Aquele era o tempo do contágio. O tempo em que da ordem nasceu a desordem. O tempo da separação e da angústia. O tempo asséptico. O tempo final. O tempo do medo. O tempo da rebelião e de todos os perigos latentes.
Íamos trabalhar para logo nos recolhermos, desinfectados e lavados. Depois dos primeiros dias (que foram muitos) em que nos foi dito que ficássemos em casa, houve um int... (ler mais...)
Em cima da mesa da cozinha, em casa dos meus avós, havia sempre um último número do Jornal de Abrantes. A lembrança é de umas folhas muito brancas e rígidas, de um jornal que à época já me parecia antigo, e era comparado com o Expresso ou com A Capital — outros jornais que me habituei a ver também em cima de outra mesa, na sala de estar da casa dos meus pais.
O... (ler mais...)
Numa muito recente viagem de família, a dada altura e já próximos do destino, a fim de sabermos qual o caminho a tomar, parámos numa bomba de gasolina e baixados os vidros das janelas, lançámos às três pessoas sentadas na mesa da esplanada a demanda pela estrada a seguir.
Fitaram-nos em silêncio três pares de olhos desconfiados. Foi a resposta imediata que obtivemos. Toma... (ler mais...)
Antes de dar voz ao calor das palavras, ou abandonar-me, infantil, no colo de um certo e esperado Agosto, prova de vida anual, um desabafo.
Dei-me a luxos de leitura no sossego da sombra de uma varanda. A vista é para uma paisagem que se espraia até ao mar. Nunca me arrependerei de ter nos livros aquele porto de abrigo que me acolhe na dúvida, sabendo, é certo, que a única certeza que dali sairá... (ler mais...)
Sou constantemente assaltada pela dúvida. Sofro deste desconforto constante. Bem sei que mais felizes são os que nunca têm dúvidas e os que raramente se enganam e que dizer isto pode parecer uma banalidade, mas é a mais pura das verdades.
Onde hei-de posicionar-me? Que hei-de pensar das notícias? Que conclusões se me afiguram? Terei de fazer fé nas deduções imediatas?... (ler mais...)
Os nossos quotidianos estão a passar por uma transformação inédita. Pode ser já um lugar comum dizer isto, mas nunca me vou habituar a andar sempre de máscara, a falar com a máscara colocada e a receber e comunicar com os outros sem lhes perceber a expressão.
Este filme futurista onde nos vemos metidos hoje vai abalar tudo: os empregos, os lugares que ocupamos na profissão ... (ler mais...)
A História, hoje mais do que nunca, lembra-nos da peste negra, da lepra, da tosse convulsa, da tuberculose, da varíola, do sarampo, da gripe, de doenças e pragas cujo medo levou ao enclausuramento das cidades, à marginalização social, ao desprezo pelo doente, ao recurso a crendices populares quantas vezes fatais para o enfermo. Fora de qualquer compreensão à época, escapavam ao con... (ler mais...)
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