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A Cidade ou as Serras

Opinião  »  2011-06-22  »  Helder Simões

”Deve-se chegar cansado ao sítio onde se quer envelhecer, pois se chegarmos fortes ainda, e impacientes, arrancaremos de novo. E falharemos o destino.” - excerto do livro ”Uma Viagem à India” de Gonçalo M. Tavares
 

Cedo abandonou estas nove torres cuja soma somada perfaz mais do que dez. Teria então menos de vinte anos e cometeria um crime se não tivesse partido. - Pese embora os que ficaram serem hoje bem mais inocentes. - Foi porque era para ir, mesmo que na altura doesse, mesmo que isso significasse arrancar raízes como se arrancam braços. Quem desta encosta de serra sai em busca de uma grande cidade, troca o conforto pelo incómodo permanente. Mas quem nesta terra fica, termina incomodado pelo conforto. Assim, saiu. Cresceu anos fora, lá (aqui) na metrópole. Conheceu e fez-se gente. Teve sorte: encontrou sábios. É sabido (por sapiente consenso) que é na grande cidade que se concentram os sábios, sobretudo num local particular da cidade: na uni(di)versidade. Repit teve sorte. Achar um sábio numa grande cidade, mesmo nas zonas ecléticas, é mais difícil do que encontrar linces. Tal como os linces, os sábios não querem ser avistados. Com essa sorte, bebeu a juventude da vida, como se fosse A Sede. Secou ele mesmo. Viu uma cidade que se abastece de muitos náufragos sedentos, homens vindos de terras trágicas, em contentores Titanic(os), onde qualquer hipótese de idílio é cuspida borda fora como lastro, mal os segundos litros de água irrompem no casco.

Era preciso conforto. Só lhe restava voltar e assim fez. E as torres acolheram-no, de muralhas escancaradas, como só crianças órfãs sabem acolher, despidas de altivez; porque dentro destas muralhas há também vazio, porque dentro destas muralhas não existe a torre inóspita do orgulho. Afinal, é sempre onde nada existe que melhor se acolhe quem de acolhimento precisa. Nada como o vácuo deseja acolher. Projectou ficar, projectou erguer-se ao lado das torres. Mas errou a hora. Não voltara como quem recomeça, mas sim como quem hiberna, como ave que antecipa o voo, como quem respira entre corridas, como se regeneram as estações do ano em busca de serem primavera. A partida era o horizonte. Mas hesitou. Deteve-se ainda. Magnânimo, ofereceu às torres o que elas não queriam receber. Ingrato, recusou das torres o que elas tinham para dar. Nada de nov é por causa do desajuste do que se oferece e do que se recebe que esmorecem as relações. Na dialéctica entre as torres e o homem, venceu a pedra, e então, o homem voltou a partir. Nada a fazer: há pedras que não se deixam polir e homens cujo polimento só os torna mais rudes. Porém, todas as muralhas têm portas e todos os homens têm coração, e assim, algures no futuro, o peão e a torre forjarão uma aliança.

 

 

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