DAR VOZ AO TRABALHO - josé mota pereira
Entrados na terceira década do século XXI, o Mundo dos humanos permanece o lugar povoado das injustiças, da desigualdade e do domínio de uns sobre os outros. Não é a mudança dos calendários que nos muda a vida. Afinal é simples, não nos basta mudar o calendário.
O ano de 2021 apresentou-se-nos envergonhado com os povos recolhidos pela biologia de uma pandemia e a pagarem os efeitos desta economia do medo que nos rege onde os fortes são cada vez mais fortes e os fracos cada vez mais fracos. Estamos longe, bem longe, da terra do leite e do mel.
A desigualdade apresenta-se, nestes dias de Janeiro de 2021, em todas as suas dimensões e espalha-se globalmente pelo planeta. A pobreza mais miserável (onde tudo falta) do mundo dito subdesenvolvido junta-se à nossa sociedade dita desenvolvida onde se permitem as desigualdades assentes no género, na “raça, nas etnias, religiosas e nas opções da sexualidade. Na base de todas elas assentam, ainda e sempre, as desigualdades sociais determinadas pelas relações de trabalho do modo de produção capitalista. Assentam, não por hierarquia, mas por sustentação estrutural.
O desemprego é o gerador natural do exército crescente de mão de obra global quase escravizada, disponível para trabalhar mais por menos. Também não se podem ignorar questões essenciais como a valorização, educação e qualificação profissional; as questões decorrentes da evolução tecnológica e da automatização; as questões da produtividade e do valor económico do trabalho; as questões da política de rendimentos e distribuição da riqueza; as questões da precariedade, organização, métodos e segurança laborais. Nem ignorar a importância dos tempos de lazer e descanso. Todas estas questões são geralmente alvo de desvalorização no debate público, fogem muitas vezes aos holofotes mediáticos e são encaradas como coisas do passado, bafientas e próprias de um mundo que já não existe.
Na semântica, os termos são alterados e os conceitos de trabalhador e empregador são substituídos pelas expressões actualizadas de colaborador e empreendedor – note-se, no entanto, que na substância o upgrade nada altera, ao ponto de muitas vezes o próprio empreendedor não passar, em muitos casos, de um trabalhador sujeito às mesmas regras de dependência económica e subordinação jurídica perante outrém definidoras da relação de trabalho. Todas estas questões são basilares e são determinantes na existência de todas as outras desigualdades sociais. Será possível analisar, por exemplo, o fenómeno do racismo e da discriminação racial ignorando as causas socio-económicas derivadas das relações de trabalho que estão na sua origem?
Neste contexto, as novas relações de trabalho tendem a ser cada vez mais individualizadas, fragilizando a força reivindicativa dos trabalhadores, e todas as formas colectivas de organização dos trabalhadores são mal-vistas, combatidas e encaradas como coisas arcaicas, desincentivando-se publicamente e sem qualquer pudor, a sua participação e necessária renovação pelos trabalhadores aos novos tempos.
Mais do que nunca, valorizar o trabalho e os trabalhadores constitui um imperativo social e político de quem pugna contra as desigualdades e por um mundo alternativo ao capitalismo. A exploração dos seres humanos e da natureza não é uma inevitabilidade histórica. Garantirmos a defesa das causas comuns da Esquerda como a liberdade, a democracia, a paz , a habitação, a saúde e a educação universais, sem discriminações, exige que coloquemos a defesa do mundo do Trabalho como uma questão central do nosso tempo.
No final deste mês de Janeiro, em Portugal, votaremos para a Presidência da República. Não são eleições menores, pelo contrário. Enquanto o PS se demitiu das suas responsabilidades, a direita portuguesa está a aproveitar estas eleições para se reorganizar em torno do seu candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS. Uma reorganização que visa, além de reconquistar o poder executivo, retomar o programa neo-liberal de destruição do Estado Social e a quem nunca faltará, na hora certa, o apoio e o suporte da venturosa organização filofascista.
Temos, do outro lado do espectro, várias opções e todas elas trazem boas razões e oportunidades de manifestar uma posição alternativa de esquerda para o futuro de Portugal. Não faltemos à sua chamada, porque em democracia não há vencedores antecipados. O momento é sério, tomemos disso consciência.
Pelas razões que expus atrás, vou pela esquerda, apoiando e votando no candidato que de forma mais viva, clara e incisiva, traz para a Presidência da República a valorização do trabalho e dos trabalhadores portugueses, em nome de todos os valores de Abril, defendendo na prática os valores progressistas consagrados na Constituição da República Portuguesa.
DAR VOZ AO TRABALHO - josé mota pereira
Entrados na terceira década do século XXI, o Mundo dos humanos permanece o lugar povoado das injustiças, da desigualdade e do domínio de uns sobre os outros. Não é a mudança dos calendários que nos muda a vida. Afinal é simples, não nos basta mudar o calendário.
O ano de 2021 apresentou-se-nos envergonhado com os povos recolhidos pela biologia de uma pandemia e a pagarem os efeitos desta economia do medo que nos rege onde os fortes são cada vez mais fortes e os fracos cada vez mais fracos. Estamos longe, bem longe, da terra do leite e do mel.
A desigualdade apresenta-se, nestes dias de Janeiro de 2021, em todas as suas dimensões e espalha-se globalmente pelo planeta. A pobreza mais miserável (onde tudo falta) do mundo dito subdesenvolvido junta-se à nossa sociedade dita desenvolvida onde se permitem as desigualdades assentes no género, na “raça, nas etnias, religiosas e nas opções da sexualidade. Na base de todas elas assentam, ainda e sempre, as desigualdades sociais determinadas pelas relações de trabalho do modo de produção capitalista. Assentam, não por hierarquia, mas por sustentação estrutural.
O desemprego é o gerador natural do exército crescente de mão de obra global quase escravizada, disponível para trabalhar mais por menos. Também não se podem ignorar questões essenciais como a valorização, educação e qualificação profissional; as questões decorrentes da evolução tecnológica e da automatização; as questões da produtividade e do valor económico do trabalho; as questões da política de rendimentos e distribuição da riqueza; as questões da precariedade, organização, métodos e segurança laborais. Nem ignorar a importância dos tempos de lazer e descanso. Todas estas questões são geralmente alvo de desvalorização no debate público, fogem muitas vezes aos holofotes mediáticos e são encaradas como coisas do passado, bafientas e próprias de um mundo que já não existe.
Na semântica, os termos são alterados e os conceitos de trabalhador e empregador são substituídos pelas expressões actualizadas de colaborador e empreendedor – note-se, no entanto, que na substância o upgrade nada altera, ao ponto de muitas vezes o próprio empreendedor não passar, em muitos casos, de um trabalhador sujeito às mesmas regras de dependência económica e subordinação jurídica perante outrém definidoras da relação de trabalho. Todas estas questões são basilares e são determinantes na existência de todas as outras desigualdades sociais. Será possível analisar, por exemplo, o fenómeno do racismo e da discriminação racial ignorando as causas socio-económicas derivadas das relações de trabalho que estão na sua origem?
Neste contexto, as novas relações de trabalho tendem a ser cada vez mais individualizadas, fragilizando a força reivindicativa dos trabalhadores, e todas as formas colectivas de organização dos trabalhadores são mal-vistas, combatidas e encaradas como coisas arcaicas, desincentivando-se publicamente e sem qualquer pudor, a sua participação e necessária renovação pelos trabalhadores aos novos tempos.
Mais do que nunca, valorizar o trabalho e os trabalhadores constitui um imperativo social e político de quem pugna contra as desigualdades e por um mundo alternativo ao capitalismo. A exploração dos seres humanos e da natureza não é uma inevitabilidade histórica. Garantirmos a defesa das causas comuns da Esquerda como a liberdade, a democracia, a paz , a habitação, a saúde e a educação universais, sem discriminações, exige que coloquemos a defesa do mundo do Trabalho como uma questão central do nosso tempo.
No final deste mês de Janeiro, em Portugal, votaremos para a Presidência da República. Não são eleições menores, pelo contrário. Enquanto o PS se demitiu das suas responsabilidades, a direita portuguesa está a aproveitar estas eleições para se reorganizar em torno do seu candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS. Uma reorganização que visa, além de reconquistar o poder executivo, retomar o programa neo-liberal de destruição do Estado Social e a quem nunca faltará, na hora certa, o apoio e o suporte da venturosa organização filofascista.
Temos, do outro lado do espectro, várias opções e todas elas trazem boas razões e oportunidades de manifestar uma posição alternativa de esquerda para o futuro de Portugal. Não faltemos à sua chamada, porque em democracia não há vencedores antecipados. O momento é sério, tomemos disso consciência.
Pelas razões que expus atrás, vou pela esquerda, apoiando e votando no candidato que de forma mais viva, clara e incisiva, traz para a Presidência da República a valorização do trabalho e dos trabalhadores portugueses, em nome de todos os valores de Abril, defendendo na prática os valores progressistas consagrados na Constituição da República Portuguesa.
![]() Foi paradigmático o facto de, aquando da confirmação (pela enésima vez) da intenção do Governo em avançar com o TGV Lisboa/Porto, as únicas críticas, reparos ou protestos de autarcas da região terem tido por base a habitual choraminga do “também queremos o comboio ao pé da porta”. |
![]() Há uns meses, em circunstâncias que não vêm ao caso, tive o prazer de privar com José Luís Peixoto e a sua mulher, Patrícia Pinto. Foram dias muito agradáveis em que fiquei a conhecer um pouco da pessoa que está por trás do escritor. |
![]() Podemos dizer que um jogo de futebol sem público ou vida sem música é como um jardim sem flores. Não que um jardim sem flores deixe de ser um jardim. Acontece que, como no jogo de futebol, fica melhor se as tiver. Já se for uma sopa de feijão com couves que não tenha couves, a comparação com o jardim sem flores não funciona, pela singela razão de que uma sopa de feijão com couves que não tenha couves, sendo ainda sopa, sopa de feijão com couves não é de certeza. |
![]() A sondagem da Aximage, para o DN/JN/TSF, referente ao mês de Dezembro, dá ao CDS uns miseráveis 0,3%. Os partidos também morrem e o CDS está moribundo. Teve um importante papel na transição à democracia e, também, na vida democrática institucionalizada. |
![]() A arte pode dividir-se em dois grandes grupos. A arte comercial e a arte não comercial. A não comercial, por se reger pela criatividade, originalidade, inovação, profundidade, talento e virtuosismo, acaba por ser a produtora de matéria-prima para a arte comercial, regida essa pelas leis de mercado. |
![]() O sector dos resíduos sólidos urbanos esteve recentemente na agenda mediática devido à revolta das populações que vivem perto dos aterros onde são depositados, pois assistem à constante degradação da sua qualidade de vida. |
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O nosso maior desejo era fechar a porta a 2020 e abrir, com toda a esperança, a janela a 2021. E assim foi. Com música, alegria, festarola e fogo de artifício, tudo com peso e medida, pois havia regras a cumprir. |
![]() Finalmente 2021. Depois de um ano em que mais do que vivermos, fomos meros espectadores, fantoches num autêntico teatro de sombras, com passos e passeatas manipulados por entre margens e manobras de cordelinhos, chegámos a 2021. E chegámos, como em qualquer ano novo, com vontade de mudar, de fazer planos, resoluções que acabaremos por abandonar antes do Carnaval. |
![]() O ano de 2020 não foi fácil. A pandemia desestruturou os nossos hábitos e começou a desfazer a relação tradicional que tínhamos com a vida. Introduziu a incerteza nas decisões, o medo nos comportamentos, o afastamento entre pessoas. |
» 2020-12-19
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Paul do Boquilobo - Inês Vidal |
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O TGV, o Ribatejo e o futuro das regiões - joão carlos lopes |
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2020, um ano para esquecer? - jorge carreira maia |
» 2021-01-10
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2021: uma vida que afaste a morte - inês vidal |
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Uma visita à direita nacional - jorge carreira maia |