E depois do “corona”?
Opinião » 2020-04-05 » António Gomes"A economia vai precisar de apoio, é certo, o governo tem de decidir ajuda a sério em particular às micro e pequenas empresas"
Não se conhece a cura para o corona vírus. Mandaram-nos ficar em casa para fazer o combate. E é assim mesmo. Não havendo cura, o melhor é apostar na prevenção. O isolamento social é pois o melhor remédio.
No que às noticias diz respeito, são em catadupa, em particular nas televisões. Dirão: não há volta a dar-lhe… Sim, precisamos de estar informados, mas também é certo que é preciso desligar o botão de vez em quando para podermos fazer outras coisas, ler, jogar, cozinhar, conversar, etc..
No meu caso particular, há noticias que me deixam aterrado. Ainda estávamos no início desta crise e logo começaram a cair as notícias sobre despedimentos, em pequenas mas também em grandes empresas, os/as precários em primeiro lugar, “o negócio vai cair e antes que seja tarde, rua!” A segurança social paga o subsídio, arranja-te. Pelo que estamos a ver, a procissão ainda vai no adro, apesar de o governo ter anunciado um conjunto de medidas de apoio às empresas e ainda bem que o fez. Quando as pessoas mais precisam, há patrões e empregadores que só pensam no seu lucro e só conhecem o despedimento para resolver os seus problemas. E os problemas de quem fica sem emprego? “Desenrasquem-se”, é o seu pensamento.
A economia vai precisar de apoio, é certo, o governo tem de decidir ajuda a sério em particular às micro e pequenas empresas, mas as empresas não podem simplesmente lavar as mãos como Pilatos: a responsabilidade social é de todos. Não haverá recuperação da economia com desemprego.
Outra notícia que nos tem chegado com alguma frequência e com tendência para aumentar, é sobre os apoios reivindicados ao Estado. E quem reivindica? Muitos daqueles que fazem do “empreendedorismo” a estrela polar, de gente que sempre desdenhou do Estado, sempre afirmaram e reafirmaram que o país precisa de um Estado mínimo - só o exército e as polícias. Que vivemos num Estado paternalista que impede a liberdade do indivíduo (leia-se do empreendedor), um Estado que leva tudo em impostos, um Estado despesista e paternalista, que desperdiça dinheiro com todos e não valoriza o mérito de cada um. E não é que agora todos querem o apoio do Estado?
Todos nos lembramos da banca na ultima crise económica, tudo quiseram e tudo levaram e continuam a levar, o trabalho e a riqueza de todo um povo.
Um “Estado mais pequeno e mais eficaz”, tanta vez que todos e todas nós ouvimos esta ideia, esta bandeira política - o mercado faz tudo, resolve tudo, organiza tudo, sabe tudo. Que seria de nós sem Serviço Nacional de Saúde, sem Segurança Social, sem medidas extraordinárias para apoiar quem precisa – pessoas, famílias e empresas?
O Governo já decidiu que só poderão ter acesso aos apoios as empresas que não despedirem. Está certo. Mas temos de fazer mais, como a Espanha está a fazer – é proibido despedir. Só assim será possível recuperar a economia sem destruir as pessoas. Nunca vivemos um período como este, nunca vivemos uma pandemia como esta. Vamos também ter a coragem política de encontrar outras soluções e não aquelas que sempre foram aplicadas no passado. Ninguém pode dizer que é impossível.
E depois do “corona”?
Opinião » 2020-04-05 » António GomesA economia vai precisar de apoio, é certo, o governo tem de decidir ajuda a sério em particular às micro e pequenas empresas
Não se conhece a cura para o corona vírus. Mandaram-nos ficar em casa para fazer o combate. E é assim mesmo. Não havendo cura, o melhor é apostar na prevenção. O isolamento social é pois o melhor remédio.
No que às noticias diz respeito, são em catadupa, em particular nas televisões. Dirão: não há volta a dar-lhe… Sim, precisamos de estar informados, mas também é certo que é preciso desligar o botão de vez em quando para podermos fazer outras coisas, ler, jogar, cozinhar, conversar, etc..
No meu caso particular, há noticias que me deixam aterrado. Ainda estávamos no início desta crise e logo começaram a cair as notícias sobre despedimentos, em pequenas mas também em grandes empresas, os/as precários em primeiro lugar, “o negócio vai cair e antes que seja tarde, rua!” A segurança social paga o subsídio, arranja-te. Pelo que estamos a ver, a procissão ainda vai no adro, apesar de o governo ter anunciado um conjunto de medidas de apoio às empresas e ainda bem que o fez. Quando as pessoas mais precisam, há patrões e empregadores que só pensam no seu lucro e só conhecem o despedimento para resolver os seus problemas. E os problemas de quem fica sem emprego? “Desenrasquem-se”, é o seu pensamento.
A economia vai precisar de apoio, é certo, o governo tem de decidir ajuda a sério em particular às micro e pequenas empresas, mas as empresas não podem simplesmente lavar as mãos como Pilatos: a responsabilidade social é de todos. Não haverá recuperação da economia com desemprego.
Outra notícia que nos tem chegado com alguma frequência e com tendência para aumentar, é sobre os apoios reivindicados ao Estado. E quem reivindica? Muitos daqueles que fazem do “empreendedorismo” a estrela polar, de gente que sempre desdenhou do Estado, sempre afirmaram e reafirmaram que o país precisa de um Estado mínimo - só o exército e as polícias. Que vivemos num Estado paternalista que impede a liberdade do indivíduo (leia-se do empreendedor), um Estado que leva tudo em impostos, um Estado despesista e paternalista, que desperdiça dinheiro com todos e não valoriza o mérito de cada um. E não é que agora todos querem o apoio do Estado?
Todos nos lembramos da banca na ultima crise económica, tudo quiseram e tudo levaram e continuam a levar, o trabalho e a riqueza de todo um povo.
Um “Estado mais pequeno e mais eficaz”, tanta vez que todos e todas nós ouvimos esta ideia, esta bandeira política - o mercado faz tudo, resolve tudo, organiza tudo, sabe tudo. Que seria de nós sem Serviço Nacional de Saúde, sem Segurança Social, sem medidas extraordinárias para apoiar quem precisa – pessoas, famílias e empresas?
O Governo já decidiu que só poderão ter acesso aos apoios as empresas que não despedirem. Está certo. Mas temos de fazer mais, como a Espanha está a fazer – é proibido despedir. Só assim será possível recuperar a economia sem destruir as pessoas. Nunca vivemos um período como este, nunca vivemos uma pandemia como esta. Vamos também ter a coragem política de encontrar outras soluções e não aquelas que sempre foram aplicadas no passado. Ninguém pode dizer que é impossível.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
|
Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |