5. O Partido Republicano em Alcanena (1906)
Opinião » 2015-01-09 » Gabriel Feitor
Em Maio de 1906, é exonerado o governo regenerador que dá lugar a um governo, desta vez, fora do rotativism renegador-liberal, presidido por João Franco. As eleições de 19 de Agosto de 1906 dão vitória aos governamentais, aliança formada por regeneradores-liberais e progressistas. O PRP, consegue eleger 4 deputados pelo círculo de Lisboa: Afonso Costa, António José de Almeida, Alexandre Braga e João Meneses. A oposição republicana voltara novamente à vida parlamentar e rapidamente dava sinais disso. Em 20 Novembro de 1906, quando Afonso Costa discursa na Câmara dos Deputados sobre a questão dos «adiantamentos» à família real, após afirmar «por muito menos crimes do que os cometidos por D. Carlos I, rolou no cadafalso, em França, a cabeça de Luís XVI»1, é alvo da censura regimental e expulso da Câmara dos Deputados por um mês, juntamente com Alexandre Braga. Daqui até à ditadura de João Franco e à lei da imprensa, o tempo é veloz.
Local
1906 é o desabrochar dos resultados adquiridos no ano anterior. Se a influência republicana na freguesia começava a dominar a elite local, isso se deve à vinda de algumas personalidades com ligações ao PRP. Alcanena aliciava-os, por ser um meio favorável à propaganda. Médicos, advogados, notários, proprietários «duais» e, até mesmo, operários, unidos, sob a promessa do PRP: um concelho para Alcanena. No termo de Torres Novas, o Partido Progressista era comandando pelo comendador José Baptista Ramos de Deus2, natural de Alcanena3, e posteriormente por João Vieira Bual. O Partido Regenerador, em forma quase dinástica, por João Rodrigues de Deus, 1.º Visconde de São Gião, natural de Alcanena, e depois, pelo seu filho, José Alexandre Silveira de Serpa Rodrigues, 2.º Visconde de São Gião. O Regenerador-Liberal, por Rafael Pinto Lopes, este sem grande notoriedade em Alcanena. Por volta de 1904-1905, transfere residência para Alcanena o Dr. José Ferreira Viegas, médico, amigo de Afonso Costa. No final de 1905, fixa residência em Alcanena o Dr. Joaquim Albino da Silveira, advogado e notário, natural de Fogueira, Anadia. Amigo de Brito Camacho e de José Ferreira Viegas, vem para Alcanena substituir António Maria da Costa, antigo notário, falecido nesse ano. Segundo o Jornal Torrejano, é recebido com grande entusiasm «Fixou residência em Alcanena, Dr. Joaquim Albino da Silveira, que dentro em breve espera ser para ali transferido para exercer o cargo de notário. Foi festivamente aguardado pela banda alcanenense, queimando-se foguetes. O Sr. Dr. Silveira, acompanhado pelo seu amigo Sr. Barros, foi apresentado ao Sr. Dr. José Ferreira Viegas, havendo em casa desse clinico, jantar intimo após a affectuosa recepção.»4 (por razões de espaço, o artigo de 1906 continua no próximo número...)
?
1 MARQUES, A. H. Oliveira – Obras de Afonso Costa, Discursos Parlamentares, I, 1900-1910. Lisboa: Europa-América, 1973. p. 158-183.
2 Comendador da Ordem Militar da Conceição, em 10 de Junho de 1905. Cf. ANTT, Registo Geral de Mercês de D. Carlos I, liv. 23, fls.19.
3 Cf. Jornal Torrejano, n.º 1:076, 25 de Maio de 1905.
4 Jornal Torrejano, n.º 1:106, 21 de Dezembro de 1905.
5. O Partido Republicano em Alcanena (1906)
Opinião » 2015-01-09 » Gabriel FeitorEm Maio de 1906, é exonerado o governo regenerador que dá lugar a um governo, desta vez, fora do rotativism renegador-liberal, presidido por João Franco. As eleições de 19 de Agosto de 1906 dão vitória aos governamentais, aliança formada por regeneradores-liberais e progressistas. O PRP, consegue eleger 4 deputados pelo círculo de Lisboa: Afonso Costa, António José de Almeida, Alexandre Braga e João Meneses. A oposição republicana voltara novamente à vida parlamentar e rapidamente dava sinais disso. Em 20 Novembro de 1906, quando Afonso Costa discursa na Câmara dos Deputados sobre a questão dos «adiantamentos» à família real, após afirmar «por muito menos crimes do que os cometidos por D. Carlos I, rolou no cadafalso, em França, a cabeça de Luís XVI»1, é alvo da censura regimental e expulso da Câmara dos Deputados por um mês, juntamente com Alexandre Braga. Daqui até à ditadura de João Franco e à lei da imprensa, o tempo é veloz.
Local
1906 é o desabrochar dos resultados adquiridos no ano anterior. Se a influência republicana na freguesia começava a dominar a elite local, isso se deve à vinda de algumas personalidades com ligações ao PRP. Alcanena aliciava-os, por ser um meio favorável à propaganda. Médicos, advogados, notários, proprietários «duais» e, até mesmo, operários, unidos, sob a promessa do PRP: um concelho para Alcanena. No termo de Torres Novas, o Partido Progressista era comandando pelo comendador José Baptista Ramos de Deus2, natural de Alcanena3, e posteriormente por João Vieira Bual. O Partido Regenerador, em forma quase dinástica, por João Rodrigues de Deus, 1.º Visconde de São Gião, natural de Alcanena, e depois, pelo seu filho, José Alexandre Silveira de Serpa Rodrigues, 2.º Visconde de São Gião. O Regenerador-Liberal, por Rafael Pinto Lopes, este sem grande notoriedade em Alcanena. Por volta de 1904-1905, transfere residência para Alcanena o Dr. José Ferreira Viegas, médico, amigo de Afonso Costa. No final de 1905, fixa residência em Alcanena o Dr. Joaquim Albino da Silveira, advogado e notário, natural de Fogueira, Anadia. Amigo de Brito Camacho e de José Ferreira Viegas, vem para Alcanena substituir António Maria da Costa, antigo notário, falecido nesse ano. Segundo o Jornal Torrejano, é recebido com grande entusiasm «Fixou residência em Alcanena, Dr. Joaquim Albino da Silveira, que dentro em breve espera ser para ali transferido para exercer o cargo de notário. Foi festivamente aguardado pela banda alcanenense, queimando-se foguetes. O Sr. Dr. Silveira, acompanhado pelo seu amigo Sr. Barros, foi apresentado ao Sr. Dr. José Ferreira Viegas, havendo em casa desse clinico, jantar intimo após a affectuosa recepção.»4 (por razões de espaço, o artigo de 1906 continua no próximo número...)
?
1 MARQUES, A. H. Oliveira – Obras de Afonso Costa, Discursos Parlamentares, I, 1900-1910. Lisboa: Europa-América, 1973. p. 158-183.
2 Comendador da Ordem Militar da Conceição, em 10 de Junho de 1905. Cf. ANTT, Registo Geral de Mercês de D. Carlos I, liv. 23, fls.19.
3 Cf. Jornal Torrejano, n.º 1:076, 25 de Maio de 1905.
4 Jornal Torrejano, n.º 1:106, 21 de Dezembro de 1905.
O miúdo vai à frente » 2024-04-25 » Hélder Dias |
Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia » 2024-04-24 » Jorge Carreira Maia A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva. |
Caminho de Abril - maria augusta torcato » 2024-04-22 » Maria Augusta Torcato Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável. |
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
» 2024-04-22
» Maria Augusta Torcato
Caminho de Abril - maria augusta torcato |
» 2024-04-24
» Jorge Carreira Maia
Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia |
» 2024-04-25
» Hélder Dias
O miúdo vai à frente |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |