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A Aplicação

Opinião  »  2015-12-02  »  Helder Simões

Nos últimos anos tem-se verificado um avanço galopante da miopia em virtude da observação excessiva de écrans de computadores, telemóveis, etc. Na miopia verifica-se um crescimento excessivo do eixo antero-posterior do globo ocular, fazendo com que a incidência das imagens/luz se afaste do ponto pré-determinado ao nível da retina (a mácula). Isso gera dificuldade em obter imagens nítidas de objectos distantes. Em casos mais graves a doença leva a alterações estruturais profundas do olho, podendo até causar perda global da visão. Como se o olhar quisesse ver para além do que lhe ordenam: olhos que recusam a micro realidade digital e procuram um horizonte natural.

As longas horas de utilização destes aparelhos electrónicos estão também associadas a alterações posturais da coluna vertebral. Há um corpo que se curva e atrofia para que os olhos se possam focar inteiramente num écran, onde uma vida incorpórea se torna dominante. O corpo existe, podia ser ágil e livre, mas há uma selva electrónica que dele se apoderou. Poderia vencer as ondas do mar, mas foi forçado a navegar num oceano virtual.

Os progressos da ciência nos mais diversos campos têm sido espantosos. É hoje possível corrigir inúmeras anomalias naturais e outras tantas resultantes da actividade humana. Lamentavelmente, nem sempre a inteligência e o engenho humanos são utilizados da forma ideal. O paradigma mais evidente desta utilização perniciosa é o desenvolvimento de armamento. A tecnologia ao serviço da morte! O lado negro da força! Mas até um fabricante de armas pode ter uma consciência ética. Um míssil anti-míssil é um anjo. Um mina anti-pessoal é um demónio traiçoeiro.

É um paradoxo inquietante verificar que os recursos naturais do planeta se esgotam e que grande parte da população mundial vive em condições degradantes, justamente numa era em que o desenvolvimento tecnológico atingiu patamares inimagináveis, capazes de resolver problemas aparentemente irresolúveis. A questão do uso da tecnologia e do conhecimento científico está subjacente ao recente escândalo da falsificação dos sistemas de controlo das emissões gasosas automóveis pelo grupo Volkswagen. Não se trata apenas de alguém que aqui e ali desleixadamente ultrapassou os limites do estabelecido na lei. Trata-se de um esquema concebido pela altamente diferenciada elite da engenharia automóvel, sector que constitui o hardcore da economia alemã, com o objectivo de iludir um limite de emissões gasosas que essa mesma indústria se comprometeu aceitar. Pedia-se uma dimensão ética ao desenvolvimento tecnológico. Exige-se que o engenho humano seja orientado em prol de um futuro sustentável.

Embora suplante o tema do desenvolvimento tecnológico, não resisto a citar o poeta Sírio Adonis, a propósito dos atentados de 13 de Novembro em Paris e da barbárie que representam: “Temos carros e aviões, mas estamos na idade média.”

Esperar-se-ia que o milagre tecnológico libertasse o homem, mas em vez disso, e em muitos aspectos, a tecnologia tem conduzido ao seu aprisionamento. É por isso que, por estes dias, uma ETAR é a minha App favorita.

“Construiremos uma torre que atingirá as estrelas!» Tendo concebido Babel, mas incapazes de a construírem eles próprios, ordenaram a milhares que a construíssem por eles. E as mentes que planearam a torre de Babel, nada queriam saber dos construtores que a edificaram. Os louvores de poucos tornaram-se as maldições de muitos – BABEL! BABEL! – Entre a mente que planeia e mão que constrói deve haver um mediador, e este tem de ser o coração.” - Discurso da personagem Maria no filme Metrópolis de Fritz Lang, de 1927.

 

 

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