O pau da República - josé mota pereira
Na manhã outonal do 5 de Outubro de 2020, erguia-se majestoso no topo da praça o vigoroso mastro aguardando a bandeira republicana que deveria ter vindo. Vão longe os tempos da praça, que ainda antes ser deste dia de Outubro tinha o nome do último Bragança e recebia a visita do jovem rei dom Manuel, entre os aplausos da multidão que acenando ao ilustre lhe atirava "viva o rei dom manelinho que é tão bom e bonitinho" – pelo menos assim contou aos seus descendentes, mais palavra, menos palavra, uma antepassada minha que não conheci.
Pelos anos fora, a praça foi campo onde todos os grandes momentos cívicos do país se viviam. Foi sempre na praça que os torrejanos se encontraram nos momentos de alegria, de convívio, de comemoração. Hoje, neste 5 de Outubro, foi dia de silêncio na sua praça.
Ali perto hoje, promovem-se os frutos secos, riqueza antiga desta terra que chamando-se a si própria capital dos frutos secos, os foi deixando abandonar, sem promoção que se conheça além de uma feira que anualmente marca o ponto. Este ano, por via da crise sanitária, a feira fez-se mais pequena e foi situar-se paredes meias com as velhas ruas desabitadas e esquecidas de São Pedro, na entrada da Rua 1.º Dezembro, onde ironicamente uma velha muralha clama pelo restauro que não chega.
São retratos de hoje desta cidade que somos, carregada de memória, com saudades em excesso, pouco cuidado com o presente, de futuro mal pressentido
Na Praça do 5 de Outubro, hoje, a implantação da República há 110 anos foi ignorada e esquecida pelo poder autárquico. Talvez porque creia que não seja muito importante.
Apenas um pau de bandeira esquecida ao topo da praça nos parece querer lembrar a data. Um pau majestoso, sem bandeira, símbolo deste poder descuidado.
Mas, como qual pau de sebo dos jogos tradicionais, parece dizer-nos que por muito que alguns o trepem e alcancem o seu topo... virá sempre o momento em que virão por ele abaixo, deslizando em grande velocidade, ao melhor estilo republicano. Cá os esperamos.
Viva a República!
O pau da República - josé mota pereira
Na manhã outonal do 5 de Outubro de 2020, erguia-se majestoso no topo da praça o vigoroso mastro aguardando a bandeira republicana que deveria ter vindo. Vão longe os tempos da praça, que ainda antes ser deste dia de Outubro tinha o nome do último Bragança e recebia a visita do jovem rei dom Manuel, entre os aplausos da multidão que acenando ao ilustre lhe atirava "viva o rei dom manelinho que é tão bom e bonitinho" – pelo menos assim contou aos seus descendentes, mais palavra, menos palavra, uma antepassada minha que não conheci.
Pelos anos fora, a praça foi campo onde todos os grandes momentos cívicos do país se viviam. Foi sempre na praça que os torrejanos se encontraram nos momentos de alegria, de convívio, de comemoração. Hoje, neste 5 de Outubro, foi dia de silêncio na sua praça.
Ali perto hoje, promovem-se os frutos secos, riqueza antiga desta terra que chamando-se a si própria capital dos frutos secos, os foi deixando abandonar, sem promoção que se conheça além de uma feira que anualmente marca o ponto. Este ano, por via da crise sanitária, a feira fez-se mais pequena e foi situar-se paredes meias com as velhas ruas desabitadas e esquecidas de São Pedro, na entrada da Rua 1.º Dezembro, onde ironicamente uma velha muralha clama pelo restauro que não chega.
São retratos de hoje desta cidade que somos, carregada de memória, com saudades em excesso, pouco cuidado com o presente, de futuro mal pressentido
Na Praça do 5 de Outubro, hoje, a implantação da República há 110 anos foi ignorada e esquecida pelo poder autárquico. Talvez porque creia que não seja muito importante.
Apenas um pau de bandeira esquecida ao topo da praça nos parece querer lembrar a data. Um pau majestoso, sem bandeira, símbolo deste poder descuidado.
Mas, como qual pau de sebo dos jogos tradicionais, parece dizer-nos que por muito que alguns o trepem e alcancem o seu topo... virá sempre o momento em que virão por ele abaixo, deslizando em grande velocidade, ao melhor estilo republicano. Cá os esperamos.
Viva a República!
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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