O que aí vem - inês vidal
"“Depois do que vivemos nos últimos dois anos, já temos medo do que ainda possa estar para vir"
Passámos o ano, festejámos em família, vivemos mais uma vaga, fechámo-nos em casa, voltámos ao estudo em casa, às síncronas e assíncronas. Vacinámos Portugal. Com o bom tempo largámos as máscaras, acreditámos que o sol teria voltado a brilhar. Voltámos às praias e às salas de espectáculos, às mesas dos avós, aos jantares em família, voltámos aos amigos. Os hospitais, os lares e os centros de saúde abriram de novo as portas, pudemos visitar os nossos, ter consultas cara a cara como já não nos lembrávamos de existir. As doenças banais, que sempre conhecemos, voltaram a ter um lugar. Pudemos despedir-nos de quem nos partiu, os mais ousados voltaram aos beijos e aos abraços e nunca os recreios das escolas nos pareceram tão bonitos.
Elegemos um novo executivo municipal, assistimos à tomada de posse de Rodrigues como vereador de Pedro Ferreira e vimos a oposição perder a sua cor vermelha. O JT deu novo azul às suas páginas, enquanto arrancava para mais um ano de vida. Os Bombeiros Voluntários Torrejanos festejaram a entrada no 90.º aniversário e reiteraram o pedido de mais e maior apoio do município. De costas voltadas, não concordámos com os planos para o futuro, deixámos cair o governo e preparamos agora novas eleições legislativas. Com o Outono a fazer cair o que entretanto floriu, voltámos ao estado de calamidade, às máscaras e às regras, às limitações e aos cancelamentos e àquela sensação cada vez mais presente de que não há planos possíveis. Aprendemos a viver num constante condicional.
As nossas crianças vão à escola aos bochechos, enquanto brincam ao faz de conta com bonecos usando máscaras e testes à Covid-19. Democratizamos a testagem e depositamos agora a nossa esperança na vacinação dos mais novos, acreditando que será a solução para todos os nossos problemas. O Natal está de volta. Com ele as mesas em família. A maior diferença é que agora estaremos todos vacinados e testados. E ainda mais fartos e cansados.
Com o fim de mais um ano, sabemo-nos obrigados a saltar para um novo, a fazer planos de fundo, certos de que para o ano é que vai ser, que com tudo o que vamos fazer diferente, a nossa vida vai mudar para muito melhor. Mesmo que saibamos que vai ficar tudo igual e que as nossas grandes decisões de ano novo, só durarão até Fevereiro. E é exactamente disso que temos saudades: dos planos que fazíamos para mudar o nosso mundo, que tínhamos quase a certeza absoluta de que se manteria sempre igual. Temos saudades do sempre igual, daquela vida que sempre conhecemos.
Despedimo-nos de mais um ano, mas vamos contrariados. Não porque tenha sido um ano excepcional. Não foi. Mas depois do que vivemos nos últimos dois anos, já temos medo do que ainda possa estar para vir, do que não conhecemos, do que, dê por onde der, nunca mais será igual ao sempre o mesmo.
Quanto a nós, Jornal Torrejano, aqui continuaremos por mais um ano, cientes e conscientes de que venha o que vier, por mais diferente ou igual, o nosso papel continuará a ser primordial numa sociedade que se quer informada e democrática.
O que aí vem - inês vidal
“Depois do que vivemos nos últimos dois anos, já temos medo do que ainda possa estar para vir
Passámos o ano, festejámos em família, vivemos mais uma vaga, fechámo-nos em casa, voltámos ao estudo em casa, às síncronas e assíncronas. Vacinámos Portugal. Com o bom tempo largámos as máscaras, acreditámos que o sol teria voltado a brilhar. Voltámos às praias e às salas de espectáculos, às mesas dos avós, aos jantares em família, voltámos aos amigos. Os hospitais, os lares e os centros de saúde abriram de novo as portas, pudemos visitar os nossos, ter consultas cara a cara como já não nos lembrávamos de existir. As doenças banais, que sempre conhecemos, voltaram a ter um lugar. Pudemos despedir-nos de quem nos partiu, os mais ousados voltaram aos beijos e aos abraços e nunca os recreios das escolas nos pareceram tão bonitos.
Elegemos um novo executivo municipal, assistimos à tomada de posse de Rodrigues como vereador de Pedro Ferreira e vimos a oposição perder a sua cor vermelha. O JT deu novo azul às suas páginas, enquanto arrancava para mais um ano de vida. Os Bombeiros Voluntários Torrejanos festejaram a entrada no 90.º aniversário e reiteraram o pedido de mais e maior apoio do município. De costas voltadas, não concordámos com os planos para o futuro, deixámos cair o governo e preparamos agora novas eleições legislativas. Com o Outono a fazer cair o que entretanto floriu, voltámos ao estado de calamidade, às máscaras e às regras, às limitações e aos cancelamentos e àquela sensação cada vez mais presente de que não há planos possíveis. Aprendemos a viver num constante condicional.
As nossas crianças vão à escola aos bochechos, enquanto brincam ao faz de conta com bonecos usando máscaras e testes à Covid-19. Democratizamos a testagem e depositamos agora a nossa esperança na vacinação dos mais novos, acreditando que será a solução para todos os nossos problemas. O Natal está de volta. Com ele as mesas em família. A maior diferença é que agora estaremos todos vacinados e testados. E ainda mais fartos e cansados.
Com o fim de mais um ano, sabemo-nos obrigados a saltar para um novo, a fazer planos de fundo, certos de que para o ano é que vai ser, que com tudo o que vamos fazer diferente, a nossa vida vai mudar para muito melhor. Mesmo que saibamos que vai ficar tudo igual e que as nossas grandes decisões de ano novo, só durarão até Fevereiro. E é exactamente disso que temos saudades: dos planos que fazíamos para mudar o nosso mundo, que tínhamos quase a certeza absoluta de que se manteria sempre igual. Temos saudades do sempre igual, daquela vida que sempre conhecemos.
Despedimo-nos de mais um ano, mas vamos contrariados. Não porque tenha sido um ano excepcional. Não foi. Mas depois do que vivemos nos últimos dois anos, já temos medo do que ainda possa estar para vir, do que não conhecemos, do que, dê por onde der, nunca mais será igual ao sempre o mesmo.
Quanto a nós, Jornal Torrejano, aqui continuaremos por mais um ano, cientes e conscientes de que venha o que vier, por mais diferente ou igual, o nosso papel continuará a ser primordial numa sociedade que se quer informada e democrática.
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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