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Liberdade e responsabilidade

Opinião  »  2015-01-30  »  Carlos Ramos

Temos assistido, nas últimas semanas, a discussões acesas sobre liberdade e o direito de expressão. O tema da liberdade requer per si uma análise sobre o sentido da vida e a vivência da vida. Pensar a vida e o seu sentido obrigam-nos a colocar questões como a liberdade, verdade, responsabilidade, respeito pela diferença, etc. Mas também obrigam-nos a colocar questões como a inovação, recriação, arte, espiritualidade, opções, etc.

Santo Agostinho entende que a liberdade é a opção pelo bem; e que o livre arbítrio é o exercício da vontade e que esta pode conduzir o homem para o mal; deste modo, há que educar o homem para o bem, para que exerça corretamente o poder de escolher. A liberdade exige educação para o bem comum, para a verdade da felicidade da pessoa. Daqui concluiu-se que só existe liberdade na prática do bem universal.

Para Sartre, a liberdade está ligada ao poder de escolha incondicional que o homem faz do seu ser e de seu mundo. É como se estivéssemos condenados à liberdade. ”A existência precede a essência”. Vontade precede a liberdade. Sartre parte da existência para chegar a alguma coisa. A liberdade é um poder absolutamente incondicional e está ligado à vontade, sejam quais forem as circunstâncias.

Para Sartre, a liberdade está na vontade, essa vontade que faz com que o homem invente o próprio homem. O homem é o que projeta ser. Sendo assim, é possível defender, e Sartre assim o faz, que a liberdade está na vontade e é parte constituinte da consciência. Pensando dessa forma, haveria algum limite para o homem? Sim, pois a liberdade é situada. Mas é importante salientar que os limites dessa situação apresentam-se como ocasiões propícias à liberdade. Quando nos deparamos diante de situações as quais julgamos externas, mesmo esse pensamento é uma decisão livre, ou seja, decidimos encarar as coisas desta forma, a liberdade seria a conduta que abraçamos. Somos livres para alguma coisa. A liberdade é sempre liberdade para alguma coisa, e ”essa coisa” está na nossa decisão, e ”essa decisão” é a liberdade que nos faz a nós e ao nosso mundo serem como são. Embora defendendo que a minha liberdade não depende da liberdade do outro, Sartre mostra que se há um compromisso entre a minha liberdade e a liberdade do outro, não podemos tomar a nossa liberdade como fim se não considerarmos também como fim a liberdade dos outros. Portanto, a liberdade em Sartre deve ser entendida como um compromisso, ligado diretamente à vontade absoluta, e se manifesta em toda e qualquer ocasião.

Considerando as duas perspetivas, a liberdade é sempre situada na cultura e nas circunstâncias. O exercício da mesma exige um compromisso social pelo bem e no respeito pela liberdade do outro como um fim existencial. Daqui se concluí que nem tudo é possível dizer-se e fazer-se. A arte como criação acontece num espaço de liberdade que exige a ela própria a recriação do compromisso social na prática do bem. Podemos, assim, perguntar... arte da caricatura não terá ela limites? A reação não terá, também, limites? O que se passou em Paris não terá ultrapassados os limites, desde as caricaturas até aos terroristas? Em escala mais pequena... não existirá em nosso redor muito abuso de liberdade? A liberdade acontece num ambiente de responsabilidade social e de verdade; quando tal não acontece, talvez a liberdade esteja em si doente de conteúdo.

 

 

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