Os fraudulentos - acácio gouveia
"Hire a clown, get a circus" *
Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. Tem “soluções” (simples e apelativas) para tudo. Não respeita quaisquer normas. Garante, enfim, que é diferente de tudo o que já se viu. É frontal e não evita desrespeitar, insultar e ameaçar, mesmo (sobretudo!) aliados e amigos de longa data. De uma autoconfiança sem limites, não poupa elogios carregados de adjetivos a si mesmo e à suposta grandiosidade do seu projeto. Descarta a necessidade de fundamentar as acusações e insultos com que fustiga adversários, inimigos, aliados e amigos. Antipatiza com intelectuais e é xenófobo. Mas o povo gostou e votou.
Contudo ... contudo, passados 100 dias, o povo dá mostras, se não de arrependimento, pelo menos de desaprovação para com a aberração que legitimou ao votar Trump. Mas seria de esperar outra coisa? A actuação está em linha com o programa, só que os resultados, para já, são em tudo contrários ao prometido. A economia em declínio, a imagem internacional manchada por humilhações e falhanços grotescos. Todavia, nada do que está a acontecer é inopinado (excepto para os muitos americanos que votaram Trump!). Ex-colaboradores e figuras de relevo do Partido Republicano, demarcaram-se do extravagante candidato e avisaram os eleitores para os riscos, caso votassem em quem votaram. Agora, têm de se haver com um presidente autoritário (para não dizer abertamente fascista), apoiado no mais vergonhoso rebanho de acéfalos congressistas lambe-botas. Para agravar a situação, nomeou um governo de labregos e rufiões, cuja incompetência (excetuando o sinistro Marc Rubio) é assombrosa e inédita nos EUA.
É impossível esconder os insucessos do populismo de Trump: uma taxa de desaprovação a bater recordes; os colaboradores e congressistas republicanos apupados; o aparelho de estado em desagregação com o caos instalado nos serviços públicos; um ataque vergonhoso às academias com consequente perda de prestígio internacional; uma economia a dar sinais de contracção (em contraciclo à tendência da era Biden); insegurança entre as classes desfavorecidas, aliada à perda de confiança por parte da alta finança e agentes económicos; humilhações no plano externo (quem não se lembra da nega que os esquimós da Gronelândia impuseram ao vice Vance?); descrédito por parte de aliados e desprestígio generalizado.
A poucos dias de sermos chamados às urnas, o exemplo do radicalismo e consequente caos instalado nos EUA deveria fazer-nos meditar sobre as ilusões que os profetas das soluções radicais antissistema nos tentam vender e que muitos insistem em comprar.
* “Contrata um palhaço e tens o circo montado” – provérbio anglo-saxónico.
Os fraudulentos - acácio gouveia
"Hire a clown, get a circus" *
Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. Tem “soluções” (simples e apelativas) para tudo. Não respeita quaisquer normas. Garante, enfim, que é diferente de tudo o que já se viu. É frontal e não evita desrespeitar, insultar e ameaçar, mesmo (sobretudo!) aliados e amigos de longa data. De uma autoconfiança sem limites, não poupa elogios carregados de adjetivos a si mesmo e à suposta grandiosidade do seu projeto. Descarta a necessidade de fundamentar as acusações e insultos com que fustiga adversários, inimigos, aliados e amigos. Antipatiza com intelectuais e é xenófobo. Mas o povo gostou e votou.
Contudo ... contudo, passados 100 dias, o povo dá mostras, se não de arrependimento, pelo menos de desaprovação para com a aberração que legitimou ao votar Trump. Mas seria de esperar outra coisa? A actuação está em linha com o programa, só que os resultados, para já, são em tudo contrários ao prometido. A economia em declínio, a imagem internacional manchada por humilhações e falhanços grotescos. Todavia, nada do que está a acontecer é inopinado (excepto para os muitos americanos que votaram Trump!). Ex-colaboradores e figuras de relevo do Partido Republicano, demarcaram-se do extravagante candidato e avisaram os eleitores para os riscos, caso votassem em quem votaram. Agora, têm de se haver com um presidente autoritário (para não dizer abertamente fascista), apoiado no mais vergonhoso rebanho de acéfalos congressistas lambe-botas. Para agravar a situação, nomeou um governo de labregos e rufiões, cuja incompetência (excetuando o sinistro Marc Rubio) é assombrosa e inédita nos EUA.
É impossível esconder os insucessos do populismo de Trump: uma taxa de desaprovação a bater recordes; os colaboradores e congressistas republicanos apupados; o aparelho de estado em desagregação com o caos instalado nos serviços públicos; um ataque vergonhoso às academias com consequente perda de prestígio internacional; uma economia a dar sinais de contracção (em contraciclo à tendência da era Biden); insegurança entre as classes desfavorecidas, aliada à perda de confiança por parte da alta finança e agentes económicos; humilhações no plano externo (quem não se lembra da nega que os esquimós da Gronelândia impuseram ao vice Vance?); descrédito por parte de aliados e desprestígio generalizado.
A poucos dias de sermos chamados às urnas, o exemplo do radicalismo e consequente caos instalado nos EUA deveria fazer-nos meditar sobre as ilusões que os profetas das soluções radicais antissistema nos tentam vender e que muitos insistem em comprar.
* “Contrata um palhaço e tens o circo montado” – provérbio anglo-saxónico.
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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![]() Agora que nos estamos a aproximar, no calendário católico, da Páscoa, talvez valha a pena meditar nos versículos 36, 37 e 38, do Capítulo 18, do Evangelho de João. Depois de entregue a Pôncio Pilatos, Jesus respondeu à pergunta deste: Que fizeste? Dito de outro modo: de que és culpado? Ora, a resposta de Jesus é surpreendente: «O meu reino não é deste mundo. |