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Os Estados todos Unidos: o de Graça, o da Nação, o Civil, o Social… e aquele a que isto chegou

Opinião  »  2010-12-30  »  Helder Simões

Antes de entrar neste século, eu, indivíduo proveniente do século antecessor, sempre acreditei que o século XXI proporcionaria prosperidade, paz e equilíbrio. Na minha adolescência, sempre julguei que, na sociedade do século XXI, debater assuntos como Direitos Humanos seria um acto meramente histórico, pois nesse futuro idílico, estariam de tal forma garantidos que, mencioná-los, seria apenas invocar a memória de uma nobre conquista da humanidade. Sempre pensei que, no despontar do século XXI, o acesso universalmente garantido à saúde ou à educação públicas, seriam direitos elementares, profundamente enraizados no seio das nossas modernas sociedades. Estava convicto de que, bem antes de 2010, o Estado teria resolvido as necessidades mais básicas dos seus cidadãos, por via da consolidação de um sistema de saúde avançado e humano e de uma educação de excelência. Acreditava que ao Homem do século XXI lhe caberia sobretudo o desfruto do progresso, o aperfeiçoamento da ciência e o fruir da arte. Optimista como só os jovens, acreditava que o futuro das nações seria um Estado de Graça.

Obviamente, era pouco perspicaz para supor que algo arruinaria esse futuro que era brilhante(como na música dos Xutos). Inocente, não adivinhava que alguma coisa impediria a caminhada rumo ao paraíso social. Certamente algum pau (mal) mandado terá encravado a engrenagem do progresso. A coisa correu mal, como prevê qualquer postulado de Murphy, lamentavelmente não considerado no momento apropriado. Assim, no despontar do século XXI, constato abismado que nada daquele Estado de Coisas que mencionei está garantido, e pior, parece cada vez mais longe de estar. Parece que a Graça do Estado da sociedade moderna se moveu um tudo nada para a direita e permitiu o encaixe do destruidor prefixo des. Resultado? É aquele que temos, o já que se sabe: a desgraça, o mau Estado da Nação, o Estado de Pânico, a Crise. No caso particular dos espanhóis, quase tão endividados como nosotros,depois do Estado Inconsolável em que os controladores aéreos deixaram as férias dos cidadãos, atingiu-se mesmo o Estado de Alarme, que é aquele em que uma classe profissional do Estado Civil se vê persuadida a passar ao Estado Militarizado, sob a ameaça de passar a um Estado Físico substancialmente menos denso.

Hoje, menos inocente, percebo facilmente como se atingiu o Estado Calamitoso das sociedades ditas desenvolvidas. O pau que deteve a engrenagem, não surgiu por acidente. A ruína do progresso não foi obra do acaso, nem um mero capricho divino, próprio de uma tragédia Grega, embora a realidade Grega seja trágica. Por falar em Gregos, o mal que destruiu o bem-estar e os sonhos das populações dos países desenvolvidos, há muito saíra da caixa de Pandora e tem um nome: ganância! Porém, durante muito tempo, a ganância esteve controlada, vigiada ou tinha pequenas dimensões. Por assim dizer, a ganância estava em Estado Letárgico. Acontece que as sociedades desenvolvidas, não são tão avançadas como se supunha, sobretudo no que respeita ao Estado Moral dos seus cidadãos e abrandaram o Estado de Vigília. Foram permitindo os avançozinhos da ganância, que é como quem diz, uma especulaçãozinha imobiliária aqui, o favorecimento de uns comparsas banqueiros acolá, hoje uma vivenda faustosa, amanhã um carrito de luxo. Mas o pior é que nem só de descuidos vive a ganância. Esta também necessita de amigos que a libertem dos constrangimentos morais. Assim, para dar asas à ganância, a melhor forma é fazer voar uma conta bancária para ilhas Caimão ou dar largas a um esquema Ponzi. Adquiridas as asas, a ganância lá foi esticando os seus tentáculos em redor da nossa sociedade até alcançar o de Estado de Sítio.

Nos últimos anos, temos assistimos à voracidade da ganância vezes sem conta, bem patentes nos casos Madoff, Armando Vara, BPN, AIG, BPP, Goldman Sachs, entre outros, com os resultados que todos sofremos na pele. É por isso que, neste tempo de crise, sempre que oiço alguém acusar o Estado Social de ser responsável pelo Estado de Falência das contas públicas, fico num Estado de Indignação quase visceral. Como se os exemplos supracitados, que resultaram em somas astronómicas pagas pelos contribuintes para acudirem aos buracos financeiros gerados por esses casos de ganância flagrante, não tivessem nada que ver com o Estado Ruinoso das finanças públicas! Que distinta lata! Todos sabemos que a nossa educação e o nosso SNS não gozam do melhor Estado de Saúde. É um facto que o Estado tem gerido mal os seus serviços, eventualmente fruto da mesma ganância que aqui e ali geram uma cunha ou salário mais escandaloso. Tudo isso é conhecido. Mas afirmar que a Educação ou o SNS públicos, de livre e universal acesso, devem ser destruídos simplesmente porque não são correctamente geridos, é o mesmo que dizer que o meu braço esquerdo, por ser menos capaz que o direito, merece ser decepado. Mais, se o Estado não servir para providenciar a todos os cidadãos Sistemas de Saúde, Educação, Segurança e Justiça, para que raio deverá servir? Nunca pensei citar Margaret Tatcher, mas parece-me adequad ”There is no such thing as public money, there is only tax payers money”. bem, eu, contribuinte de uma das mais elevadas cargas fiscais da Europa, dou um novo sentido a este discurso e exijo que o meu dinheiro seja investido na Educação, na Saúde, na Justiça, na Segurança, e até num rendimento mínimo de subsistência, se isso puder evitar um Estado Miserável de existência humana. O que não tolero é que os meus impostos sirvam para pagar salários faraónicos a assessores de subsecretários de estado, a directores não executivos de empresas públicas, ou para proporcionar chorudas pensões a ex-ministros das finanças incompetentes. O que não admito é que os meus impostos sirvam para atenuar as fraudes Madoff, BPN, BPP, AIG, ou de outro qualquer sinónimo de ganância, a verdadeira culpada do Estado a que Isto Chegou!

 

 

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