PÁSCOA - josé mota pereira
Um sobressalto. Sim, é um sobressalto a forma como aqueles nomes nos saltam para os olhos e as suas vidas, tão reais e tão concretas, nos interpelam na descrição dos seus processos na Inquisição e que descobrimos através do trabalho de investigação de António Mário Lopes dos Santos, agora editado em livro pelo Município de Torres Novas: “ Os judeus em Torres Novas - a repressão inquisitorial no concelho de Torres Novas (séc XVI-XVII).
Nele, por mérito do autor, deixamos a mera condição de leitores e passamos a ser testemunhas de uma época e ambiente de terror em que a delação, a perseguição, as torturas e as penas sofridas nos são descritas de forma tão inquietante como impressiva.
Não sei se a História serve para nos dar lições. Mas a publicação deste livro de António Mário convoca-nos para a necessidade e actualidade da existência de um pensamento humanista para a nossa sociedade, assente nos princípios da liberdade e da tolerância. Este livro de História, que o será sempre, supera-se dessa condição (que não é pequena) e projecta-se num Manifesto pela dignidade da condição humana. Os relatos dos terrores movidos pela justiça iníqua da Santa Inquisição, trazem-nos como contraponto e em reflexo a importância da defesa dos valores de uma sociedade plural com uma justiça verdadeiramente “justa”.
Não sei se o Município poderá ter agora alguma justificação para que as vítimas torrejanas da inquisição não sejam lembradas, nem que seja de forma singela. Este livro é com certeza um desafio ao Município e aos seus políticos para uma devida homenagem. Num município que tem “ monumentalizado” algumas vulgaridades e onde se gasta uma boa fatia do orçamento anual com uma Feira de Época de discutível interesse histórico, estas “memórias da história” tão reais e autênticas merecem fazer parte da vida da cidade do nosso tempo.
Aqueles homens e aquelas mulheres não podem ficar esquecidos outros quinhentos anos. Os seus nomes e a memória das suas vidas merecem ser lembrados. Se não podemos restituir-lhes a vida nem tudo o que perderam, podemos e devemos honrá-los, perpetuando-os na nossa memória colectiva. O livro de António Mário Lopes dos Santos é uma luz que se acende sobre as suas e as nossas vidas. Aqueles homens e aquelas mulheres renascem agora, como numa espécie de Páscoa, e passam a fazer parte da vida de quem percorre este livro que se lê simultaneamente com angústia e inexplicável fascínio. Deles, judeus ou não, passamos a ter o dever de honrar a sua memória para que sigam connosco pelos caminhos do futuro. E se nada mais nos for possível, escutemos, pelo menos, o seu eterno clamor de justiça.
PÁSCOA - josé mota pereira
Um sobressalto. Sim, é um sobressalto a forma como aqueles nomes nos saltam para os olhos e as suas vidas, tão reais e tão concretas, nos interpelam na descrição dos seus processos na Inquisição e que descobrimos através do trabalho de investigação de António Mário Lopes dos Santos, agora editado em livro pelo Município de Torres Novas: “ Os judeus em Torres Novas - a repressão inquisitorial no concelho de Torres Novas (séc XVI-XVII).
Nele, por mérito do autor, deixamos a mera condição de leitores e passamos a ser testemunhas de uma época e ambiente de terror em que a delação, a perseguição, as torturas e as penas sofridas nos são descritas de forma tão inquietante como impressiva.
Não sei se a História serve para nos dar lições. Mas a publicação deste livro de António Mário convoca-nos para a necessidade e actualidade da existência de um pensamento humanista para a nossa sociedade, assente nos princípios da liberdade e da tolerância. Este livro de História, que o será sempre, supera-se dessa condição (que não é pequena) e projecta-se num Manifesto pela dignidade da condição humana. Os relatos dos terrores movidos pela justiça iníqua da Santa Inquisição, trazem-nos como contraponto e em reflexo a importância da defesa dos valores de uma sociedade plural com uma justiça verdadeiramente “justa”.
Não sei se o Município poderá ter agora alguma justificação para que as vítimas torrejanas da inquisição não sejam lembradas, nem que seja de forma singela. Este livro é com certeza um desafio ao Município e aos seus políticos para uma devida homenagem. Num município que tem “ monumentalizado” algumas vulgaridades e onde se gasta uma boa fatia do orçamento anual com uma Feira de Época de discutível interesse histórico, estas “memórias da história” tão reais e autênticas merecem fazer parte da vida da cidade do nosso tempo.
Aqueles homens e aquelas mulheres não podem ficar esquecidos outros quinhentos anos. Os seus nomes e a memória das suas vidas merecem ser lembrados. Se não podemos restituir-lhes a vida nem tudo o que perderam, podemos e devemos honrá-los, perpetuando-os na nossa memória colectiva. O livro de António Mário Lopes dos Santos é uma luz que se acende sobre as suas e as nossas vidas. Aqueles homens e aquelas mulheres renascem agora, como numa espécie de Páscoa, e passam a fazer parte da vida de quem percorre este livro que se lê simultaneamente com angústia e inexplicável fascínio. Deles, judeus ou não, passamos a ter o dever de honrar a sua memória para que sigam connosco pelos caminhos do futuro. E se nada mais nos for possível, escutemos, pelo menos, o seu eterno clamor de justiça.
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
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![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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