O vazio religioso
Opinião » 2014-09-05 » Jorge Carreira Maia
O século XXI será religioso ou não será. Apesar de André Malraux sempre ter negado a autoria desta frase, esta parece uma profecia concretizada. A questão religiosa, com a emergência do Islão como protagonista político global, tornou-se um elemento decisivo nas sociedades actuais. A religião é, desde que o homem é homem, omnipresente nas sociedades humanas. Mais, a religião é o foco central da estruturação das identidades colectivas e individuais, mesmo que isso seja incompreensível para muitos de nós. A questão central, tendo isto em conta, é que não há vazios religiosos por muito tempo. Se uma religião se retira, outra ou outras surgirão para ocupar o lugar vazio.
Este é o principal perigo que vive a Europa. Para além de possuir grandes comunidades imigrantes de fortes convicções religiosas – muçulmanas, principalmente – e de grande crescimento demográfico, os europeus subjectivaram a prática religiosa e, por isso, relativizaram-na. Isso permitiu estabelecer uma vida de tolerância interconfessional, mas, com o passar do tempo, implicou um grande vazio espiritual. Esse vazio, num primeiro tempo, foi ocultado pelas religiões políticas. A revivescência do paganismo com o fascismo e o nazismo e a inversão do cristianismo no socialismo e no comunismo foram ainda formas de manifestação do espírito religioso. Mortas as ideologias, ficou o vazio.
É neste vazio do cristianismo e dos seus valores que o Islão vê uma janela de oportunidade para a sua expansão no Ocidente. O crescimento de sociedades muito desiguais e a aniquilação das classes médias estão a criar condições para a formação de uma enorme massa de párias. É aqui, e na ausência de convicções cristãs fundas, que o Islão vê o enorme campo de recrutamento e de conversão dos infiéis.
Não esqueçamos três coisas. Em primeiro lugar, Bento XVI avisou que a Igreja se tornaria minoritária e perseguida. Depois, desespero, pobreza e ressentimento formam o melhor dos campos para a emergência de conversões religiosas em massa. Por fim, a história não se mede por anos ou décadas, e nunca tem fim. Em resumo, o grande problema do Ocidente não é a economia ou a política. O grande problema é o do vazio religios.
www.kyrieeleison-jcm.blogspot.com
O vazio religioso
Opinião » 2014-09-05 » Jorge Carreira MaiaO século XXI será religioso ou não será. Apesar de André Malraux sempre ter negado a autoria desta frase, esta parece uma profecia concretizada. A questão religiosa, com a emergência do Islão como protagonista político global, tornou-se um elemento decisivo nas sociedades actuais. A religião é, desde que o homem é homem, omnipresente nas sociedades humanas. Mais, a religião é o foco central da estruturação das identidades colectivas e individuais, mesmo que isso seja incompreensível para muitos de nós. A questão central, tendo isto em conta, é que não há vazios religiosos por muito tempo. Se uma religião se retira, outra ou outras surgirão para ocupar o lugar vazio.
Este é o principal perigo que vive a Europa. Para além de possuir grandes comunidades imigrantes de fortes convicções religiosas – muçulmanas, principalmente – e de grande crescimento demográfico, os europeus subjectivaram a prática religiosa e, por isso, relativizaram-na. Isso permitiu estabelecer uma vida de tolerância interconfessional, mas, com o passar do tempo, implicou um grande vazio espiritual. Esse vazio, num primeiro tempo, foi ocultado pelas religiões políticas. A revivescência do paganismo com o fascismo e o nazismo e a inversão do cristianismo no socialismo e no comunismo foram ainda formas de manifestação do espírito religioso. Mortas as ideologias, ficou o vazio.
É neste vazio do cristianismo e dos seus valores que o Islão vê uma janela de oportunidade para a sua expansão no Ocidente. O crescimento de sociedades muito desiguais e a aniquilação das classes médias estão a criar condições para a formação de uma enorme massa de párias. É aqui, e na ausência de convicções cristãs fundas, que o Islão vê o enorme campo de recrutamento e de conversão dos infiéis.
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O miúdo vai à frente » 2024-04-25 » Hélder Dias |
Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia » 2024-04-24 » Jorge Carreira Maia A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva. |
Caminho de Abril - maria augusta torcato » 2024-04-22 » Maria Augusta Torcato Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável. |
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
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