Radicais e moderados - jorge carreira maia
"O mais importante, no actual momento político, nacional e internacional, é que os moderados de todas as causas se façam ouvir"
Na segunda-feira passada, o Presidente da República fez uma intervenção na televisão sobre a vandalização da estátua do Padre António Vieira. Chamou a atenção para que nenhum dos verdadeiros problemas da pobreza, da discriminação e do racismo se resolve com estas acções. É verdade, mas este tipo de acções, por idiotas que sejam, tem o poder de revelar o conflito político central dos nossos dias. Este não é entre a direita e a esquerda, entre adeptos do mercado e adeptos do estado ou entre identitários e cosmopolitas, mas aquele que opõe radicais e moderados.
Este conflito é decisivo para o destino da vida civilizada. Circunstâncias múltiplas abriram caminho para o crescimento de programas e práticas políticas radicais. O que significa essa radicalização em termos práticos? De forma crua e simples, significa o desejo de aniquilamento do outro, a afirmação de que ele não tem lugar na comunidade e que deve ser suprimido. Dito de outra forma, os radicais desejam a guerra civil. Esta emerge quando os adversários políticos se transformam em inimigos. Estaremos à beira da guerra civil? Em Portugal e nos países da nossa área política, a resposta é não. Contudo, o crescimento de alternativas políticas populistas e o desaparecimento do respeito por aqueles que pensam de maneira diferente são sintomas da doença, e esses existem em Portugal. Há gente a semear ódio e a tentar incendiar o clima político do país.
O mais importante, no actual momento político, nacional e internacional, é que os moderados de todas as causas se façam ouvir, ganhem espaço público, conquistem terreno, para que possam estender a mão aos seus adversários, para que evitem que se entre na lógica do amigo e do inimigo. Ser moderado não significa não ter convicções. Significa apenas que se reconhece que as convicções humanas são falíveis e que ao lado das nossas razões haverá outras que merecem ser escutadas e debatidas. Significa que os homens não devem ser mortos ou espancados por causa das ideias que defendem.
A democracia fornece um dispositivo para decidir, a cada momento, quais as ideias que devem governar, mas ela só pode existir se, para além das eleições, os moderados, da esquerda e da direita, forem largamente maioritários. Quando a democracia se entrega nas mãos de radicais, as paixões exacerbadas destes e a violência acabarão por destruí-la. A questão que nos devemos colocar, à esquerda e à direita, é se gostaríamos de ver Portugal e a Europa transformados em Venezuelas ou em Brasis, para dar exemplos de radicalismos de cores diferentes.
Radicais e moderados - jorge carreira maia
O mais importante, no actual momento político, nacional e internacional, é que os moderados de todas as causas se façam ouvir
Na segunda-feira passada, o Presidente da República fez uma intervenção na televisão sobre a vandalização da estátua do Padre António Vieira. Chamou a atenção para que nenhum dos verdadeiros problemas da pobreza, da discriminação e do racismo se resolve com estas acções. É verdade, mas este tipo de acções, por idiotas que sejam, tem o poder de revelar o conflito político central dos nossos dias. Este não é entre a direita e a esquerda, entre adeptos do mercado e adeptos do estado ou entre identitários e cosmopolitas, mas aquele que opõe radicais e moderados.
Este conflito é decisivo para o destino da vida civilizada. Circunstâncias múltiplas abriram caminho para o crescimento de programas e práticas políticas radicais. O que significa essa radicalização em termos práticos? De forma crua e simples, significa o desejo de aniquilamento do outro, a afirmação de que ele não tem lugar na comunidade e que deve ser suprimido. Dito de outra forma, os radicais desejam a guerra civil. Esta emerge quando os adversários políticos se transformam em inimigos. Estaremos à beira da guerra civil? Em Portugal e nos países da nossa área política, a resposta é não. Contudo, o crescimento de alternativas políticas populistas e o desaparecimento do respeito por aqueles que pensam de maneira diferente são sintomas da doença, e esses existem em Portugal. Há gente a semear ódio e a tentar incendiar o clima político do país.
O mais importante, no actual momento político, nacional e internacional, é que os moderados de todas as causas se façam ouvir, ganhem espaço público, conquistem terreno, para que possam estender a mão aos seus adversários, para que evitem que se entre na lógica do amigo e do inimigo. Ser moderado não significa não ter convicções. Significa apenas que se reconhece que as convicções humanas são falíveis e que ao lado das nossas razões haverá outras que merecem ser escutadas e debatidas. Significa que os homens não devem ser mortos ou espancados por causa das ideias que defendem.
A democracia fornece um dispositivo para decidir, a cada momento, quais as ideias que devem governar, mas ela só pode existir se, para além das eleições, os moderados, da esquerda e da direita, forem largamente maioritários. Quando a democracia se entrega nas mãos de radicais, as paixões exacerbadas destes e a violência acabarão por destruí-la. A questão que nos devemos colocar, à esquerda e à direita, é se gostaríamos de ver Portugal e a Europa transformados em Venezuelas ou em Brasis, para dar exemplos de radicalismos de cores diferentes.
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
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![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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