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Lições políticas: Tsipras e Le Pen

Opinião  »  2015-08-21  »  Jorge Carreira Maia

"E são os próprios cidadãos, que vituperam os políticos pelas suas acrobacias, que as reforçam, pois não há ninguém mais desprezível para o cidadão do que o político derrotado, o político destituído de poder."

A ideia popular, muito corrente nos dias de hoje, de que todos os políticos são iguais é falsa. Contudo, como a generalidade das ideias falsas, ela contém um fundo de verdade. É falso que todos os políticos sejam corruptos. É falso que todos os políticos sejam moralmente abjectos. É falso que todos os políticos sejam compulsivamente mentirosos. Então, perguntará o leitor, qual é fundo de verdade que existe na ideia de que todos eles são iguais? A resposta é menos misteriosa do que pode parecer: todos eles, como ensinou há muito Maquiavel, se movem pela conquista e manutenção do poder. Dois exemplos, mas que poderíamos universalizar sem medo de cometer a falácia da generalização precipitada.

Comecemos por um drama familiar. A Front National, o partido da direita radical francesa, expulsou ontem, 20 de Agosto, o seu fundador, Jean-Marie Le Pen. As motivações invocadas são irrelevantes. A única razão efectiva é que o velho Le Pen se tornou incómodo para a actual líder da organização. Com a actual liderança, a Front National aspira a ser mais do que um partido de contestação, aspira à vitória eleitoral e ao exercício do poder. O que pode parecer estranho é que a líder é Marine Le Pen, a filha do próprio Jean-Marie. Quando se trata de política o que conta é o poder. Os próprios laços familiares são um pormenor que será posto de lado se ameaçarem o único objectivo da acção dos políticos.

Passemos agora a uma tragédia grega. Também ontem, 20 de Agosto, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, demitiu-se do cargo para provocar eleições e ter oportunidade para consolidar o seu poder. Desde que assumiu funções, Alexis Tsipras, com surpreendente habilidade política, já disse e desdisse o seu programa eleitoral, já assinou acordos em que diz não acreditar, já votou ao lado da direita e contra os seus camaradas de partido. Assim como os laços familiares, também os laços ideológicos são insuficientes para conduzir a uma renúncia ao poder. Tsipras, que tem fortes possibilidades de ser reeleito, fez aquilo que, há muitos anos, o dr. Soares fez em Portugal: meteu o programa na gaveta.

Estes comportamentos não são especialmente censuráveis, desde que nós, cidadãos, não tenhamos ilusões sobre o que é a política. Se acharmos que através da política se vai realizar uma ordem moral do mundo superior (isto é, se julgarmos que através da política se realizarão os nossos desejos, sonhos e fantasias), então seremos continuamente decepcionados, e estaremos, sempre, a ver traições e traidores a toda a hora e em todo o lado. Se olharmos para aquilo que é efectivamente a política – a luta pela conquista e manutenção do poder – então tudo se torna compreensível. E são os próprios cidadãos, que vituperam os políticos pelas suas acrobacias, que as reforçam, pois não há ninguém mais desprezível para o cidadão do que o político derrotado, o político destituído de poder.

 

 

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