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Retratos, por Inês Vidal

Opinião  »  2020-03-03  »  Inês Vidal

"Cruzamo-nos nas ruas. A terra é pequena. Dizemos bom dia, boa tarde, está tudo bem? Mas não ficamos para ouvir a resposta"

Matilde é filha de um alfaiate que costurava togas para juízes em Coimbra e de uma modista de alta costura, responsável pelas criações que a mulher de Carmona vestia. Filipe é alentejano e foi atrás de Cristina, que chegou a Torres Novas. Francisco era ilusionista de profissão e passava o dia 25 de Dezembro em palco, de manhã à noite, esquecendo como era ao certo uma ceia de Natal. Alzira trabalhou em Boston, Estados Unidos da América, durante 50 anos. Não fala uma única palavra de inglês.

Mas o que sabemos nós de cada um deles? Que Matilde Bué é presidente da União Desportiva e Recreativa da Zona Alta, que Filipe Mendes tinha, até ao dia em que a casa desabou, uma loja de vinhos na Praça 5 de Outubro, que o senhor Francisco Rodrigues caminha diariamente pelas ruas da cidade, gozando o merecido descanso que a idade traz e que Alzira Branco é uma senhora com 95 anos, acabados de fazer, esperta e despachada, de um jeito único, que nos coloca a nós, aqueles na casa dos 30, envergonhados a um canto.

Se não são de Torres Novas, todos aqui vivem. Conhecemo-los de vista, sabemos o que fazem, por onde andam, mas não os conhecemos. Vislumbramos caras, reconhecemos as feições, mas estamos longe de ver corações.

O corropio da vida faz-nos assim. Entre trabalho e casa, as 24 horas do dia são poucas, para nós e para os nossos, quanto mais para nos dedicarmos a conhecer os outros. Sentamo-nos à mesa do jantar exaustos, ansiosos que chegue a hora de deitar para podermos, finalmente, descansar. E no dia seguinte recomeça tudo outra vez. Não sabemos o que os nossos filhos fazem na escola. Os nossos filhos sabem onde trabalhamos, mas não têm a mínima ideia do que fazemos, ao certo. Não nos conhecemos dentro de nossa casa. Impossível conhecer os que nos rodeiam.

Cruzamo-nos nas ruas. A terra é pequena. Dizemos bom dia, boa tarde, está tudo bem? Mas não ficamos para ouvir a resposta. O tempo corre, a cabeça anda a mil, a pensar no que ainda está por fazer antes de findar o dia. E assim passam horas, dias, uma vida. Até que acabamos assim, sem realmente saber quem somos.

Cada rosto esconde uma história. Tendemos, fruto da hipocrisia que não me tenho cansado de referir, a deixar-nos atrair pelas histórias cujo rosto mais nos diz. Os restantes, partimos imediatamente do errado princípio de que não terão histórias que nos interessem. Mas cada rosto é uma história. Uma história que não é melhor nem pior do que a nossa. É a dele. E é única. Perdemos horas entre revistas cor-de-rosa e redes sociais, numa ânsia de ver o que fazem os nomes sonantes dos nossos dias, como vivem, o que viveram. Mas não paramos um segundo para conhecer a pessoa que cumprimentamos todos os dias quando saímos de casa. De onde vem, porque veio, como aqui chegou.

Adoro retratos. Gosto de rostos, cicatrizes, rugas, marcas de expressão. Gosto de imaginar o que está por trás de cada uma daquelas assinaturas do tempo ou do ser. Tenho a sorte de ter duas profissões que me dão espaço para conhecer as pessoas. Como jornalista, é meu dever parar para as ouvir, como pessoa atrás de um balcão tenho a sorte de que me exijam tempo para ouvir um pouco do que me querem dizer. E a verdade é que me surpreendo sempre que paro para ouvir a história do outro. Do rosto mais improvável, vem a maior prova de que a vida é uma roda gigante, daquelas cheias de luppings. Qualquer uma, mas mesmo qualquer uma, seria digna de ser escrita. Qualquer dia, vou escrevê-las todas.

 

 

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