Contentes e resilientes - jorge salgado simões
"Há uma parte do país que está, de facto, entregue a si própria."
O Governo apresentou na semana passada, em Bruxelas, os planos de Portugal para os fundos da União Europeia no combate à crise provocada pela pandemia, a famosa bazuca de 13 mil milhões de euros a fundo perdido, transformada em Plano de Recuperação e Resiliência.
A minha implicância com a palavra “resiliência” ficou para sempre definida numa das noites dos grandes incêndios de 2017. Entre a aflição das pessoas, que procuravam safar-se literalmente com o que tinham à mão, lembro-me da chegada dos governantes ao terreno e da maior confissão de fracasso do Estado Português dos últimos anos. Perante as televisões e já com algumas dezenas de mortes confirmadas, anunciavam que não havia nada a fazer e que as populações tinham de ser mais resilientes.
Atenção: o que diziam não era mentira, mas aquele era o último local e momento para o dizer e passados uns dias a própria ministra foi ser resiliente para outro lado, demitida pelas circunstâncias. Ficou a mensagem: há uma parte do país que está, de facto, entregue a si própria.
Analisando o destino a dar aos novos milhões europeus, há uma rubrica que sobressai na área da mobilidade sustentável: 1032 milhões de euros para a designada “Reforma do Ecossistema dos Transportes”. E como se fará esta reforma nacional? Afectando 936 milhões (91%) ao alargamento das redes de metro de Lisboa e Porto, com umas sobras para aquisição de frotas de transportes públicos com motorizações limpas, quem sabe até para autocarros da própria Carris municipal.
Só para que se perceba a dimensão do desequilíbrio aqui implícito, contrário a qualquer ideia de coesão territorial, veja-se que no mesmo plano há uma outra linha destinada ao aumento da capacidade da rede viária estruturante do país, para a qual são destinados uns fantásticos 109 milhões de euros.
É verdade que há no documento outras acções que vão caber a este país que vai resistindo fora das duas áreas metropolitanas, e há ainda outros planos e investimentos já anunciados para 2030 e por aí em diante. O que não há é nenhuma ideia capaz de provocar um novo reequilíbrio entre regiões do país. Nem vontade. Contentes e resilientes, não se preocupem que nós por cá nos aguentaremos.
Contentes e resilientes - jorge salgado simões
Há uma parte do país que está, de facto, entregue a si própria.
O Governo apresentou na semana passada, em Bruxelas, os planos de Portugal para os fundos da União Europeia no combate à crise provocada pela pandemia, a famosa bazuca de 13 mil milhões de euros a fundo perdido, transformada em Plano de Recuperação e Resiliência.
A minha implicância com a palavra “resiliência” ficou para sempre definida numa das noites dos grandes incêndios de 2017. Entre a aflição das pessoas, que procuravam safar-se literalmente com o que tinham à mão, lembro-me da chegada dos governantes ao terreno e da maior confissão de fracasso do Estado Português dos últimos anos. Perante as televisões e já com algumas dezenas de mortes confirmadas, anunciavam que não havia nada a fazer e que as populações tinham de ser mais resilientes.
Atenção: o que diziam não era mentira, mas aquele era o último local e momento para o dizer e passados uns dias a própria ministra foi ser resiliente para outro lado, demitida pelas circunstâncias. Ficou a mensagem: há uma parte do país que está, de facto, entregue a si própria.
Analisando o destino a dar aos novos milhões europeus, há uma rubrica que sobressai na área da mobilidade sustentável: 1032 milhões de euros para a designada “Reforma do Ecossistema dos Transportes”. E como se fará esta reforma nacional? Afectando 936 milhões (91%) ao alargamento das redes de metro de Lisboa e Porto, com umas sobras para aquisição de frotas de transportes públicos com motorizações limpas, quem sabe até para autocarros da própria Carris municipal.
Só para que se perceba a dimensão do desequilíbrio aqui implícito, contrário a qualquer ideia de coesão territorial, veja-se que no mesmo plano há uma outra linha destinada ao aumento da capacidade da rede viária estruturante do país, para a qual são destinados uns fantásticos 109 milhões de euros.
É verdade que há no documento outras acções que vão caber a este país que vai resistindo fora das duas áreas metropolitanas, e há ainda outros planos e investimentos já anunciados para 2030 e por aí em diante. O que não há é nenhuma ideia capaz de provocar um novo reequilíbrio entre regiões do país. Nem vontade. Contentes e resilientes, não se preocupem que nós por cá nos aguentaremos.
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![]() Num momento em que o sentimento generalizado sobre os chineses é de alguma desconfiança, preparo-me aqui para contrapor e dar uma oportunidade aos tipos. Eu sei que nos foram mandando com a peste bubónica, a gripe asiática, a gripe das aves, o corona vírus. |
![]() É muito bom viver em Torres Novas mas também se sente o peso de estar longe do que de verdadeiramente moderno se passa no mundo, enfim, nada de #Me Too, Je suis Charlie Hebdo, vetustas estátuas transformadas em anúncios da Benetton. |
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Recuemos no tempo. Entremos numa máquina do tempo e cliquemos no botão que nos leve até ao ano de 2001. Recordemos vagamente que em 2001: - Caíram as Torres Gémeas em Nova Yorque em 11 setembro. |
![]() Quando a internet surgiu e, posteriormente, com a emergência dos blogues e redes sociais pensou-se que a esfera pública tinha encontrado uma fonte de renovação. Mais pessoas poderiam trocar opiniões sobre os problemas que afectam a vida comum, sem estarem controladas pelos diversos poderes, contribuindo para uma crescente participação, racionalmente educada, nos assuntos públicos. |
![]() É e sempre foi uma questão de equilíbrio. Tudo. E todos o sabemos. O difícil é chegar lá, encontrá-lo, ter a racionalidade e o bom senso suficientes para o ter e para o ser. E para saber que o equilíbrio de hoje não é obrigatoriamente o de amanhã, muito menos o que era ontem. |
![]() Comemorou-se a 21 de Março o dia da floresta. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) resolveu assinalar a data disponibilizando 50.000 árvores gratuitamente à população. Quem as quisesse plantar, teria de se identificar, inscrever, levantar a árvore (até um máximo de dez árvores por pessoa) e, num prazo de 48 horas, declarar o local onde plantou documentando com fotos. |
![]() Hoje, como acontece diariamente, no caminho de casa até à escola, lá se deu o habitual encontro matinal entre mim e o Ananias, o meu amigo ardina. Trocámos algumas palavras, comprei o jornal e seguimos por caminhos opostos que nos levam à nossa missão do dia, o trabalho. |
![]() Durante décadas, todos os torrejanos ajudaram no que puderam o CRIT, uma obra social que granjeou a estima de todos os cidadãos e empresários, e foram muitos, que sempre disseram sim a todas e quaisquer formas de ajuda em prol da aventura iniciada em 1975. |