O vinho de Almeirim e os “políticos de Lisboa” - joão carlos lopes
"O que mais custa é ver o Partido Socialista reduzido a esta cultura política"
Arreliado com a legislação que exige alguma contenção aos autarcas em funções, no que diz respeito à difusão de informação relacionada com obras, inaugurações e outras iniciativas durante o período eleitoral, o presidente da Câmara de Almeirim disse que a culpa é dos “políticos de Lisboa”, que fazem leis que só lançam confusão.
Vejamos o que quererá dizer o autarca com “políticos de Lisboa”. Suponhamos que se refere aos deputados de Lisboa, seja isso o que for, porque são os deputados que aprovam as leis. Os deputados são eleitos por distritos. O distrito de Lisboa, obedecendo à proporção dos eleitores do país, elege 47 deputados, 20% dos deputados do parlamento. Mas esses deputados, obedecendo também a uma lógica de distribuição geográfica da população, são oriundos de vários concelhos do distrito de Lisboa, de Vila Franca a Torres Vedras, de Alenquer à Amadora, gente com tanta legitimidade para “ter” deputados das suas terras, já agora, como Alpiarça ou Tomar, Barquinha ou Ourém. De Lisboa, deputados de Lisboa, portanto “políticos de Lisboa”, se for isto que ele quer dizer, serão quantos? Vinte, quinze? Dez por cento dos deputados, quinze por cento dos deputados eleitos no parlamento? E essa minoria de deputados, uma vintena, consegue fazer valer a sua vontade sobre 200 ou 210? Esses mais de 200 deputados são todos estúpidos, néscios e atrasados, aprovando contra a sua vontade leis que só lançam confusão?
Imaginemos que, não estando a falar dos deputados quando fala dos “políticos de Lisboa”, fala afinal do governo, que também aprova decretos-lei e outros normativos. O governo, acha Pedro Ribeiro, são os “políticos de Lisboa”? Não pode estar a referir-se a isso, certamente. O governo saiu de um parlamento decorrente de umas eleições nacionais em que o partido de Pedro Ribeiro foi o mais votado e por isso formou governo. Os governantes, na sua maioria, de ministros a secretários de estado, são maioritariamente do concelho de Lisboa, portanto “políticos de Lisboa”? Não são, obviamente, nunca o foram, nem sequer os primeiros-ministros do país, de Cavaco a Sócrates, de Passos Coelho a Sá Carneiro, de Pintasilgo a Mota Pinto…
Pedro Ribeiro refere-se a quê, afinal, quando culpa os “políticos de Lisboa”? A nada. Está simplesmente a sacudir a água do capote. Mas podia fazê-lo de modo decente? Podia, mas não o faz. Em vez disso, chama-nos estúpidos e faz uso do populismo rasca anti-Lisboa inaugurado pelo saudoso Jardim e secundado por Ventura e por todos os autarcas demagogos que alimentam este mito chamado “Lisboa”, “Terreiro do Paço” e agora “políticos de Lisboa” para desviar conversas e atirar areia para os olhos dos parvos, que somos todos nós, acham eles.
O que mais custa é ver o Partido Socialista reduzido a esta cultura política, que faz escola entre “militantes regionalistas”, autarcas à procura de tacho, dinheiro ou protagonismo, servindo-se de “Lisboa” para alimentar os seus devaneios e as suas alucinações.
Perante isto, só falta agora o presidente da Câmara de Almeirim vir dizer que não disse nada disto, nunca na vida falou nos “políticos de Lisboa” e que tudo não passou de manipulação das suas palavras por parte dos jornais.
À nossa saúde, bebamos um copo de vinho de Almeirim, que sempre é uma coisa que dá bom nome à terra.
O vinho de Almeirim e os “políticos de Lisboa” - joão carlos lopes
O que mais custa é ver o Partido Socialista reduzido a esta cultura política
Arreliado com a legislação que exige alguma contenção aos autarcas em funções, no que diz respeito à difusão de informação relacionada com obras, inaugurações e outras iniciativas durante o período eleitoral, o presidente da Câmara de Almeirim disse que a culpa é dos “políticos de Lisboa”, que fazem leis que só lançam confusão.
Vejamos o que quererá dizer o autarca com “políticos de Lisboa”. Suponhamos que se refere aos deputados de Lisboa, seja isso o que for, porque são os deputados que aprovam as leis. Os deputados são eleitos por distritos. O distrito de Lisboa, obedecendo à proporção dos eleitores do país, elege 47 deputados, 20% dos deputados do parlamento. Mas esses deputados, obedecendo também a uma lógica de distribuição geográfica da população, são oriundos de vários concelhos do distrito de Lisboa, de Vila Franca a Torres Vedras, de Alenquer à Amadora, gente com tanta legitimidade para “ter” deputados das suas terras, já agora, como Alpiarça ou Tomar, Barquinha ou Ourém. De Lisboa, deputados de Lisboa, portanto “políticos de Lisboa”, se for isto que ele quer dizer, serão quantos? Vinte, quinze? Dez por cento dos deputados, quinze por cento dos deputados eleitos no parlamento? E essa minoria de deputados, uma vintena, consegue fazer valer a sua vontade sobre 200 ou 210? Esses mais de 200 deputados são todos estúpidos, néscios e atrasados, aprovando contra a sua vontade leis que só lançam confusão?
Imaginemos que, não estando a falar dos deputados quando fala dos “políticos de Lisboa”, fala afinal do governo, que também aprova decretos-lei e outros normativos. O governo, acha Pedro Ribeiro, são os “políticos de Lisboa”? Não pode estar a referir-se a isso, certamente. O governo saiu de um parlamento decorrente de umas eleições nacionais em que o partido de Pedro Ribeiro foi o mais votado e por isso formou governo. Os governantes, na sua maioria, de ministros a secretários de estado, são maioritariamente do concelho de Lisboa, portanto “políticos de Lisboa”? Não são, obviamente, nunca o foram, nem sequer os primeiros-ministros do país, de Cavaco a Sócrates, de Passos Coelho a Sá Carneiro, de Pintasilgo a Mota Pinto…
Pedro Ribeiro refere-se a quê, afinal, quando culpa os “políticos de Lisboa”? A nada. Está simplesmente a sacudir a água do capote. Mas podia fazê-lo de modo decente? Podia, mas não o faz. Em vez disso, chama-nos estúpidos e faz uso do populismo rasca anti-Lisboa inaugurado pelo saudoso Jardim e secundado por Ventura e por todos os autarcas demagogos que alimentam este mito chamado “Lisboa”, “Terreiro do Paço” e agora “políticos de Lisboa” para desviar conversas e atirar areia para os olhos dos parvos, que somos todos nós, acham eles.
O que mais custa é ver o Partido Socialista reduzido a esta cultura política, que faz escola entre “militantes regionalistas”, autarcas à procura de tacho, dinheiro ou protagonismo, servindo-se de “Lisboa” para alimentar os seus devaneios e as suas alucinações.
Perante isto, só falta agora o presidente da Câmara de Almeirim vir dizer que não disse nada disto, nunca na vida falou nos “políticos de Lisboa” e que tudo não passou de manipulação das suas palavras por parte dos jornais.
À nossa saúde, bebamos um copo de vinho de Almeirim, que sempre é uma coisa que dá bom nome à terra.
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![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
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![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
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