• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Quarta, 24 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Sáb.
 17° / 9°
Períodos nublados com chuva fraca
Sex.
 19° / 11°
Céu nublado com chuva fraca
Qui.
 19° / 11°
Céu nublado
Torres Novas
Hoje  24° / 10°
Períodos nublados
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Dois mitos do desenvolvimento em Torres Novas - josé mota pereira

Opinião  »  2020-06-18  »  José Mota Pereira

O mito do emprego da “porta norte”

Nos últimos anos, a partir do posicionamento entre a A1 e a A23 que a estratégia(?) de desenvolvimento da economia e do emprego tem sido quase em exclusivo a instalação de bases logísticas das cadeias de distribuição/hipermercados. De facto, hoje quase todas as principais cadeias têm aqui instaladas bases de distribuição logística rodoviária. Tal facto é celebrado de forma insistente como um sinal de dinamismo e desenvolvimento. Não seria grave se toda a estratégia de captação de emprego e de empresas não se baseasse nesta monocultura assente no que foi chamado a “porta norte” de Lisboa.

Fraca visão e fraco futuro para Torres Novas! Se ficarmos presos em 2020 a este modelo de progresso baseado em emprego de mão de obra pouco qualificada e em tecnologia de “empilhador-camião“ estaremos a cometer um grave erro.

A logística têm trazido emprego? Tem.

Mas quem pode acreditar que este modelo actual de distribuição vai durar mais dez ou até cinco anos?

A crescente procura de alternativas ambientalmente mais sustentáveis ao transporte rodoviário de mercadorias; a previsível crescente introdução da robótica nos armazéns diminuindo a mão de obra necessária; a introdução de novas tecnologias de gestão de stocks em rede on-line em que cada loja da cadeia reporta directamente ao fornecedor; a introdução de veículos auto-transportados; o desenvolvimento das tecnologias de impressão 3D e da Internet das Coisas; a valorização da produção local, cada vez mais pronta a dar respostas locais, diminuindo a necessidade de instalar grandes armazéns; constituem, entre outras, tendências sérias e consistentes na área da distribuição logística com reflexos nos seus níveis de empregabilidade, nas suas dimensões físicas e até na sua existência.

Acresce a tudo isto, o estado de pandemia em que vivemos, cujas consequências nas pequenas empresas que ainda por cá vão sobrevivendo poderão vir a ser devastadoras.
E que respostas municipais se vão vendo? Nada ou quase nada.

Apenas um optimismo mal amanhado com o pleno emprego que as bases de distribuição têm oferecido, sem que se vislumbre uma preocupação com a defesa das restantes empresas que existem, nem se vislumbrando qualquer estratégia na captação de novas empresas e de novos empregos que vá para além deste modelo em fase de esgotamento.
Se ficarmos agarrados a isto, desconfio que o concelho de Torres Novas ainda vai ficar entalado na tal “Porta Norte”.

O mito do ensino superior
Ouve-se e lê-se muitas vezes que em Torres Novas falta ensino superior (que até já cá esteve) e que essa lacuna tem comprometido o futuro do concelho.
Sucede que aqui, e reportando apenas ao nível da oferta pública, temos a menos de 30 km os Politécnicos de Santarém e de Tomar com os seus pólos de Abrantes e Rio Maior. Um pouco mais longe, mas ainda assim aqui tão perto, temos o Politécnico de Leiria. E, obviamente, temos todas as imensas e diversas ofertas universitárias que Lisboa e Coimbra oferecem a menos de uma hora daqui. Já para não falarmos de Évora, Setúbal, Castelo Branco e Aveiro, que completam uma espécie de segundo círculo.

Associar algum problema de desenvolvimento local à falta de ensino superior é ignorar esta realidade. Nem os jovens torrejanos têm falta de oferta formativa nem me parece que em Torres Novas se pudesse oferecer actualmente alternativas credíveis de ensino a estas instituições.
Para mais há que assumir: uma universidade não é uma paróquia.

Pessoalmente, acho até muito bem que os jovens torrejanos vão estudar para fora da sua rua e do seu bairro. Que partam e vão pelo país, pela Europa e pelo Mundo!
Que aproveitem as possibilidades que hoje existem de estudarem noutros países, conhecendo outras culturas e alargando horizontes.
A nossa tarefa é incentivá-los a irem.

A nossa exigência é criarmos condições para regressem e nos tragam o Mundo e partilhem connosco tudo quanto viveram na sua vida académica. Esse sim, é o nosso desafio. Não nos podemos continuar a dar ao luxo de ver partir os nossos jovens sem lhes oferecermos a oportunidade de regressarem e aqui construírem a sua vida com todos os benefícios para a comunidade.

Para isso, é preciso investir a sério em emprego, na sustentabilidade ambiental, na cultura (e não apenas numa política de realização eventos culturais), na habitação e no desenvolvimento integral do território, da cidade às freguesias rurais, promovendo o seu povoamento e a sua revitalização.
Enfim, dar as boas vindas aqueles que podem construir um outro futuro para a nossa terra.

 

 

 Outras notícias - Opinião


Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia »  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia

A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva.
(ler mais...)


Caminho de Abril - maria augusta torcato »  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato

Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável.
(ler mais...)


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato Caminho de Abril - maria augusta torcato
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia
»  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia