As chaminés não caíram, as chaminés foram derrubadas
Opinião » 2023-01-20 » António Gomes"É este caminho, uma “cultura de destruição”, que se tem sobreposto aos interesses públicos e colectivos."
O empresário dono do Intermarché de Torres Novas foi à Assembleia Municipal tentar justificar a acção de derrube das chaminés, mas não justificou nada, nem se ouviu um pedido de desculpas aos torrejanos, nem o reconhecimento do erro, nem um sinal de arrependimento por ter ignorado a Câmara Municipal quando estava obrigado a isso.
O cidadão em causa leu um grande texto cheio de autoelogios, considera-se torrejano desde há 25 anos, com investimento feito, disse que foi agraciado com a redução de 94 000 euros nas taxas que deixou de pagar, mas que paga os impostos em Torres Novas (era melhor não pagar, já agora), cria postos de trabalho (neste particular esqueceu-se de dizer quanto paga aos trabalhadores e que tipo de contratos de trabalho pratica), limpou o terreno (pois, quem haveria de limpar?)… Esqueceu-se de dizer que o Estado, via CCDRLVT, suspendeu parcialmente o PDM para que possa fazer ali o seu investimento, situação muito excepcional, pois só em situações raras é permitido tal procedimento num local como aquele (leito de cheia) e ainda estamos para ver o que o futuro trará sobre a escolha do local – as alterações climáticas todos os dias nos dão recados, embora ninguém os ouça.
Tem alguma razão quando se queixa da Câmara, no que diz respeito ao tempo de espera e ao tempo de decisão, os tempos do departamento de urbanismo desesperam qualquer um. Mas nada justifica a atitude tomada neste episódio das chaminés.
Mas, por estranho que pareça, ou talvez não, o discurso “valeu a pena”, teve de imediato os seus efeitos – PS, PSD e MPNT ficaram convencidos, as justificações apresentadas foram suficientes para que não se perca mais tempo, é preciso é que a obra avance e que não se criem entraves ao seu desenvolvimento. Foi assim que reagiram os representantes eleitos. Nem uma palavra se ouviu a dizer que as chaminés têm de ser repostas, reconstruídas, não, qualquer coisa que assinale que em tempos existiram ali umas chaminés da época mais industrial do concelho serve. Será isto defender o interesse público?
É por estas e por outras que a ponte dos Pimentéis, em Lapas, desapareceu e apesar das promessas com mais de 30 anos continua no esquecimento. Recentemente este executivo tapou, fez desaparecer deliberadamente, o único porto de acesso ao rio Almonda em pleno centro histórico da cidade.
Na Meia Via, nos finais da década de 50 do século passado, a ermida de Nossa Senhora de Monserrate desapareceu para sempre, agora há quem chore lágrimas de crocodilo. Há pouco mais de 5 décadas, bem no centro da cidade, desapareceu a igreja de S. Maria do Castelo, ninguém lhe acudiu, era velha, já não prestava. A linha do comboio dos finais do século XIX desapareceu e ao edifício do Teatro Torrejano aconteceu o mesmo no final dos anos 1960.
Estes são exemplos recentes de ataques ao património construído e que caso tivessem sido defendidos e salvaguardados, hoje esta terra seria diferente. Muitos outros casos existem de destruição patrimonial, não tenho nem conhecimento nem formação para falar sobre eles, mas Torres Novas tem pessoas capazes para isso.
É este caminho, uma “cultura de destruição”, que se tem sobreposto aos interesses públicos e colectivos, este desprezo pelo legado dos que viveram antes de nós, este apego à ignorância, tudo isto define um futuro bacoco e medíocre para esta terra. É esta atitude que vai prevalecer no caso das chaminés, é a elite que governa e tem governado os destinos do concelho que assim o determina.
As chaminés não caíram, as chaminés foram derrubadas
Opinião » 2023-01-20 » António GomesÉ este caminho, uma “cultura de destruição”, que se tem sobreposto aos interesses públicos e colectivos.
O empresário dono do Intermarché de Torres Novas foi à Assembleia Municipal tentar justificar a acção de derrube das chaminés, mas não justificou nada, nem se ouviu um pedido de desculpas aos torrejanos, nem o reconhecimento do erro, nem um sinal de arrependimento por ter ignorado a Câmara Municipal quando estava obrigado a isso.
O cidadão em causa leu um grande texto cheio de autoelogios, considera-se torrejano desde há 25 anos, com investimento feito, disse que foi agraciado com a redução de 94 000 euros nas taxas que deixou de pagar, mas que paga os impostos em Torres Novas (era melhor não pagar, já agora), cria postos de trabalho (neste particular esqueceu-se de dizer quanto paga aos trabalhadores e que tipo de contratos de trabalho pratica), limpou o terreno (pois, quem haveria de limpar?)… Esqueceu-se de dizer que o Estado, via CCDRLVT, suspendeu parcialmente o PDM para que possa fazer ali o seu investimento, situação muito excepcional, pois só em situações raras é permitido tal procedimento num local como aquele (leito de cheia) e ainda estamos para ver o que o futuro trará sobre a escolha do local – as alterações climáticas todos os dias nos dão recados, embora ninguém os ouça.
Tem alguma razão quando se queixa da Câmara, no que diz respeito ao tempo de espera e ao tempo de decisão, os tempos do departamento de urbanismo desesperam qualquer um. Mas nada justifica a atitude tomada neste episódio das chaminés.
Mas, por estranho que pareça, ou talvez não, o discurso “valeu a pena”, teve de imediato os seus efeitos – PS, PSD e MPNT ficaram convencidos, as justificações apresentadas foram suficientes para que não se perca mais tempo, é preciso é que a obra avance e que não se criem entraves ao seu desenvolvimento. Foi assim que reagiram os representantes eleitos. Nem uma palavra se ouviu a dizer que as chaminés têm de ser repostas, reconstruídas, não, qualquer coisa que assinale que em tempos existiram ali umas chaminés da época mais industrial do concelho serve. Será isto defender o interesse público?
É por estas e por outras que a ponte dos Pimentéis, em Lapas, desapareceu e apesar das promessas com mais de 30 anos continua no esquecimento. Recentemente este executivo tapou, fez desaparecer deliberadamente, o único porto de acesso ao rio Almonda em pleno centro histórico da cidade.
Na Meia Via, nos finais da década de 50 do século passado, a ermida de Nossa Senhora de Monserrate desapareceu para sempre, agora há quem chore lágrimas de crocodilo. Há pouco mais de 5 décadas, bem no centro da cidade, desapareceu a igreja de S. Maria do Castelo, ninguém lhe acudiu, era velha, já não prestava. A linha do comboio dos finais do século XIX desapareceu e ao edifício do Teatro Torrejano aconteceu o mesmo no final dos anos 1960.
Estes são exemplos recentes de ataques ao património construído e que caso tivessem sido defendidos e salvaguardados, hoje esta terra seria diferente. Muitos outros casos existem de destruição patrimonial, não tenho nem conhecimento nem formação para falar sobre eles, mas Torres Novas tem pessoas capazes para isso.
É este caminho, uma “cultura de destruição”, que se tem sobreposto aos interesses públicos e colectivos, este desprezo pelo legado dos que viveram antes de nós, este apego à ignorância, tudo isto define um futuro bacoco e medíocre para esta terra. É esta atitude que vai prevalecer no caso das chaminés, é a elite que governa e tem governado os destinos do concelho que assim o determina.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
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» 2024-03-08
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