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Naufrágios

Opinião  »  2008-08-28  »  Eduarda Gameiro

As epopeias marítimas da época dos Descobrimentos representavam o princípio renascentista de iluminar a escuridão do desconhecido com o fogo humano que Prometeu, segundo a lenda, roubou aos céus.

O mar, esse manto de aventuras que semearam sal no sangue do povo lusitano, constituía uma barreira tanto física como psicológica ao avanço da civilização sobre o globo. Uma viagem de barco, tão contra-natural, implicava imensos custos financeiros e humanos, estando também embrenhada na mística aventureira das lendas de monstros marítimos, obstáculos teoricamente inultrapassáveis, e de paraísos terrestres no fim da travessia, a digna recompensa dos valorosos Homens-Deus que assinavam a sangue os seus nomes nas tortuosas linhas do desconhecido.

Para os marinheiros, a ideia do naufrágio erguia-se, sob as suas várias formas, como um desafio ao qual só os mais dignos sobreviveriam. A morte dos que ousavam em vão tentar ultrapassar o inultrapassável era a purificação dos que venciam o mar, indispensável à aventura, quase como a catarse das tragédias gregas. Enfrentar o desconhecido tinha, de facto, um preço.

Actualmente, vivemos num mundo em que todos os mares já estão registados em mapas e em que todas as terras já foram percorridas. Já não existem monstros marinhos nem ilhas para-disíacas, e qualquer um de nós pode comprovar isso, pois andar de barco deixou de implicar entregar a vida ao julgamento aventureiro dos ventos e dos redemoinhos. Assim, na busca de um novo desconhecido que o desafie, o Homem de hoje escolhe partir à descoberta dos mares do lucro e do capitalismo, do petróleo e dos dólares, em que o barco de cada um tem de navegar mais longe, e em que quem ficar para trás sofre o pior dos destinos.

Em Madrid, naufragou um avião nessa água suja. 150 vidas morreram afogadas no prejuízo que seria cancelar uma viagem e reter um voo. Alguns inocentes foram sacrificados, tal como é necessário para se vencer esta corrida pelo dinheiro.

O lucro, tal como navegar, tem um preço. Antes de sujarmos as nossas mãos de dólares e petróleo temos de sujar a nossa alma e a dos outros com sangue, e, como bons seres humanos que somos, só nos costumamos aperceber disso demasiado tarde. Agora, a única coisa que podemos fazer é chorar a facilidade com que as almas do voo JK5022 da Spanair foram vendidas.

piereluigi@gmail.com

 

 

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