário fazer um pacto demoníaco com o Monstro do Cofre, seu temível guardião. O Monstro permite a passagem, desde que o alimentem. Com um salvo-conduto monstruoso pode até levar-se o dinheiro que se deseja. Tanto quanto a ganância permitir. Basta pactuar. Muitos homens enriqueceram em troca de um nadinha de dignidade, de escândalos na imprensa, de acusações de apropriação indevida de bens públicos e de outras ninharias, como a ética, a moral, etc. É disto que se alimenta o Monstro. E as riquezas do cofre, de que se alimentam estas? Ora, alimentam-se do esforço de quem trabalha, do congelamento de pensões paupérrimas e de salários mínimos, de misérias múltiplas e de impostos dos cidadãos cumpridores.

Era pois necessário avaliar o estado do ”cofre público”. Foi designada uma equipa de homens intratáveis, sem família que reclamasse cadáver, apoiada por forças de intervenção militarizadas, igualmente descartáveis. Desse punhado de duros, voltou quando muito um quarto, tão maltratados que se lhes não reconheciam feições ou identidade. Ao ministro, deram testemunhos assustadores. Os primeiros relatos foram de caldeirões fervilhantes de gordura estatal em ebulição. Depois, visivelmente perturbados, falaram de um buraco colossal, mais colossal que o Colosso de Rodes! Mencionaram anti-matéria, profundidades insondáveis, buracos negros sugadores que podem chegar à Cochinchina! Desde ”A Viagem ao Centro da Terra”, jamais se vira tamanho abismo. O ministro ficou perplexo. Afinal muitos tinham sido os homens que pactuaram com o Monstro, e que no cofre se aviaram. Posto isto, como aos seus antecessores, ao pobre ministro resta servir a besta e tentar tapar esse colossal buraco, antes que o eixo gravitacional do planeta se desequilibre e sacuda os portugueses da Europa. Mas ao comum cidadão, alimentar o ”cofre público”, é bem mais penoso que alcançá-lo. Nem Hércules teve tantos trabalhos, nem Atlas sofreu tamanhas dores nas costas. Sensível a isto, magnânimo, o governo decidiu publicar um manual de sobrevivência para os pobres cidadãos, cuja única missão em vida será a de tapar o buraco, cavando a própria cova. O manual ainda não está ultimado, mas sabe-se que contém uma série de medidas indispensáveis para a sobrevivência desses bravos. A título de exemplo, explica-se aos jovens das cidades como podem alugar um T2 se o dividirem por 4 e para quem aufere 200 euros de pensão, ensina-se quais os medicamentos que podem ser tomados apenas em dias alternados, sem aumentar em mais de 20% o risco de AVC.

 

 

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