O milagre das 3 aparições televisivas - carlos paiva
Opinião » 2021-10-31 » Carlos Paiva"Venha visitar-nos, o posto de turismo estará fechado para o receber, o ar estará pestilento, os ribeiros poluídos e os cuidados de saúde deficitários"
Após vinte e tal anos, finalmente, cumpri com o conselho do médico e pus-me a fazer exercício físico. Consiste numa volta de bicicleta. Mais ou menos a meio, fico completamente estoirado, passo a fazer as subidas a pé. Regresso a casa e tomo um duche. O que configura a prática de triatlo. Além de mandar o barro à parede da juventude eterna, faço o médico (entretanto reformado) ficar todo orgulhoso de mim, por ter seguido os seus sábios conselhos. Descontando os cem por cento saudáveis e imunes a acidentes, aos restantes, em algum ponto do trajecto por um motivo ou por outro, eventualmente colocaram a sua vida nas mãos de um médico. Na hora do aperto, dá para confiar a vida, mas, para presidente de junta, já temos mais reservas.
Sem novidade, o problema centra-se no rol de doenças crónicas na rede de cuidados primários de saúde, que voltam a suscitar interesse televisivo, revelando insólitos no processo. Em um outro interesse televisivo diferente, também nem tudo são rosas. Aderi ao “mexe-te, preguiçoso”, mas não deixei de fumar. É meio cínico, mas melhor que nada. Emagreci uns quilos significativos, contribuí para os insólitos, embora isto pareça uma locomotiva a vapor, a apitar por todo o lado. Ainda assim, fica 90% do problema resolvido. Continuar a fumar é detalhe. Residual. Se o processo operacional demorar tanto quanto o administrativo, dá para andar mais uns anitos a dois maços por dia. Veremos se o interesse televisivo se mantém, sabendo que 90% do problema já está, à data, resolvido. A televisão (ainda) não ter cheiro, inibe o contraditório. Uma pena.
Agora, estão os leitores a pensar, com toda a legitimidade: um fulano que ignora conselhos médicos durante décadas, se põe a fazer exercício físico sem ter deixado de fumar e afirma que 90% do problema está resolvido, devia estar caladinho e não se expor, certo? Errado. Precisamente o oposto. Deve ir à televisão, convidar otári… turistas, a vir aos magotes visitar o concelho. Melhor: enquanto o faz, na feira internacional dos frutos secos, onde três cestos meios, de frutos secos, se acotovelam a lutar pelo espaço exíguo, aparece nas filmagens ao fundo, o posto de turismo. Fechado. Venha visitar-nos, o posto de turismo estará fechado para o receber, o ar estará pestilento, os ribeiros poluídos e os cuidados de saúde deficitários são de visita obrigatória. Tragam as câmaras preparadas. E as bicicletas (eu depois explico).
Um dia, um cretino qualquer, especialista em marketing e relações públicas, vende à câmara municipal o slogan: “Venha a Torres Novas. Porque Fátima é aqui ao lado”. E eles compram. Recorrendo a financiamento externo, claro. Lá virão as televisões, outra vez, gerar o milagre das três aparições televisivas. Não existe má publicidade.
O milagre das 3 aparições televisivas - carlos paiva
Opinião » 2021-10-31 » Carlos PaivaVenha visitar-nos, o posto de turismo estará fechado para o receber, o ar estará pestilento, os ribeiros poluídos e os cuidados de saúde deficitários
Após vinte e tal anos, finalmente, cumpri com o conselho do médico e pus-me a fazer exercício físico. Consiste numa volta de bicicleta. Mais ou menos a meio, fico completamente estoirado, passo a fazer as subidas a pé. Regresso a casa e tomo um duche. O que configura a prática de triatlo. Além de mandar o barro à parede da juventude eterna, faço o médico (entretanto reformado) ficar todo orgulhoso de mim, por ter seguido os seus sábios conselhos. Descontando os cem por cento saudáveis e imunes a acidentes, aos restantes, em algum ponto do trajecto por um motivo ou por outro, eventualmente colocaram a sua vida nas mãos de um médico. Na hora do aperto, dá para confiar a vida, mas, para presidente de junta, já temos mais reservas.
Sem novidade, o problema centra-se no rol de doenças crónicas na rede de cuidados primários de saúde, que voltam a suscitar interesse televisivo, revelando insólitos no processo. Em um outro interesse televisivo diferente, também nem tudo são rosas. Aderi ao “mexe-te, preguiçoso”, mas não deixei de fumar. É meio cínico, mas melhor que nada. Emagreci uns quilos significativos, contribuí para os insólitos, embora isto pareça uma locomotiva a vapor, a apitar por todo o lado. Ainda assim, fica 90% do problema resolvido. Continuar a fumar é detalhe. Residual. Se o processo operacional demorar tanto quanto o administrativo, dá para andar mais uns anitos a dois maços por dia. Veremos se o interesse televisivo se mantém, sabendo que 90% do problema já está, à data, resolvido. A televisão (ainda) não ter cheiro, inibe o contraditório. Uma pena.
Agora, estão os leitores a pensar, com toda a legitimidade: um fulano que ignora conselhos médicos durante décadas, se põe a fazer exercício físico sem ter deixado de fumar e afirma que 90% do problema está resolvido, devia estar caladinho e não se expor, certo? Errado. Precisamente o oposto. Deve ir à televisão, convidar otári… turistas, a vir aos magotes visitar o concelho. Melhor: enquanto o faz, na feira internacional dos frutos secos, onde três cestos meios, de frutos secos, se acotovelam a lutar pelo espaço exíguo, aparece nas filmagens ao fundo, o posto de turismo. Fechado. Venha visitar-nos, o posto de turismo estará fechado para o receber, o ar estará pestilento, os ribeiros poluídos e os cuidados de saúde deficitários são de visita obrigatória. Tragam as câmaras preparadas. E as bicicletas (eu depois explico).
Um dia, um cretino qualquer, especialista em marketing e relações públicas, vende à câmara municipal o slogan: “Venha a Torres Novas. Porque Fátima é aqui ao lado”. E eles compram. Recorrendo a financiamento externo, claro. Lá virão as televisões, outra vez, gerar o milagre das três aparições televisivas. Não existe má publicidade.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
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