Dar - inês vidal
Opinião » 2023-06-03 » Inês Vidal"Dar Dar “Breve vai ser o dia em que iremos lamentar o fim daquilo que se fazia sem se pedir nada e troca."
Gostamos de ver as coisas a acontecer. Gostamos de cidades dinâmicas, hipóteses e oportunidades. Gostamos do poder de escolha e de ter a possibilidade de optar, seja pelo sim ou pelo não, por fazer ou ficar a ver. Gostamos, mas esperamos sempre que alguém o faça por nós. Salvo raras excepções.
Há uns dias fui ao Porto assistir à promessa de caminheiro do Corpo Nacional de Escutas do meu sobrinho. Uma cidade grande, cheia de oferta para todos, desde os mais pequenos aos mais graúdos.
Espantou-me ver a quantidade reduzida de crianças e jovens envolvidos na cerimónia. A oferta é muita e, segundo apurei, a pandemia veio afastar ainda mais as pessoas de tudo o que é vida lá fora. Admirei, no entanto, a insistência e a persistência de quem ainda dá o seu tempo aos outros, em não deixar que a pouca adesão se transforme em nenhuma e nas estratégias elencadas para dar a possibilidade àqueles jovens de continuarem a ser escuteiros, unindo-se a outros agrupamentos, para não deixar morrer aquilo em que acreditam.
Já esta semana estive à conversa com a comissão organizadora da Festa de Santo António, em Torres Novas. Temáticas à parte, tons houve que se assemelhavam ao que vi e ouvi na Invicta. Os voluntários são cada vez menos - um afastamento que já não é de hoje, mas que escalou com a pandemia, admitem também - e a organização do arraial está assente no trabalho de duas famílias que, desde sempre ligadas às tradições do bairro, teimam em não as deixar morrer.
Gostamos de ver as coisas acontecer, mas esquecemo-nos de que é preciso haver quem as faça, quem abdique do seu tempo para o dar aos outros. Contra mim falo. Não há ano que não vá comer uma sardinha às festas do bairro que me acolheu, mas o máximo que fiz por elas foi emprestar as minhas filhas às marchas que dão cor à zona alta da cidade nesses dias de festa. Nunca arregacei as mangas.
Estamos a deixar morrer o associativismo, as associações que vivem do trabalho voluntário, os bairros que crescem em torno delas. Falta-nos o tempo, mas também a vontade. Mas não me restam dúvidas de que breve vai ser o dia em que iremos lamentar o fim de todas estas actividades que eram feitas sem se pedir nada e troca.
Dar - inês vidal
Opinião » 2023-06-03 » Inês VidalDar Dar “Breve vai ser o dia em que iremos lamentar o fim daquilo que se fazia sem se pedir nada e troca.
Gostamos de ver as coisas a acontecer. Gostamos de cidades dinâmicas, hipóteses e oportunidades. Gostamos do poder de escolha e de ter a possibilidade de optar, seja pelo sim ou pelo não, por fazer ou ficar a ver. Gostamos, mas esperamos sempre que alguém o faça por nós. Salvo raras excepções.
Há uns dias fui ao Porto assistir à promessa de caminheiro do Corpo Nacional de Escutas do meu sobrinho. Uma cidade grande, cheia de oferta para todos, desde os mais pequenos aos mais graúdos.
Espantou-me ver a quantidade reduzida de crianças e jovens envolvidos na cerimónia. A oferta é muita e, segundo apurei, a pandemia veio afastar ainda mais as pessoas de tudo o que é vida lá fora. Admirei, no entanto, a insistência e a persistência de quem ainda dá o seu tempo aos outros, em não deixar que a pouca adesão se transforme em nenhuma e nas estratégias elencadas para dar a possibilidade àqueles jovens de continuarem a ser escuteiros, unindo-se a outros agrupamentos, para não deixar morrer aquilo em que acreditam.
Já esta semana estive à conversa com a comissão organizadora da Festa de Santo António, em Torres Novas. Temáticas à parte, tons houve que se assemelhavam ao que vi e ouvi na Invicta. Os voluntários são cada vez menos - um afastamento que já não é de hoje, mas que escalou com a pandemia, admitem também - e a organização do arraial está assente no trabalho de duas famílias que, desde sempre ligadas às tradições do bairro, teimam em não as deixar morrer.
Gostamos de ver as coisas acontecer, mas esquecemo-nos de que é preciso haver quem as faça, quem abdique do seu tempo para o dar aos outros. Contra mim falo. Não há ano que não vá comer uma sardinha às festas do bairro que me acolheu, mas o máximo que fiz por elas foi emprestar as minhas filhas às marchas que dão cor à zona alta da cidade nesses dias de festa. Nunca arregacei as mangas.
Estamos a deixar morrer o associativismo, as associações que vivem do trabalho voluntário, os bairros que crescem em torno delas. Falta-nos o tempo, mas também a vontade. Mas não me restam dúvidas de que breve vai ser o dia em que iremos lamentar o fim de todas estas actividades que eram feitas sem se pedir nada e troca.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
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