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O presidente Pedro - joão quaresma

Opinião  »  2023-04-11 

"“Assim vamos de polémica em polémica. Não importa que existam problemas de funcionamento do Município, que exista desorganização e descoordenação."

Não podemos afirmar que os factos recentemente conhecidos em Torres Novas tenham tido um efeito bomba. E não podemos porque, se bomba fosse, esta nunca era daquelas de rebentar com estrondo. Na verdade, há polémicas no nosso concelho, concretamente na vida política e autárquica, que todos nós – pelo menos aqueles que minimamente vão acompanhando aquilo que por aqui se vai passando – sabem existir, sabem acontecer e sabem ser o quotidiano.

Não falamos em concreto do inquérito crime recentemente conhecido. É muito mais, foram estas últimas diligências do Ministério Público e da Polícia Judiciária, que não visita o Município pela primeira vez, mas também os muitos problemas conhecidos na diligência e rapidez de tramitação processual no Departamento do Urbanismo, de umas chaminés que dizem, foram derrubadas, de um acidente de viação do vereador ainda pouco explicado, de um edifício que foi adquirido para instalar a Start Up de Torres Novas, que depois era para instalação de uma empresa que ninguém conhecia para voltar a ser a Start Up, de um quadro de pessoal cuja pirâmide se arrisca a ficar invertida de tantas chefias que vai tendo, entre muitos outros.

Ponto comum a todos eles, o nosso presidente da Câmara conhece a génese e a dinâmica de desenvolvimento de todos estes problemas, tem noção do seu impacto na opinião pública, mas evidencia uma resistência própria de quem está em funções há dezenas de anos, quer como vice-presidente, quer agora como presidente, aguardando pacientemente pelo fim do mandato, o que acontecerá lá para setembro ou outubro de 2025, não evidenciando assim, intenção de “beliscar” seja quem for com uma tomada de posição mais assertiva.

Questiono-me várias vezes: mas porque é o residente Pedro não age? Não tem noção da gravidade do que está a acontecer no Município? Será que anda apenas distraído, convicto de que as pessoas também o andam ou que acabarão por esquecer tudo isto? Cheguei mesmo ao cúmulo de me questionar: será que no fim de todos estes anos o presidente Pedro está com todos estes casos e casinhos a cometer o maior erro político dos seus sucessivos exercícios de poder? 

Concluo que não. O nosso presidente tem perfeita noção do que faz, independentemente de nós, a população, aquela que minimamente acompanha o que se passa, não perceber como é que se mantêm em funções vereadores que estão, pela ocorrência dos factos conhecidos, altamente diminuídos, ou dito de uma outra forma, para maior abrangência, adelgaçados nas suas funções, porquanto agora, ainda mais escortinadas.

Na verdade, o presidente Pedro olha à sua volta e não vê porque não seguir em frente. Sei, até por experiência própria pouco sucedida, que não é fácil ser oposição em Torres Novas. Se é verdade que os actores políticos têm nos media o suporte/veículo indispensável para chegarem aos eleitores, aos cidadãos, com as suas mensagens, as suas propostas, evidenciando o trabalho por si desenvolvido, não é menos verdade que os media e os jornalistas fazem dos actores políticos um campo preferencial de trabalho para criação de notícias. Mas, como todos sabemos, no nosso concelho a vida dos média não é fácil, porque as despesas são muitas e as receitas são poucas. E assim, o apoio institucional é sempre muito bem-vindo. E assim, a nossa realidade é aquela que conhecemos. Já não temos o jornal “O Almonda”, apesar de ter sido fortemente apoiado, um “Torrejano” e um “Riachense” que resistem quinzenalmente, uma Rádio muito dependente da pessoa que certamente mais dela gosta e uma revista “Entre Cidades”, cujo dote matrimonial foi generoso, mas cujos fins, objectivos e longevidade estão ainda por conhecer. Não é boa, convenhamos, a realidade da comunicação social do nosso concelho, alguma da qual de grande proximidade ao círculo do poder. O nosso presidente Pedro sabe disso.

Depois, é preciso muito tempo disponível para estudar os quarenta, cinquenta ou mais processos que vão a cada reunião de Câmara. Mesmo quando são dois ou três, são documentos de centenas de páginas e de intricada complexidade que mereciam no mínimo uma semana de estudo. Tal não acontece. E por vezes, até naquele processo mais simples, vem a “ratoeira”, aquela subtileza que no meio de tanto palavreado, se quer fazer passar despercebida. Até se poderiam realizar reuniões semanais aligeirando as ordens de trabalho e possibilitando um acompanhamento diferente dos processos, mas tal há muito que foi erradicado. Não vem de agora, vem dos tempos do outro presidente. E o presidente Pedro sabe disso.

Vislumbro o nosso presidente a olhar para o lado, reflectindo no treinador do Futebol Clube do Porto (Sérgio Conceição), pensando para si próprio – tenho feito milagres com esta minha equipa de segunda liga, sendo que na profundidade da sua reflexão, naquele conforto da maioria absoluta que combina o resultado do jogo à hora da refeição antes das reuniões, também não consegue encontrar também grandes sinais de oposição.

Um vereador, que termina a grande maioria das intervenções com a expressão – Tenho vergonha alheia, ou um – no meu tempo isto não acontecia e outro que, embora eleito em coligação exerce o seu mandato como se a coligação de uma sociedade unipessoal se tratasse.

Resultado, há reuniões de Câmara que por momentos nos fazem lembrar aquela série televisiva, que se chamava Contrainformação, do Canal 1 da RTP, onde os maxilares dos bonecos subiam e desciam rapidamente, emanando de si um conjunto de palavras, que embora não fossem um discurso propriamente dito, não deixava de ser ruído proferido para ter graça ou cair em graça, ou apenas e só porque os momentos exigiam que se dissesse alguma coisa. Com o devido respeito pelos vereadores da oposição, se um que devia estar no gozo do jubilado, passado todos estes anos quis voltar a vestir calções para ir à luta, o outro nunca os deixou de vestir. E o futuro e as próximas eleições autárquicas não auguram nada de novo. E o nosso presidente Pedro também sabe disso.

E, portanto, assim vamos de polémica em polémica. Não importa que existam problemas de funcionamento na organização do Município, que exista desorganização e descoordenação. Qual quê de pedir responsabilidades aos vereadores que, fora de horas têm um acidente de viação com uma viatura do Município, ou ao vereador do urbanismo que tão bem foi retratado pelo nosso Hélder Dias. Muito se passa no seu departamento, mas nada é com ele, é cego não vê.  Responsabilidade política? Nenhuma!

No fim de tudo isto, importante é mesmo manter a dinâmica das festas das colectividades, das aldeias do nosso concelho, sejam de aniversário, de sopas, seja do que for, evidentemente desde que registada numa bela foto para publicação nas redes sociais. Na verdade, a população fala, mas a caravana vai passando. E o presidente Pedro sabe que assim é e assim continuará a ser.

 

 

 

 

 

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