30 anos contra o silêncio - josé mota pereira
Opinião » 2024-09-23 » José Mota Pereira
Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. Se recuarmos na história aos tempos do romano Cardilio, aos tempos dos homens da gruta do Almonda, ou com mais ousadia viajarmos até ao tempo dos dinossauros que marcaram o nosso chão com as suas pegadas, estes 30 anos parecerão ainda mais um pequeno grão de areia na história deste lugar.
Sendo portanto relativo na sua importância para a História, este período de tempo que decorre de 1994 até hoje, não pode dispensar a importância da voz do “Jornal Torrejano”. Indiscutivelmente, o jornal é fonte desta pequena história que se há-de contar no futuro. Mas o “Jornal Torrejano” não foi apenas arauto, contista ou um narrador invisível. Integrado na realidade social, a sua acção foi também interventiva e participante (mesmo que involuntariamente) e esse papel não o desmerece, pelo contrário, dignifica-o e releva o seu papel. Das notícias, das reportagens, das entrevistas, dos espaços de opinião (e até das omissões) nasceram debates, interpelações e posicionamentos que marcam a vida política, económica, cultural, artística e desportiva de Torres Novas desde o final do século passado. Esta é uma evidência que poderia ser facilmente constatada se o “Jornal Torrejano” pudesse disponibilizar um arquivo para consulta on-line de todas as suas edições (ou pelo menos das capas) - e aqui fica a sugestão…
Diz-se da realidade em que vivemos que há uma crise do jornalismo decorrente de uma crise global que afecta todos os poderes organizados nas suas formas tradicionais: há uma crise dos partidos, dos sindicatos, das religiões, do associativismo e por aí fora. Neste tempo de mudança, as novas tecnologias e a inteligência artificial são alguns dos novos desafios colocados às estruturas de poder, como é o caso da comunicação social. Acresce que no caso concreto do “Jornal Torrejano” a sua subsistência ocorre num ambiente de profunda anemia social e colectiva. Torres Novas assiste desde o final do século XX a profundas alterações do seu tecido social. As novas urbanizações, a auto-estrada e as palmeiras das novas avenidas não disfarçam o que todos sabem: hoje produz-se menos na nossa terra; as indústrias praticamente desapareceram; o comércio está praticamente entregue aos impérios da distribuição; os jovens são cada vez menos e saindo daqui para estudar raramente regressam; o associativismo subsiste cada vez mais na dependência dos poderes públicos; as aldeias vão ficando vazias e na cidade a vida nas ruas desapareceu.
São com certeza de resistência estes tempos para o corpo editorial do jornal, assim como para a direcção da cooperativa que detém o título. A teimosa persistência da publicação do “Jornal Torrejano” merece, portanto, justa celebração do 30.° aniversário no ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril. Manter-se vivo, independente e plural, é a garantia de que em cada edição publicada do “Jornal Torrejano” há uma pedra a menos nos muros de silêncio, cumplicidade, orgulho e vaidade que alguns vão tentando erguer.
Parabéns, “Torrejano”.
30 anos contra o silêncio - josé mota pereira
Opinião » 2024-09-23 » José Mota PereiraNos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. Se recuarmos na história aos tempos do romano Cardilio, aos tempos dos homens da gruta do Almonda, ou com mais ousadia viajarmos até ao tempo dos dinossauros que marcaram o nosso chão com as suas pegadas, estes 30 anos parecerão ainda mais um pequeno grão de areia na história deste lugar.
Sendo portanto relativo na sua importância para a História, este período de tempo que decorre de 1994 até hoje, não pode dispensar a importância da voz do “Jornal Torrejano”. Indiscutivelmente, o jornal é fonte desta pequena história que se há-de contar no futuro. Mas o “Jornal Torrejano” não foi apenas arauto, contista ou um narrador invisível. Integrado na realidade social, a sua acção foi também interventiva e participante (mesmo que involuntariamente) e esse papel não o desmerece, pelo contrário, dignifica-o e releva o seu papel. Das notícias, das reportagens, das entrevistas, dos espaços de opinião (e até das omissões) nasceram debates, interpelações e posicionamentos que marcam a vida política, económica, cultural, artística e desportiva de Torres Novas desde o final do século passado. Esta é uma evidência que poderia ser facilmente constatada se o “Jornal Torrejano” pudesse disponibilizar um arquivo para consulta on-line de todas as suas edições (ou pelo menos das capas) - e aqui fica a sugestão…
Diz-se da realidade em que vivemos que há uma crise do jornalismo decorrente de uma crise global que afecta todos os poderes organizados nas suas formas tradicionais: há uma crise dos partidos, dos sindicatos, das religiões, do associativismo e por aí fora. Neste tempo de mudança, as novas tecnologias e a inteligência artificial são alguns dos novos desafios colocados às estruturas de poder, como é o caso da comunicação social. Acresce que no caso concreto do “Jornal Torrejano” a sua subsistência ocorre num ambiente de profunda anemia social e colectiva. Torres Novas assiste desde o final do século XX a profundas alterações do seu tecido social. As novas urbanizações, a auto-estrada e as palmeiras das novas avenidas não disfarçam o que todos sabem: hoje produz-se menos na nossa terra; as indústrias praticamente desapareceram; o comércio está praticamente entregue aos impérios da distribuição; os jovens são cada vez menos e saindo daqui para estudar raramente regressam; o associativismo subsiste cada vez mais na dependência dos poderes públicos; as aldeias vão ficando vazias e na cidade a vida nas ruas desapareceu.
São com certeza de resistência estes tempos para o corpo editorial do jornal, assim como para a direcção da cooperativa que detém o título. A teimosa persistência da publicação do “Jornal Torrejano” merece, portanto, justa celebração do 30.° aniversário no ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril. Manter-se vivo, independente e plural, é a garantia de que em cada edição publicada do “Jornal Torrejano” há uma pedra a menos nos muros de silêncio, cumplicidade, orgulho e vaidade que alguns vão tentando erguer.
Parabéns, “Torrejano”.
AINDA HÁ CALENDÁRIOS ? - josé mota pereira » 2024-12-31 » José Mota Pereira Nos últimos dias do ano veio a revelação da descoberta de mais um trilho de pegadas de dinossauros na Serra de Aire. Neste canto do mundo, outras vidas que aqui andaram, foram deixando involuntariamente o seu rasto e na viagem dos tempos chegaram-se a nós e o passado encontra-se com o presente. |
É um banco, talvez, feliz! - maria augusta torcato » 2024-11-14 » Maria Augusta Torcato É um banco, talvez, feliz! Era uma vez um banco. Não. É um banco e um banco, talvez, feliz! E não. Não é um banco dos que nos desassossegam pelo que nos custam e cobram, mas dos que nos permitem sossegar, descansar. |
Mérito e inveja - jorge carreira maia » 2024-11-14 » Jorge Carreira Maia O milagre – a eventual vitória de Kamala Harris nas eleições norte-americanas – esteve longe, muito longe, de acontecer. Os americanos escolheram em consciência e disseram claramente o que queriam. Não votaram enganados ou iludidos; escolheram o pior porque queriam o pior. |
O vómito » 2024-10-26 » Hélder Dias |
30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes » 2024-09-30 » João Carlos Lopes Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
Não tenho nada para dizer - carlos tomé » 2024-09-23 » Carlos Tomé Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
Três décadas a dar notícias - antónio gomes » 2024-09-23 » António Gomes Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido. |
Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos » 2024-09-23 » António Mário Santos Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade. Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local. |
Trente Glorieuses - carlos paiva » 2024-09-23 » Carlos Paiva Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal. |
» 2024-12-31
» José Mota Pereira
AINDA HÁ CALENDÁRIOS ? - josé mota pereira |