Houston, we have a problem - carlos paiva
"Conduzir de forma competente e eficaz esta ambulância não é de facto para totós"
Há mais de 50 anos, esta civilização, a nossa civilização, foi e veio à lua sem problemas de maior, num foguete cujo sistema de navegação assistido por “computador” tinha pouco mais de 72Kb de memória. Depois dessa, houve mais cinco viagens tripuladas e várias não tripuladas. Já somam tantas que se pode dizer que é “normal” os americanos irem à lua. Dizem os entendidos que o diferencial de desenvolvimento entre Portugal e EUA oscila entre 20 e 50 anos. A ser verdadeiro, por esta altura deveríamos estar em condições, tecnológicas pelo menos, de igualar a façanha de 1969. Mas não. Em 2020 e ciente da minha escala, não exijo ir à lua. Mas há mínimos, que raio.
Por uma impossibilidade qualquer que me escapa, o nosso nível tecnológico deslumbra com circulação em autoestradas com via verde, instituições paper free, células fotovoltaicas revolucionárias, transplante de órgãos, mas continuamos perfeitamente incapazes de nivelar tampas de esgoto com o pavimento. É um mistério. Olhando a coisa pela positiva, aparentemente somos mesmo bons a criar obstáculos. Uma habilidade nata que vem apimentar a vida quotidiana, porque isso do “normal” é para totós.
Se acham que estou a brincar, pensem um bocadinho e, por favor, indiquem-me o caminho mais curto entre a cidade e o hospital que a serve, sem lombas transversais. De um ponto aleatório na cidade, tipo… a escola Maria Lamas, por exemplo. Imaginem que um fulano se aleija e precisa de ser levado ao hospital. Imaginem que é um problema na coluna vertebral. Imaginem ainda, com grande esforço, que o hospital tem serviço de urgências. Conduzir de forma competente e eficaz esta ambulância não é de facto para totós. Em tempos fui transportado de casa para o hospital com uma cólica renal e não desejo a experiência a ninguém. Excepto ao idiota que cercou uma unidade hospitalar com lombas transversais. Não duvido que trouxe benefícios a alguém, à população, não.
Constata-se que o conceito de “normal” varia muito e, a maior parte das vezes, é difuso. Depende. Por exemplo, ter a judite a vasculhar a nossa casa, é normal. É tão normal que nem vale a pena mencionar o facto aos restantes familiares. A esposa vai casualmente à cozinha fazer um cafezinho e depara-se com… “Bom dia senhor inspector, como está a esposa? O Manelito sempre entrou para a universidade? Não? Isto é tudo padrinhos e cunhas, coitado do puto. Por acaso não mandou fazer umas lombas transversais na rua do reitor? Não? Ora aí está. Filhos da mãe corruptos. Essa gente merecia ser levada para a serra, fechá-los num curral e mandar a chave às urtigas”.
Numa terapia para aquisição de responsabilidade, é normal, atribuir inicialmente ao paciente responsabilidades simples, básicas, como cuidar de um ovo durante um período estipulado de tempo. O paciente deve andar rigorosamente sempre com ele e regressar na sessão seguinte com o ovo intacto. Mesmo com o pavimento com buracos, tampas de esgoto desniveladas e lombas transversais. Ao ter todos os cuidados para não o quebrar durante uns dias, o paciente aprende ser responsável por algo, preocupar-se com alguma coisa além de si próprio. Caso seja bem-sucedido, o passo seguinte é algo vivo. Cuidar de uma planta, não a deixar morrer. Nessa fase da terapia, cuidar de plantas, ficou sobejamente claro o empenho e desempenho do paciente. Regressem ao ovo.
Houston, we have a problem - carlos paiva
Conduzir de forma competente e eficaz esta ambulância não é de facto para totós
Há mais de 50 anos, esta civilização, a nossa civilização, foi e veio à lua sem problemas de maior, num foguete cujo sistema de navegação assistido por “computador” tinha pouco mais de 72Kb de memória. Depois dessa, houve mais cinco viagens tripuladas e várias não tripuladas. Já somam tantas que se pode dizer que é “normal” os americanos irem à lua. Dizem os entendidos que o diferencial de desenvolvimento entre Portugal e EUA oscila entre 20 e 50 anos. A ser verdadeiro, por esta altura deveríamos estar em condições, tecnológicas pelo menos, de igualar a façanha de 1969. Mas não. Em 2020 e ciente da minha escala, não exijo ir à lua. Mas há mínimos, que raio.
Por uma impossibilidade qualquer que me escapa, o nosso nível tecnológico deslumbra com circulação em autoestradas com via verde, instituições paper free, células fotovoltaicas revolucionárias, transplante de órgãos, mas continuamos perfeitamente incapazes de nivelar tampas de esgoto com o pavimento. É um mistério. Olhando a coisa pela positiva, aparentemente somos mesmo bons a criar obstáculos. Uma habilidade nata que vem apimentar a vida quotidiana, porque isso do “normal” é para totós.
Se acham que estou a brincar, pensem um bocadinho e, por favor, indiquem-me o caminho mais curto entre a cidade e o hospital que a serve, sem lombas transversais. De um ponto aleatório na cidade, tipo… a escola Maria Lamas, por exemplo. Imaginem que um fulano se aleija e precisa de ser levado ao hospital. Imaginem que é um problema na coluna vertebral. Imaginem ainda, com grande esforço, que o hospital tem serviço de urgências. Conduzir de forma competente e eficaz esta ambulância não é de facto para totós. Em tempos fui transportado de casa para o hospital com uma cólica renal e não desejo a experiência a ninguém. Excepto ao idiota que cercou uma unidade hospitalar com lombas transversais. Não duvido que trouxe benefícios a alguém, à população, não.
Constata-se que o conceito de “normal” varia muito e, a maior parte das vezes, é difuso. Depende. Por exemplo, ter a judite a vasculhar a nossa casa, é normal. É tão normal que nem vale a pena mencionar o facto aos restantes familiares. A esposa vai casualmente à cozinha fazer um cafezinho e depara-se com… “Bom dia senhor inspector, como está a esposa? O Manelito sempre entrou para a universidade? Não? Isto é tudo padrinhos e cunhas, coitado do puto. Por acaso não mandou fazer umas lombas transversais na rua do reitor? Não? Ora aí está. Filhos da mãe corruptos. Essa gente merecia ser levada para a serra, fechá-los num curral e mandar a chave às urtigas”.
Numa terapia para aquisição de responsabilidade, é normal, atribuir inicialmente ao paciente responsabilidades simples, básicas, como cuidar de um ovo durante um período estipulado de tempo. O paciente deve andar rigorosamente sempre com ele e regressar na sessão seguinte com o ovo intacto. Mesmo com o pavimento com buracos, tampas de esgoto desniveladas e lombas transversais. Ao ter todos os cuidados para não o quebrar durante uns dias, o paciente aprende ser responsável por algo, preocupar-se com alguma coisa além de si próprio. Caso seja bem-sucedido, o passo seguinte é algo vivo. Cuidar de uma planta, não a deixar morrer. Nessa fase da terapia, cuidar de plantas, ficou sobejamente claro o empenho e desempenho do paciente. Regressem ao ovo.
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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![]() Agora que nos estamos a aproximar, no calendário católico, da Páscoa, talvez valha a pena meditar nos versículos 36, 37 e 38, do Capítulo 18, do Evangelho de João. Depois de entregue a Pôncio Pilatos, Jesus respondeu à pergunta deste: Que fizeste? Dito de outro modo: de que és culpado? Ora, a resposta de Jesus é surpreendente: «O meu reino não é deste mundo. |