Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos
Opinião » 2024-09-23 » António Mário Santos
Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade.
Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local.
“A Forja”, do PREC, terminara, o centro liberal assumira o poder. O povo, que não estava preparado para a revolução do 25 de Abril, continuava, em democracia, a não estar preparado para o que as palavras liberdade, igualdade, socialismo, comunismo, social-democracia, significavam.
É triste reconhecê-lo. Cinquenta anos depois, o sonho de uma pátria social, com a eliminação das desigualdades, ficou-se pela utopia de uma revolução onde os vencidos mantiveram, se não aumentaram, os seus privilégios de usurpadores, e os vencedores foram empurrados para as notas de pé de página dos livros que substituíram os da ditadura, mas ignoraram os mais simples conceitos sergianos de educação cívica e de pluralismo socialista de um Vitorino Magalhães Godinho ou de um Joel Serrão.
A clubite mental dos três efes, Fátima, Futebol, Fado, capa nacional protectora do fascismo salazarista e marcelista, domesticara a efervescência revolucionária dos anos de 1974/75.
O “Jornal Torrejano” assumiu, no parto, a necessidade dum murro na mesa da opacidade dum concelho que, qual madrasta da Branca de Neve, só se via no espelho da sua paródia de progresso, sem nenhum projecto definido de desenvolvimento, apenas através de lentes opacas de interesses, que se foram instalando e autoalimentando.
Os que continuam, hoje, a defender, ante a desinformação global, o papel informativo e crítico do jornal, no combate do caciquismo, do compadrio e da corrupção, cavalos à solta da mentalidade individualista e mercantilista das gerações actuais, reconhecem como tem sido difícil este caminho das palavras com sentido, este sentido da coragem da denúncia do abuso, da prepotência, do autismo, como uma actividade de reconhecido sentido social, assumindo-se como uma voz da cidadania.
Num mar cada vez mais perigoso, direi mesmo letal, acredito que continuará a denunciar as pantanosas relações da economia com a política, a sobrevalorização dos interesses em relação à marginalização do serviço público.
Não consigo pensar o que irá ser, no futuro, o concelho de Torres Novas. A perspectiva actual, ante a imagem dos do Médio Tejo, não se me afigura auspiciosa. A alegoria com que, há muito, o identifico, é o da Bela Adormecida à espera do beijo do príncipe encantado.
O “Jornal Torrejano” bem se tem esforçado para que o príncipe se despache! É imprescindível que continue a apressar-lhe o desfecho!
O concelho, mesmo que o ignore, deve-lhe, há 30 anos, esse empurrão para o despertar do embruxamento!
Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos
Opinião » 2024-09-23 » António Mário SantosUma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade.
Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local.
“A Forja”, do PREC, terminara, o centro liberal assumira o poder. O povo, que não estava preparado para a revolução do 25 de Abril, continuava, em democracia, a não estar preparado para o que as palavras liberdade, igualdade, socialismo, comunismo, social-democracia, significavam.
É triste reconhecê-lo. Cinquenta anos depois, o sonho de uma pátria social, com a eliminação das desigualdades, ficou-se pela utopia de uma revolução onde os vencidos mantiveram, se não aumentaram, os seus privilégios de usurpadores, e os vencedores foram empurrados para as notas de pé de página dos livros que substituíram os da ditadura, mas ignoraram os mais simples conceitos sergianos de educação cívica e de pluralismo socialista de um Vitorino Magalhães Godinho ou de um Joel Serrão.
A clubite mental dos três efes, Fátima, Futebol, Fado, capa nacional protectora do fascismo salazarista e marcelista, domesticara a efervescência revolucionária dos anos de 1974/75.
O “Jornal Torrejano” assumiu, no parto, a necessidade dum murro na mesa da opacidade dum concelho que, qual madrasta da Branca de Neve, só se via no espelho da sua paródia de progresso, sem nenhum projecto definido de desenvolvimento, apenas através de lentes opacas de interesses, que se foram instalando e autoalimentando.
Os que continuam, hoje, a defender, ante a desinformação global, o papel informativo e crítico do jornal, no combate do caciquismo, do compadrio e da corrupção, cavalos à solta da mentalidade individualista e mercantilista das gerações actuais, reconhecem como tem sido difícil este caminho das palavras com sentido, este sentido da coragem da denúncia do abuso, da prepotência, do autismo, como uma actividade de reconhecido sentido social, assumindo-se como uma voz da cidadania.
Num mar cada vez mais perigoso, direi mesmo letal, acredito que continuará a denunciar as pantanosas relações da economia com a política, a sobrevalorização dos interesses em relação à marginalização do serviço público.
Não consigo pensar o que irá ser, no futuro, o concelho de Torres Novas. A perspectiva actual, ante a imagem dos do Médio Tejo, não se me afigura auspiciosa. A alegoria com que, há muito, o identifico, é o da Bela Adormecida à espera do beijo do príncipe encantado.
O “Jornal Torrejano” bem se tem esforçado para que o príncipe se despache! É imprescindível que continue a apressar-lhe o desfecho!
O concelho, mesmo que o ignore, deve-lhe, há 30 anos, esse empurrão para o despertar do embruxamento!
O vómito » 2024-10-26 » Hélder Dias |
30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes » 2024-09-30 » João Carlos Lopes Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
Não tenho nada para dizer - carlos tomé » 2024-09-23 » Carlos Tomé Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
Três décadas a dar notícias - antónio gomes » 2024-09-23 » António Gomes Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido. |
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30 anos contra o silêncio - josé mota pereira » 2024-09-23 » José Mota Pereira Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. |
A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia » 2024-09-23 » Jorge Carreira Maia Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. |
Falta poesia nos corações (ditos) humanos » 2024-09-19 » Maria Augusta Torcato No passado mês de agosto revisitei a peça de teatro de Bertolt Brecht “Mãe coragem”. O espaço em que a mesma foi representada é extraordinário, as ruínas do Convento do Carmo. A peça anterior a que tinha assistido naquele espaço, “As troianas”, também me havia suscitado a reflexão sobre o modo como as situações humanas se vão repetindo ao longo dos tempos. |
Ministro ou líder do CDS? » 2024-09-17 » Hélder Dias |