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Corações escondidos

Opinião  »  2008-09-11  »  Eduarda Gameiro

Nos inícios do séc. XVII, o estudo da anatomia ainda ia esbarrando no conflito entre a curiosidade dos jovens estudantes e as ideias clássicas que estavam em duro vigor. As antigas teorias de Galeno, com 15 séculos de existência, eram vistas como invioláveis, como uma segunda pele que recobre o corpo humano. Porém, William Harvey, um inglês que estudou em Pádua, sentiu bater o coração de uma maneira diferente da prevista, por debaixo de uma espessa camada de noções erradas, e foi o primeiro ocidental a descrever com precisão a circulação sistémica do sangue.

Hoje, na Palestina, observamos sintomas que certamente intrigariam Harvey: contracção de dedos, pressão sobre gatilhos, batimentos rítmicos de rajada de metralhadora e sangue a circular pelas ruas, em trajectos específicos.

Olhando o médio oriente, abrimos uma janela directa para contemplar o caos materializado na terra. A guerra é ensinada como um padrão cultural, uma tradição que existe porque sempre foi assim. E, sem o perceber, todo o inocente que sacrifica a sua pureza ao morrer por Deus esconde, nos seus gritos, os sussurros obscuros dos negócios das armas e do petróleo… Dos lucros de uma guerra.

No ocidente, cada morte alimenta o Deus Dólar e os seus sectários, que vão consumindo o mundo, escondidos atrás da santificação das guerras. A religião é como a pele que recobre o corpo. Representa um entrave ao conhecimento das causas que movem as doenças da humanidade. Mantêm-nos à superfície, a rezar pelas almas perdidas, e esconde-nos os interesses e os negócios obscuros que fazem com que as balas continuem a ser disparadas.

E, por cá, seguimos a nossa vida sem saber de nada. Falamos dos conflitos do médio oriente como se fosse uma doença que não compreendemos mas abominamos. Sentimos a presença de um coração doente, sujo, a bombear dólares do meio da palestina para o ocidente, mas que está bem escondido entre camadas daquelas preces exaltadas e daqueles gritos fervorosos que ecoam entre cada explosão ou rajada de metralhadora. Quantos mais inocentes vão ter de morrer ”em nome de Deus” até chegar um Harvey que mostre ao mundo esse coração enfermo? E quanto tempo mais será preciso para percebermos que o nosso coração está tão sujo como o deles?

piereluigi@gmail.com

 

 

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