Três notas sobre o mês de Agosto - josé mota pereira
"“No cais de pesca, nunca faltava peixe a ninguém. Em tempos de todas as esperanças que se cumpriam, os pescadores repartiam entre si, e pelo povo que ali se dirigia, os frutos da faina. "
1.
“Primeiro dia de inverno”, assim ouvia ao avô de verão, mestre Zé Viola, velho pescador de Peniche, onde na sua pequena casa passávamos as férias de verão nos anos iniciais da existência.
Talvez ainda o escute hoje, gargalhada aberta e quase tão grande como o seu porte. Talvez ainda veja a D. Deolinda num canto da sala, de volta dos bilros, daquela dezena de pequenos pedaços de madeira cruzando-lhe velozes entre os dedos, com rumo certo, como se soubessem por algum mecanismo mágico o caminho onde as linhas se soltavam entre o molde e as centenas de alfinetes presos na almofada de bordar.
Eram longos os dias nesses agostos, junto à praia da torradeira (que hoje tem nome mais fino), escorregando pelas dunas (os medões) onde se construíam traineiras, que eram mais que traineiras, eram barcos dos pescadores, seus mesmo, organizados em cooperativas sem patrão, que os foram baptizando com os nomes das vitórias: era o " Rumo a Liberdade", era o " Rumo ao Socialismo", era o " Rumo à Vitória".
À noite, no cais de pesca, nunca faltava peixe a ninguém. Longe dos anos da fome, em tempos de todas as esperanças que se cumpriam, os pescadores repartiam entre si e pelo povo que ali se dirigia os frutos da faina nocturna.
O mestre Zé Viola, que de dia ainda ia às rochas caçar polvos para ajudar ao sustento da família, que incluía inúmeros netos, lá repetia ao meu pai os seus avisos: " senhor Manel, no mar nunca volte as costas ao mar".
Nesses dias de Agosto, às vezes recebíamos visitas de Torres Novas: os tios, os primos e outros amigos que recordo em particular como a Fernanda e o Arlindo Tavares. Então, no pátio da pequena casa da família Viola, assavam-se sardinhas sem contar.
Se o mar se encrespava, quando vinham as marés vivas de 15 de Agosto, a vaca (o alarme sonoro do farol) tocava e íamos em caminhada familiar, com alguns dos netos Viola da nossa idade (o Zé Manel da Isabel e o Nuno da Luísa e do Zeca) da papoa ao cabo Carvoeiro, provando as camarinhas, com regresso marcado pelo vila, até voltarmos a Peniche de cima.
Um de Agosto, primeiro dia de inverno? Como poderia ser, se a Primavera da vida nos despontava em felicidade?
2.
In
Três notas sobre o mês de Agosto - josé mota pereira
“No cais de pesca, nunca faltava peixe a ninguém. Em tempos de todas as esperanças que se cumpriam, os pescadores repartiam entre si, e pelo povo que ali se dirigia, os frutos da faina.
1.
“Primeiro dia de inverno”, assim ouvia ao avô de verão, mestre Zé Viola, velho pescador de Peniche, onde na sua pequena casa passávamos as férias de verão nos anos iniciais da existência.
Talvez ainda o escute hoje, gargalhada aberta e quase tão grande como o seu porte. Talvez ainda veja a D. Deolinda num canto da sala, de volta dos bilros, daquela dezena de pequenos pedaços de madeira cruzando-lhe velozes entre os dedos, com rumo certo, como se soubessem por algum mecanismo mágico o caminho onde as linhas se soltavam entre o molde e as centenas de alfinetes presos na almofada de bordar.
Eram longos os dias nesses agostos, junto à praia da torradeira (que hoje tem nome mais fino), escorregando pelas dunas (os medões) onde se construíam traineiras, que eram mais que traineiras, eram barcos dos pescadores, seus mesmo, organizados em cooperativas sem patrão, que os foram baptizando com os nomes das vitórias: era o " Rumo a Liberdade", era o " Rumo ao Socialismo", era o " Rumo à Vitória".
À noite, no cais de pesca, nunca faltava peixe a ninguém. Longe dos anos da fome, em tempos de todas as esperanças que se cumpriam, os pescadores repartiam entre si e pelo povo que ali se dirigia os frutos da faina nocturna.
O mestre Zé Viola, que de dia ainda ia às rochas caçar polvos para ajudar ao sustento da família, que incluía inúmeros netos, lá repetia ao meu pai os seus avisos: " senhor Manel, no mar nunca volte as costas ao mar".
Nesses dias de Agosto, às vezes recebíamos visitas de Torres Novas: os tios, os primos e outros amigos que recordo em particular como a Fernanda e o Arlindo Tavares. Então, no pátio da pequena casa da família Viola, assavam-se sardinhas sem contar.
Se o mar se encrespava, quando vinham as marés vivas de 15 de Agosto, a vaca (o alarme sonoro do farol) tocava e íamos em caminhada familiar, com alguns dos netos Viola da nossa idade (o Zé Manel da Isabel e o Nuno da Luísa e do Zeca) da papoa ao cabo Carvoeiro, provando as camarinhas, com regresso marcado pelo vila, até voltarmos a Peniche de cima.
Um de Agosto, primeiro dia de inverno? Como poderia ser, se a Primavera da vida nos despontava em felicidade?
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