PÁSCOA - josé mota pereira
Opinião » 2023-11-21 » José Mota Pereira
Um sobressalto. Sim, é um sobressalto a forma como aqueles nomes nos saltam para os olhos e as suas vidas, tão reais e tão concretas, nos interpelam na descrição dos seus processos na Inquisição e que descobrimos através do trabalho de investigação de António Mário Lopes dos Santos, agora editado em livro pelo Município de Torres Novas: “ Os judeus em Torres Novas - a repressão inquisitorial no concelho de Torres Novas (séc XVI-XVII).
Nele, por mérito do autor, deixamos a mera condição de leitores e passamos a ser testemunhas de uma época e ambiente de terror em que a delação, a perseguição, as torturas e as penas sofridas nos são descritas de forma tão inquietante como impressiva.
Não sei se a História serve para nos dar lições. Mas a publicação deste livro de António Mário convoca-nos para a necessidade e actualidade da existência de um pensamento humanista para a nossa sociedade, assente nos princípios da liberdade e da tolerância. Este livro de História, que o será sempre, supera-se dessa condição (que não é pequena) e projecta-se num Manifesto pela dignidade da condição humana. Os relatos dos terrores movidos pela justiça iníqua da Santa Inquisição, trazem-nos como contraponto e em reflexo a importância da defesa dos valores de uma sociedade plural com uma justiça verdadeiramente “justa”.
Não sei se o Município poderá ter agora alguma justificação para que as vítimas torrejanas da inquisição não sejam lembradas, nem que seja de forma singela. Este livro é com certeza um desafio ao Município e aos seus políticos para uma devida homenagem. Num município que tem “ monumentalizado” algumas vulgaridades e onde se gasta uma boa fatia do orçamento anual com uma Feira de Época de discutível interesse histórico, estas “memórias da história” tão reais e autênticas merecem fazer parte da vida da cidade do nosso tempo.
Aqueles homens e aquelas mulheres não podem ficar esquecidos outros quinhentos anos. Os seus nomes e a memória das suas vidas merecem ser lembrados. Se não podemos restituir-lhes a vida nem tudo o que perderam, podemos e devemos honrá-los, perpetuando-os na nossa memória colectiva. O livro de António Mário Lopes dos Santos é uma luz que se acende sobre as suas e as nossas vidas. Aqueles homens e aquelas mulheres renascem agora, como numa espécie de Páscoa, e passam a fazer parte da vida de quem percorre este livro que se lê simultaneamente com angústia e inexplicável fascínio. Deles, judeus ou não, passamos a ter o dever de honrar a sua memória para que sigam connosco pelos caminhos do futuro. E se nada mais nos for possível, escutemos, pelo menos, o seu eterno clamor de justiça.
PÁSCOA - josé mota pereira
Opinião » 2023-11-21 » José Mota PereiraUm sobressalto. Sim, é um sobressalto a forma como aqueles nomes nos saltam para os olhos e as suas vidas, tão reais e tão concretas, nos interpelam na descrição dos seus processos na Inquisição e que descobrimos através do trabalho de investigação de António Mário Lopes dos Santos, agora editado em livro pelo Município de Torres Novas: “ Os judeus em Torres Novas - a repressão inquisitorial no concelho de Torres Novas (séc XVI-XVII).
Nele, por mérito do autor, deixamos a mera condição de leitores e passamos a ser testemunhas de uma época e ambiente de terror em que a delação, a perseguição, as torturas e as penas sofridas nos são descritas de forma tão inquietante como impressiva.
Não sei se a História serve para nos dar lições. Mas a publicação deste livro de António Mário convoca-nos para a necessidade e actualidade da existência de um pensamento humanista para a nossa sociedade, assente nos princípios da liberdade e da tolerância. Este livro de História, que o será sempre, supera-se dessa condição (que não é pequena) e projecta-se num Manifesto pela dignidade da condição humana. Os relatos dos terrores movidos pela justiça iníqua da Santa Inquisição, trazem-nos como contraponto e em reflexo a importância da defesa dos valores de uma sociedade plural com uma justiça verdadeiramente “justa”.
Não sei se o Município poderá ter agora alguma justificação para que as vítimas torrejanas da inquisição não sejam lembradas, nem que seja de forma singela. Este livro é com certeza um desafio ao Município e aos seus políticos para uma devida homenagem. Num município que tem “ monumentalizado” algumas vulgaridades e onde se gasta uma boa fatia do orçamento anual com uma Feira de Época de discutível interesse histórico, estas “memórias da história” tão reais e autênticas merecem fazer parte da vida da cidade do nosso tempo.
Aqueles homens e aquelas mulheres não podem ficar esquecidos outros quinhentos anos. Os seus nomes e a memória das suas vidas merecem ser lembrados. Se não podemos restituir-lhes a vida nem tudo o que perderam, podemos e devemos honrá-los, perpetuando-os na nossa memória colectiva. O livro de António Mário Lopes dos Santos é uma luz que se acende sobre as suas e as nossas vidas. Aqueles homens e aquelas mulheres renascem agora, como numa espécie de Páscoa, e passam a fazer parte da vida de quem percorre este livro que se lê simultaneamente com angústia e inexplicável fascínio. Deles, judeus ou não, passamos a ter o dever de honrar a sua memória para que sigam connosco pelos caminhos do futuro. E se nada mais nos for possível, escutemos, pelo menos, o seu eterno clamor de justiça.
30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes » 2024-09-30 » João Carlos Lopes Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
Não tenho nada para dizer - carlos tomé » 2024-09-23 » Carlos Tomé Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
Três décadas a dar notícias - antónio gomes » 2024-09-23 » António Gomes Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido. |
Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos » 2024-09-23 » António Mário Santos Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade. Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local. |
Trente Glorieuses - carlos paiva » 2024-09-23 » Carlos Paiva Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal. |
30 anos contra o silêncio - josé mota pereira » 2024-09-23 » José Mota Pereira Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. |
A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia » 2024-09-23 » Jorge Carreira Maia Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. |
Falta poesia nos corações (ditos) humanos » 2024-09-19 » Maria Augusta Torcato No passado mês de agosto revisitei a peça de teatro de Bertolt Brecht “Mãe coragem”. O espaço em que a mesma foi representada é extraordinário, as ruínas do Convento do Carmo. A peça anterior a que tinha assistido naquele espaço, “As troianas”, também me havia suscitado a reflexão sobre o modo como as situações humanas se vão repetindo ao longo dos tempos. |
Ministro ou líder do CDS? » 2024-09-17 » Hélder Dias |
Olivença... » 2024-09-17 » Hélder Dias |
» 2024-09-09
» Hélder Dias
Bandidos... |
» 2024-09-19
» Maria Augusta Torcato
Falta poesia nos corações (ditos) humanos |
» 2024-09-17
» Hélder Dias
Ministro ou líder do CDS? |
» 2024-09-17
» Hélder Dias
Olivença... |
» 2024-09-13
» Hélder Dias
Cat burguer... |