Síndroma da gravata
Como é usual, a manifestação era dirigida e enquadrada por elementos que - pelo que tenho observado ao longo de dezenas de anos - não desistem de aproveitar o mais que podem, o justo descontentamento de quem trabalha, com vista à sua promoção política. Que sentido tem fazer manifestações em frente da estação no Entroncamento? Está por acaso ali algum dos responsáveis pela situação a que aqueles e muitos outros trabalhadores da EMEF chegaram para lhes exigirem respostas e soluções para a amarga situação a que vão chegando? Que eu saiba, não.
Por isso, fazer manifestações naquele local, julgo que só interessa para fazer ou promover a ”notícia”. Parece pouco face aos problemas existentes. Creio aliás que a estratégia de ”fazer notícia”, ajudou a trazer-nos até á situação em que estamos. Como pertenço ao grupo de pessoas que se enganam e têm sido enganadas, posso estar também aqui em erro. Porém, creio ser elementar que para poderem ter algum fruto - mesmo que escasso - estes tipos de manifestação deveriam ser menos politizadas e feitas frente àqueles que foram e continuam a ser responsáveis pelo descalabro a que a EMEF - uma das mal geridas empresas fantasma da CP – chegou.
A situação resulta da cada vez mais dramática falta de competitividade, a que entre nós chegou o transporte ferroviário, no essencial fruto do desbragado esbanjamento de recursos, em desnecessárias, ruinosos e ás vezes até ridículas obras, contratos e iniciativas, além do custeamento duma estrutura hierárquica desmesuradamente pesada e com injustificadas e dispendiosas mordomias, onde alguns maduros engravatados, a troco do proverbial ”prato de lentilhas”, se prestaram e prestam, ao serviço de por todos os meios manter a tranquilidade e o ”status quo”, indispensáveis ao tranquilo usufruto dos iníquos privilégios de quem está mais acima. Andam de gravata e embora trabalhando numa empresa do sector ferroviário, como dispõem de automóvel, combustível e pagamento de portagens à custa de quem paga impostos, deslocam-se preferencialmente por estrada. E lá no topo desta pesadíssima hierarquia, chegou a haver (não sei se ainda há) quem utilizasse o avião para se deslocar entre Lisboa e o Porto. O que neste país ”ao fim e ao cabo”, apenas segue os péssimos exemplos de dispendiosa ostentação terceiro mundista, vindos das mais altas hierarquias do Estado.
No caso da EMEF, este tipo de personagens concentra-se na Amadora, com um digno representante no Entroncamento. Creio que é a essa gente que devem ser pedidas contas.
Permitam-me aqui a explicação sobre alguma aversão que criei em relação à gravata. Até finais da década de oitenta do século passado, eu mesmo usei este tipo de adorno com alguma frequência, sempre que me apetecia ou as circunstâncias o aconselhavam. Tenho o devido respeito pelas pessoas que por motivos profissionais a têm de utilizar no dia-a-dia, como é o caso de trabalhadores da banca, alguns comerciantes, delegados de propaganda médica, etc. Incluo naturalmente neste grupo, também muitos cidadãos que simplesmente a usam porque gostam e se habituaram a isso. Mas, para além das abundantes notícias que nos submergem, relativas a muitos bandidos engravatados que não param de sugar a sociedade portuguesa, aconteceu que um dia no gabinete dum director, estando com a minha bata oficinal naturalmente algo suja, perante uma piadinha que ali ouvi sobre as condições em que me apresentei, respondi que aquele era para mim o traje normal de um engenheiro. Ouvi de imediato que o traje do engenheiro
era a gravata. Embora isto tenha sido dito em tom de brincadeira, face a muita coisa que já observara e aprendera na vida, esta resposta fez sentido e a partir
desse momento, gravata só mesmo em raríssimas ocasiões muito especiais.
É que tal como a muitos agricultores foram dados subsídios para deixarem de cultivar a terra, a muitos engenheiros foram dadas ”gravatas”, para que deixassem de exercer a engenharia para a qual tinham obtido qualificações, promovendo-os em alguns casos, a gestores de ”meia-tijela”.
Síndroma da gravata
Como é usual, a manifestação era dirigida e enquadrada por elementos que - pelo que tenho observado ao longo de dezenas de anos - não desistem de aproveitar o mais que podem, o justo descontentamento de quem trabalha, com vista à sua promoção política. Que sentido tem fazer manifestações em frente da estação no Entroncamento? Está por acaso ali algum dos responsáveis pela situação a que aqueles e muitos outros trabalhadores da EMEF chegaram para lhes exigirem respostas e soluções para a amarga situação a que vão chegando? Que eu saiba, não.
Por isso, fazer manifestações naquele local, julgo que só interessa para fazer ou promover a ”notícia”. Parece pouco face aos problemas existentes. Creio aliás que a estratégia de ”fazer notícia”, ajudou a trazer-nos até á situação em que estamos. Como pertenço ao grupo de pessoas que se enganam e têm sido enganadas, posso estar também aqui em erro. Porém, creio ser elementar que para poderem ter algum fruto - mesmo que escasso - estes tipos de manifestação deveriam ser menos politizadas e feitas frente àqueles que foram e continuam a ser responsáveis pelo descalabro a que a EMEF - uma das mal geridas empresas fantasma da CP – chegou.
A situação resulta da cada vez mais dramática falta de competitividade, a que entre nós chegou o transporte ferroviário, no essencial fruto do desbragado esbanjamento de recursos, em desnecessárias, ruinosos e ás vezes até ridículas obras, contratos e iniciativas, além do custeamento duma estrutura hierárquica desmesuradamente pesada e com injustificadas e dispendiosas mordomias, onde alguns maduros engravatados, a troco do proverbial ”prato de lentilhas”, se prestaram e prestam, ao serviço de por todos os meios manter a tranquilidade e o ”status quo”, indispensáveis ao tranquilo usufruto dos iníquos privilégios de quem está mais acima. Andam de gravata e embora trabalhando numa empresa do sector ferroviário, como dispõem de automóvel, combustível e pagamento de portagens à custa de quem paga impostos, deslocam-se preferencialmente por estrada. E lá no topo desta pesadíssima hierarquia, chegou a haver (não sei se ainda há) quem utilizasse o avião para se deslocar entre Lisboa e o Porto. O que neste país ”ao fim e ao cabo”, apenas segue os péssimos exemplos de dispendiosa ostentação terceiro mundista, vindos das mais altas hierarquias do Estado.
No caso da EMEF, este tipo de personagens concentra-se na Amadora, com um digno representante no Entroncamento. Creio que é a essa gente que devem ser pedidas contas.
Permitam-me aqui a explicação sobre alguma aversão que criei em relação à gravata. Até finais da década de oitenta do século passado, eu mesmo usei este tipo de adorno com alguma frequência, sempre que me apetecia ou as circunstâncias o aconselhavam. Tenho o devido respeito pelas pessoas que por motivos profissionais a têm de utilizar no dia-a-dia, como é o caso de trabalhadores da banca, alguns comerciantes, delegados de propaganda médica, etc. Incluo naturalmente neste grupo, também muitos cidadãos que simplesmente a usam porque gostam e se habituaram a isso. Mas, para além das abundantes notícias que nos submergem, relativas a muitos bandidos engravatados que não param de sugar a sociedade portuguesa, aconteceu que um dia no gabinete dum director, estando com a minha bata oficinal naturalmente algo suja, perante uma piadinha que ali ouvi sobre as condições em que me apresentei, respondi que aquele era para mim o traje normal de um engenheiro. Ouvi de imediato que o traje do engenheiro
era a gravata. Embora isto tenha sido dito em tom de brincadeira, face a muita coisa que já observara e aprendera na vida, esta resposta fez sentido e a partir
desse momento, gravata só mesmo em raríssimas ocasiões muito especiais.
É que tal como a muitos agricultores foram dados subsídios para deixarem de cultivar a terra, a muitos engenheiros foram dadas ”gravatas”, para que deixassem de exercer a engenharia para a qual tinham obtido qualificações, promovendo-os em alguns casos, a gestores de ”meia-tijela”.
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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![]() Agora que nos estamos a aproximar, no calendário católico, da Páscoa, talvez valha a pena meditar nos versículos 36, 37 e 38, do Capítulo 18, do Evangelho de João. Depois de entregue a Pôncio Pilatos, Jesus respondeu à pergunta deste: Que fizeste? Dito de outro modo: de que és culpado? Ora, a resposta de Jesus é surpreendente: «O meu reino não é deste mundo. |