Três efeitos virais
"Além da tragédia humana, haveria uma tragédia civilizacional se a política voltasse ao primeiro lugar, mas assente na herança de Hobbes e no despedimento da democracia política por maus serviços."
POLÍTICA E ECONOMIA. De um momento para o outro todo um modo de compreender a política se alterou. Por influência das duas principais constelações ideológicas nascidas do Iluminismo – o liberalismo e o marxismo – a política tinha, paulatinamente, sucumbido aos imperativos da economia. Sem ameaças no horizonte, os homens pensam nos seus interesses, nos negócios que promovem ou na escassez de que se sentem vítimas na distribuição do bolo produtivo. Na verdade, as eleições ganhavam-se ou perdiam-se devido às conjunturas económicas e a qualidade das políticas tinha como núcleo central a economia. Agora, ninguém pensa na economia, na distribuição de rendimentos, seja no que for. Toda a gente reza para que a gestão política seja eficaz na oposição à ameaça viral. Primeiro vem a política, depois a economia, como deveria acontecer sempre. Quanto tempo vamos levar para esquecer esta dura lição?
HOBBES E LOCKE. Duas narrativas modernas alimentam as explicações do laço político que une as pessoas em comunidades dotados de Estado. Por um lado, a de Thomas Hobbes. Os homens associam-se num Estado, fundamentalmente, para poderem viver em segurança, sacrificando a esta tudo. Por outro, a de John Locke. O Estado existe para defender os nossos direitos naturais e assegurar uma arbitragem justa nos conflitos. Enquanto a vida corre sem problemas, a explicação de Locke parece imbatível. O que o coronavírus mostra, porém, é outra coisa. A segurança hobbesiana em primeiro lugar. Não que, neste momento, estejamos à beira da guerra de todos contra todos, mas estamos em guerra com uma ameaça em que todos podem ser os seus portadores. Todos somos suspeitos e, de certa maneira, lobos uns dos outros, apesar da solidariedade inegável que tem percorrido o país.
DEMOCRACIA E AUTORITARISMO. O que se está a passar é um teste de stress para todos os regimes políticos que têm de lidar com a situação. As democracias, pela sua própria natureza, são mais atreitas a problemas se este combate à insegurança sanitária correr mal. A Itália parece perdida, muitos dos países europeus apresentam sintomas de confusão e as duas mais sólidas democracias liberais não têm à sua frente nem um Churchill nem um Roosevelt. É possível que os regimes democráticos estejam num combate decisivo pela sua própria vida, eles que estão já infectadas pelo vírus do autoritarismo. Para além da tragédia humana, haveria uma outra tragédia civilizacional se a política voltasse ao primeiro lugar, mas assente na herança de Hobbes e no despedimento da democracia política por maus serviços.
Três efeitos virais
Além da tragédia humana, haveria uma tragédia civilizacional se a política voltasse ao primeiro lugar, mas assente na herança de Hobbes e no despedimento da democracia política por maus serviços.
POLÍTICA E ECONOMIA. De um momento para o outro todo um modo de compreender a política se alterou. Por influência das duas principais constelações ideológicas nascidas do Iluminismo – o liberalismo e o marxismo – a política tinha, paulatinamente, sucumbido aos imperativos da economia. Sem ameaças no horizonte, os homens pensam nos seus interesses, nos negócios que promovem ou na escassez de que se sentem vítimas na distribuição do bolo produtivo. Na verdade, as eleições ganhavam-se ou perdiam-se devido às conjunturas económicas e a qualidade das políticas tinha como núcleo central a economia. Agora, ninguém pensa na economia, na distribuição de rendimentos, seja no que for. Toda a gente reza para que a gestão política seja eficaz na oposição à ameaça viral. Primeiro vem a política, depois a economia, como deveria acontecer sempre. Quanto tempo vamos levar para esquecer esta dura lição?
HOBBES E LOCKE. Duas narrativas modernas alimentam as explicações do laço político que une as pessoas em comunidades dotados de Estado. Por um lado, a de Thomas Hobbes. Os homens associam-se num Estado, fundamentalmente, para poderem viver em segurança, sacrificando a esta tudo. Por outro, a de John Locke. O Estado existe para defender os nossos direitos naturais e assegurar uma arbitragem justa nos conflitos. Enquanto a vida corre sem problemas, a explicação de Locke parece imbatível. O que o coronavírus mostra, porém, é outra coisa. A segurança hobbesiana em primeiro lugar. Não que, neste momento, estejamos à beira da guerra de todos contra todos, mas estamos em guerra com uma ameaça em que todos podem ser os seus portadores. Todos somos suspeitos e, de certa maneira, lobos uns dos outros, apesar da solidariedade inegável que tem percorrido o país.
DEMOCRACIA E AUTORITARISMO. O que se está a passar é um teste de stress para todos os regimes políticos que têm de lidar com a situação. As democracias, pela sua própria natureza, são mais atreitas a problemas se este combate à insegurança sanitária correr mal. A Itália parece perdida, muitos dos países europeus apresentam sintomas de confusão e as duas mais sólidas democracias liberais não têm à sua frente nem um Churchill nem um Roosevelt. É possível que os regimes democráticos estejam num combate decisivo pela sua própria vida, eles que estão já infectadas pelo vírus do autoritarismo. Para além da tragédia humana, haveria uma outra tragédia civilizacional se a política voltasse ao primeiro lugar, mas assente na herança de Hobbes e no despedimento da democracia política por maus serviços.
![]() Apresentados os candidatos à presidência da Câmara de Torres Novas, a realizar nos finais de Setembro, ou na primeira quinzena de Outubro, restam pouco mais de três meses (dois de férias), para se conhecer ao que vêm, quem é quem, o que defendem, para o concelho, na sua interligação cidade/freguesias. |
![]() O nosso major-general é uma versão pós-moderna do Pangloss de Voltaire, atestando que, no designado “mundo livre”, estamos no melhor possível, prontos para a vitória e não pode ser de outro modo. |
![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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