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FUI À MANIF DA DIREITA E NÃO FOI BOM - josé mota pereira

Opinião  »  2021-02-05  »  José Mota Pereira

"Os filhos e os netos de Salazar descobriram nos programas da bola o protagonista tagarela que anima os descontentes e lhes alimenta o sonho Os filhos e os netos de Salazar descobriram nos programa"

Nasci em 1973 numa manhã de Outubro, poucas horas depois de ter “estado” numa sessão da Oposição Democrática realizada no Teatro Virgínia. Decorria uma farsa eleitoral organizada pelo regime fascista que poucos meses depois em Abril de 1974 seria derrubado. Envolvido numa família de esquerda politicamente activa, a minha participação desde a infância em manifestações e outros actos de intervenção políticas aconteceu de forma natural. Algo que naturalmente se foi desvanecendo. Até que adulto, já pelos trinta e pouco anos, fiz o regresso às manifestações ...e que regresso!

Por volta do ano de 2005, aproveitando os feriados de junho, rumei até Espanha, para passar alguns dias visitando a cidade de Salamanca. Na sua Plaza Mayor, numa tarde de sábado, enquanto provava umas tapas e bebia umas cervejas manhosas (as cervejas espanholas são todas manhosas, acreditem), fui sentindo a praça enchendo-se de pessoas que rapidamente percebi serem manifestantes. De quê e para quê, não o soube logo. Naturalmente ignorava completamente o que se estava a passar. Até que dei comigo, rodeado de dezenas, centenas, depois milhares manifestantes. Impossibilitado sequer de sair da praça, tal a dimensão da molde humana. A indumentária, os cartazes, as bandeiras não enganavam: tratava-se de uma manifestação da direita espanhola, promovida pelo Partido Popular, mas em cuja participação se viam igualmente muitas bandeiras de organizações extremistas, falangistas e neo-fascistas, sem qualquer pudor no uso da simbologia própria desses movimentos: os símbolos celtas, o facho e até bandeiras com a suástica. Os manifestantes eram um mix interessante onde se envolviam idosos empunhando fotografias de Franco com jovens skinheads. Faziam alegremente entre si, todos, sem pudor, de braços esticados, a má lembrada saudação nazi.

Misturei-me entre os populares para ir percebendo as razões da manifestação. Percebi que se tratava de um protesto contra a decisão do governo espanhol de transferir para Madrid o Arquivo Histórico da Guerra Civil, criado por Franco e guardado naquela cidade e devolver uma parte do seu acervo à Catalunha. Esse arquivo foi criado pelo “Generalissimo” quando tomou o poder, contendo informações sobre os republicanos espanhois. Um arquivo com documentos criado e usado apenas para perseguição aos opositores da ditadura. Em 2005, com a Espanha em plena democracia, o acesso e transferência, mais que legítimo, do governo central de Madrid, de um arquivo de vergonhosa existência, propriedade do governo regional, estava ali a ser contestado pela direita e ultra-direita espanholas, que consideravam tal transferência uma afronta ao ditador Franco. A alma franquista, pura e dura, estava ainda bem viva em Espanha.

A este português apanhado entre tapas, não restou outra opção do que fazer parte também da manifestação. Quem conhece a praça pode imaginar que não tive outra opção. Silenciado, curioso, contrariado, mas também perplexo. E receoso, sobretudo quando os milhares de manifestantes bateram largos minutos com os pés no chão gritando “Franco! Franco! Franco!”. Um som único a ecoar pela Praça. No céu, um helicóptero (da polícia?) sobrevoava a manifestação. A polícia de choque vigiando nas entradas da praça compunha o quadro de horror que presenciava. Uma qualquer faísca ali lançada incendiaria todo o ambiente que se pressentia de quase violência. No dia seguinte, os jornais anunciavam a presença de mais de cem mil pessoas na manifestação. A minha presença numa manifestação de direita é algo que não esquecerei. Nem as suas imagens, nem os seus sons.

Nunca mais soube notícias desse arquivo. Mas não deixei nunca de me espantar com a capacidade de mobilização dessa ultra-direita espanhola. Dos vellhinhos de ar bondoso clamando por Franco e insultando o primeiro ministro Zapatero. Muito, muito longe da realidade portuguesa. A revolução portuguesa de Abrll, ao contrário da chamada transição pacífica espanhola para a democracia, fez esse espantoso milagre de, a 26 de Abril, os fascistas lusitanos se terem reciclado da noite para o dia em bravos democratas de cravo na lapela. Ou não.

Em Espanha estes grupos sempre foram visíveis, nunca se esconderam e organizaram-se agora em torno do VOX. Em Portugal, a direita na sua forma mais extremista, nunca foi tão ostensiva. Quando se revelou, mostrou a sua faceta mais violenta e agiu na margem da lei, de forma criminosa por grupelho de skinheads, nomeadamente nos homicídios cobardes de José Carvalho e Alcindo Monteiro. Mas há muito que eles aqui andam procurando os caminhos da legalidade para retomarem o poder perdido pelos avós. Mais sóbrios que os seus companheiros espanhóis, os filhos e os netos do salazarismo há muito que se tentam organizar e nos últimos anos têm dado passos muito firmes e concretos. Vivemos tempos perigosos que não podemos ignorar. A ascensão do chega e o meio milhão de votos em  ventura (recuso-me ao uso de maiúsculas na identificação do sujeito) não nos podem fazer sossegar. Há um monstro pronto a crescer adubado num país que tem a sua referência cultural maior no Correio da Manhã.

Os filhos e os netos de Salazar descobriram nos programas da bola o protagonista tagarela que anima os descontentes e lhes alimenta o sonho. É o idiota útil ao seu serviço, para dar mecha ao lume com que esperam tomar o país. Trabalham na sua sombra, urdindo pacientemente a sua teia, promovendo-o, utilizando-o e manobrando-o. Esperam pelo dia em que o possam descartar, ao ventura e toda tralha que o rodeia, da decadente atriz vieira ao youtuber tilly, subsituíndo-o e colocando no governo do país um fascista mais higiénico, menos papagaio mas com certeza bem mais perigoso.

Não passarão! Não os engoliremos. Nem que venham acompanhados de tapas com cerveja espanhola.

 

 

 

  

 

 

 

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