Refugiados: cooperação e sentido de humanidade - mariana varela
Opinião » 2020-07-18 » Mariana Varela"Como nos sentiríamos se fôssemos obrigados a abandonar o lugar onde nascemos e crescemos?"
No passado dia 7 de julho, chegaram a Portugal 25 jovens menores não acompanhados, oriundos de campos de refugiados da Grécia, onde viviam, naturalmente em condições de extrema precariedade. No meio do caos que tem sido a situação pandémica, o problema dos refugiados não deixa de existir, adquirindo mesmo maior relevância e dimensão, uma vez que grande parte dos países fecharam a suas fronteiras como medida de prevenção. Mas, a realidade miserável em que estas pessoas vivem permanece, aumentando, assim, as necessidades de fuga e de acolhimento por parte de países estrangeiros.
Não podemos confundir o refugiado e o imigrante, pois a sua situação legal é bem diferente, tal como aquilo que o leva a sair do seu país de origem, deixando para trás tudo o que construiu, o seu lar, a sua família e amigos, sem garantia de retorno. A insegurança e perigo a que estas pessoas estão condenadas, por força de guerras civis e conflitos antigos, discriminação e perseguição em função da raça, orientação sexual ou nacionalidade, coloca-as num beco sem saída, não tendo outra escolha senão continuar a correr riscos (tais como as viagens para os países de acolhimento, sem quaisquer condições, em que muitos ficam para trás), em prol da dignidade e segurança de que qualquer ser humano carece.
Para além de segurança física e meios de sobrevivência, aqueles que se refugiam procuram bem-estar, saúde e educação, para si e para os seus. No entanto, como se já não bastasse o panorama terrífico a que estão sujeitos, também a resposta a nível global não é a melhor. Os refugiados, ainda que acolhidos por uma grande quantidade de países, concentram-se essencialmente em territórios que enfrentam situações de pobreza, como a África, o sul da Ásia, a Jordânia, o Paquistão, entre outros, assistindo-se a um enorme desequilíbrio na sua distribuição pelo mundo, sobrecarregando comunidades em situações já frágeis e obrigando muitas pessoas a viver em campos de refugiados por longos períodos de tempo.
A crença nas implicações económicas que o acolhimento de refugiados pode ter, a discriminação de que a comunidade muçulmana é alvo, interferem na abertura e receptividade global, no acolhimento atencioso e cuidado, no proporcionar de iguais oportunidades e igual tratamento e na integração destas pessoas. Ainda que as leis internacionais de proteção consagrem direitos fundamentais aos refugiados (como o direito à segurança, que se traduz na proibição de enviar novamente refugiados para o país de origem, caso isso coloque em causa a sua segurança) e que organizações mundiais colaborem para melhorar esta situação, ainda há um longo caminho a percorrer no sentido da melhoria de qualidade de vida dos refugiados e do seu estatuto, bem como da transformação de mentalidades para que se atinja uma consciência global destas problemáticas e uma verdadeira cooperação e sentido de humanidade.
Para isso, nada melhor do que calçar os sapatos dos outros. Como é viver como um refugiado? Quais as consequências, a curto e longo prazo? Como nos sentiríamos se fôssemos obrigados a abandonar o lugar onde nascemos e crescemos, sem qualquer promessa de um dia voltar? Mais do que acolher, é importante acolher bem, oferecer a ajuda psicológica necessária, favorecer a integração, respeitar a sua cultura e entender que estamos perante seres humanos, entre eles crianças indefesas. Até quando iremos ver um mundo dividido e limitado por fronteiras, discriminar o que é diferente e maltratar os nossos semelhantes?
Refugiados: cooperação e sentido de humanidade - mariana varela
Opinião » 2020-07-18 » Mariana VarelaComo nos sentiríamos se fôssemos obrigados a abandonar o lugar onde nascemos e crescemos?
No passado dia 7 de julho, chegaram a Portugal 25 jovens menores não acompanhados, oriundos de campos de refugiados da Grécia, onde viviam, naturalmente em condições de extrema precariedade. No meio do caos que tem sido a situação pandémica, o problema dos refugiados não deixa de existir, adquirindo mesmo maior relevância e dimensão, uma vez que grande parte dos países fecharam a suas fronteiras como medida de prevenção. Mas, a realidade miserável em que estas pessoas vivem permanece, aumentando, assim, as necessidades de fuga e de acolhimento por parte de países estrangeiros.
Não podemos confundir o refugiado e o imigrante, pois a sua situação legal é bem diferente, tal como aquilo que o leva a sair do seu país de origem, deixando para trás tudo o que construiu, o seu lar, a sua família e amigos, sem garantia de retorno. A insegurança e perigo a que estas pessoas estão condenadas, por força de guerras civis e conflitos antigos, discriminação e perseguição em função da raça, orientação sexual ou nacionalidade, coloca-as num beco sem saída, não tendo outra escolha senão continuar a correr riscos (tais como as viagens para os países de acolhimento, sem quaisquer condições, em que muitos ficam para trás), em prol da dignidade e segurança de que qualquer ser humano carece.
Para além de segurança física e meios de sobrevivência, aqueles que se refugiam procuram bem-estar, saúde e educação, para si e para os seus. No entanto, como se já não bastasse o panorama terrífico a que estão sujeitos, também a resposta a nível global não é a melhor. Os refugiados, ainda que acolhidos por uma grande quantidade de países, concentram-se essencialmente em territórios que enfrentam situações de pobreza, como a África, o sul da Ásia, a Jordânia, o Paquistão, entre outros, assistindo-se a um enorme desequilíbrio na sua distribuição pelo mundo, sobrecarregando comunidades em situações já frágeis e obrigando muitas pessoas a viver em campos de refugiados por longos períodos de tempo.
A crença nas implicações económicas que o acolhimento de refugiados pode ter, a discriminação de que a comunidade muçulmana é alvo, interferem na abertura e receptividade global, no acolhimento atencioso e cuidado, no proporcionar de iguais oportunidades e igual tratamento e na integração destas pessoas. Ainda que as leis internacionais de proteção consagrem direitos fundamentais aos refugiados (como o direito à segurança, que se traduz na proibição de enviar novamente refugiados para o país de origem, caso isso coloque em causa a sua segurança) e que organizações mundiais colaborem para melhorar esta situação, ainda há um longo caminho a percorrer no sentido da melhoria de qualidade de vida dos refugiados e do seu estatuto, bem como da transformação de mentalidades para que se atinja uma consciência global destas problemáticas e uma verdadeira cooperação e sentido de humanidade.
Para isso, nada melhor do que calçar os sapatos dos outros. Como é viver como um refugiado? Quais as consequências, a curto e longo prazo? Como nos sentiríamos se fôssemos obrigados a abandonar o lugar onde nascemos e crescemos, sem qualquer promessa de um dia voltar? Mais do que acolher, é importante acolher bem, oferecer a ajuda psicológica necessária, favorecer a integração, respeitar a sua cultura e entender que estamos perante seres humanos, entre eles crianças indefesas. Até quando iremos ver um mundo dividido e limitado por fronteiras, discriminar o que é diferente e maltratar os nossos semelhantes?
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Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
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Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
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A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
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