O meu país - anabela santos
"O meu primeiro pensamento vai para as pessoas que sofrem com a doença e com a perda dos seus ente queridos."
De um modo geral, quando nos ausentamos do nosso país e nos deslocamos para qualquer outro canto do mundo, levamos uma mala cheia de projectos e de esperança. Mas, mais importante que a “bagagem” que transportamos, é o que trazemos no coração. Eu trouxe o meu país e com ele um conjunto enorme de pessoas que têm um valor colossal para mim.
E, agora, aqui estou eu, neste cantinho em forma de crocodilo, abençoado por Deus no que diz respeito à pandemia que assola o mundo, a realizar os meus projectos, a alcançar objectivos, com o coração cheio de Portugal e de todas as pessoas que “trouxe“ comigo e, ao mesmo tempo, com uma preocupação sem fim porque as notícias não param de ser negativas.
Li, hoje, uma notícia devastadora, mas que corresponde à realidade e não vale a pena esconder. O nosso Presidente Marcelo Rebelo de Sousa afirma que a situação que Portugal vive “é mesmo a pior” desde o início da pandemia.
Os dias são cinza, banhados de sombra.
O tempo é de grande preocupação social e económica, de tragédia sanitária e de centenas de óbitos. A situação não melhora, só agrava. E eu por aqui, onde o sol brilha e o país ainda se encontra livre do vírus devastador, só tenho razão para agradecer. Mas como o posso fazer se não consigo afastar o pensamento da situação que se vive em Portugal?
O meu primeiro pensamento vai para as pessoas que sofrem com a doença e com a perda dos seus ente queridos. Neste momento, recordo as palavras do poeta e escritor, Miguel Torga: “Só havia três coisas sagradas na vida: a infância, o amor e a doença. Tudo se podia atraiçoar no mundo, menos uma criança, o ser que nos ama e o enfermo. Em todos os casos a pessoa está indefesa“. (Diário, Coimbra, 1974). Tratemos, assim, da alma e do corpo da nossa gente, tendo em conta que não existe só a COVID-19.
Em seguida, o meu pensamento vai para a situação económica que está a devastar o país inteiro, aliás o mundo. Arrasa com investimentos, negócios, empresas, pessoas, famílias e sonhos. É assustador! A preocupação aumenta.
E a educação? Não dá para esquecer. Os alunos e professores estão, neste momento, em interrupção lectiva que peca, na minha opinião, por tardia. Esta interrupção surge, e mais uma vez a meu ver, porque há um completo desnorte dos nossos governantes. Nada foi acautelado a seu tempo e a opção foi a possível. A interrupção surge porque o ensino à distância não é bom, mas, no entanto, será bom daqui a uns dias. Desorientação…
Infelizmente, mais uma vez, a escola não será escola e cabe a todos fazer o seu melhor. No que diz respeito aos professores, todos têm um enorme desafio, pela frente – tornar o ensino à distância o mais estimulante possível sabendo, à partida, que a parte mais atractiva da escola não estará lá.
O país está a morrer e eu pergunto, sem obter resposta: como será daqui a cinco ou dez anos? Qual o futuro dos nossos jovens? Como vão eles conseguir inventar um mundo em que consigam sobreviver?
Talvez pensar num espaço entre cinco e dez anos seja muito tempo. Como será o amanhã?
Este texto é extremamente negativo, mas não é um simples desabafo, é uma preocupação real que me atormenta, todos os dias, pois se, por um lado, me sinto tranquila em Timor, por outro, essa tranquilidade nunca é plena e o meu mundo está num Portugal doente.
Quando voei para Timor acreditava francamente que Portugal e o resto do mundo se iriam curar num curto espaço de tempo e nunca mais iria escrever sobre este assunto, mas a saga continua: covid, pandemia, isolamento, quarentena, confinamento, morte e crise são as palavras que preenchem os nossos dias.
Sinto-me impotente por nada poder fazer, só posso deixar algumas palavras de esperança. Assim, temos de lembrar que a base de toda a família humana está na solidariedade entre todos os homens. Sozinhos seremos zero, mas unidos criar-se-á um coro universal e cuidaremos dos outros e de nós próprios. Não existem esforços inúteis quando empregados em prol do bem comum.
O meu país - anabela santos
O meu primeiro pensamento vai para as pessoas que sofrem com a doença e com a perda dos seus ente queridos.
De um modo geral, quando nos ausentamos do nosso país e nos deslocamos para qualquer outro canto do mundo, levamos uma mala cheia de projectos e de esperança. Mas, mais importante que a “bagagem” que transportamos, é o que trazemos no coração. Eu trouxe o meu país e com ele um conjunto enorme de pessoas que têm um valor colossal para mim.
E, agora, aqui estou eu, neste cantinho em forma de crocodilo, abençoado por Deus no que diz respeito à pandemia que assola o mundo, a realizar os meus projectos, a alcançar objectivos, com o coração cheio de Portugal e de todas as pessoas que “trouxe“ comigo e, ao mesmo tempo, com uma preocupação sem fim porque as notícias não param de ser negativas.
Li, hoje, uma notícia devastadora, mas que corresponde à realidade e não vale a pena esconder. O nosso Presidente Marcelo Rebelo de Sousa afirma que a situação que Portugal vive “é mesmo a pior” desde o início da pandemia.
Os dias são cinza, banhados de sombra.
O tempo é de grande preocupação social e económica, de tragédia sanitária e de centenas de óbitos. A situação não melhora, só agrava. E eu por aqui, onde o sol brilha e o país ainda se encontra livre do vírus devastador, só tenho razão para agradecer. Mas como o posso fazer se não consigo afastar o pensamento da situação que se vive em Portugal?
O meu primeiro pensamento vai para as pessoas que sofrem com a doença e com a perda dos seus ente queridos. Neste momento, recordo as palavras do poeta e escritor, Miguel Torga: “Só havia três coisas sagradas na vida: a infância, o amor e a doença. Tudo se podia atraiçoar no mundo, menos uma criança, o ser que nos ama e o enfermo. Em todos os casos a pessoa está indefesa“. (Diário, Coimbra, 1974). Tratemos, assim, da alma e do corpo da nossa gente, tendo em conta que não existe só a COVID-19.
Em seguida, o meu pensamento vai para a situação económica que está a devastar o país inteiro, aliás o mundo. Arrasa com investimentos, negócios, empresas, pessoas, famílias e sonhos. É assustador! A preocupação aumenta.
E a educação? Não dá para esquecer. Os alunos e professores estão, neste momento, em interrupção lectiva que peca, na minha opinião, por tardia. Esta interrupção surge, e mais uma vez a meu ver, porque há um completo desnorte dos nossos governantes. Nada foi acautelado a seu tempo e a opção foi a possível. A interrupção surge porque o ensino à distância não é bom, mas, no entanto, será bom daqui a uns dias. Desorientação…
Infelizmente, mais uma vez, a escola não será escola e cabe a todos fazer o seu melhor. No que diz respeito aos professores, todos têm um enorme desafio, pela frente – tornar o ensino à distância o mais estimulante possível sabendo, à partida, que a parte mais atractiva da escola não estará lá.
O país está a morrer e eu pergunto, sem obter resposta: como será daqui a cinco ou dez anos? Qual o futuro dos nossos jovens? Como vão eles conseguir inventar um mundo em que consigam sobreviver?
Talvez pensar num espaço entre cinco e dez anos seja muito tempo. Como será o amanhã?
Este texto é extremamente negativo, mas não é um simples desabafo, é uma preocupação real que me atormenta, todos os dias, pois se, por um lado, me sinto tranquila em Timor, por outro, essa tranquilidade nunca é plena e o meu mundo está num Portugal doente.
Quando voei para Timor acreditava francamente que Portugal e o resto do mundo se iriam curar num curto espaço de tempo e nunca mais iria escrever sobre este assunto, mas a saga continua: covid, pandemia, isolamento, quarentena, confinamento, morte e crise são as palavras que preenchem os nossos dias.
Sinto-me impotente por nada poder fazer, só posso deixar algumas palavras de esperança. Assim, temos de lembrar que a base de toda a família humana está na solidariedade entre todos os homens. Sozinhos seremos zero, mas unidos criar-se-á um coro universal e cuidaremos dos outros e de nós próprios. Não existem esforços inúteis quando empregados em prol do bem comum.
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![]() Num momento em que o sentimento generalizado sobre os chineses é de alguma desconfiança, preparo-me aqui para contrapor e dar uma oportunidade aos tipos. Eu sei que nos foram mandando com a peste bubónica, a gripe asiática, a gripe das aves, o corona vírus. |
![]() É muito bom viver em Torres Novas mas também se sente o peso de estar longe do que de verdadeiramente moderno se passa no mundo, enfim, nada de #Me Too, Je suis Charlie Hebdo, vetustas estátuas transformadas em anúncios da Benetton. |
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Recuemos no tempo. Entremos numa máquina do tempo e cliquemos no botão que nos leve até ao ano de 2001. Recordemos vagamente que em 2001: - Caíram as Torres Gémeas em Nova Yorque em 11 setembro. |
![]() Quando a internet surgiu e, posteriormente, com a emergência dos blogues e redes sociais pensou-se que a esfera pública tinha encontrado uma fonte de renovação. Mais pessoas poderiam trocar opiniões sobre os problemas que afectam a vida comum, sem estarem controladas pelos diversos poderes, contribuindo para uma crescente participação, racionalmente educada, nos assuntos públicos. |
![]() É e sempre foi uma questão de equilíbrio. Tudo. E todos o sabemos. O difícil é chegar lá, encontrá-lo, ter a racionalidade e o bom senso suficientes para o ter e para o ser. E para saber que o equilíbrio de hoje não é obrigatoriamente o de amanhã, muito menos o que era ontem. |
![]() Comemorou-se a 21 de Março o dia da floresta. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) resolveu assinalar a data disponibilizando 50.000 árvores gratuitamente à população. Quem as quisesse plantar, teria de se identificar, inscrever, levantar a árvore (até um máximo de dez árvores por pessoa) e, num prazo de 48 horas, declarar o local onde plantou documentando com fotos. |
![]() Hoje, como acontece diariamente, no caminho de casa até à escola, lá se deu o habitual encontro matinal entre mim e o Ananias, o meu amigo ardina. Trocámos algumas palavras, comprei o jornal e seguimos por caminhos opostos que nos levam à nossa missão do dia, o trabalho. |
![]() Durante décadas, todos os torrejanos ajudaram no que puderam o CRIT, uma obra social que granjeou a estima de todos os cidadãos e empresários, e foram muitos, que sempre disseram sim a todas e quaisquer formas de ajuda em prol da aventura iniciada em 1975. |