Radicais e moderados - jorge carreira maia
Opinião » 2020-06-18 » Jorge Carreira Maia"O mais importante, no actual momento político, nacional e internacional, é que os moderados de todas as causas se façam ouvir"
Na segunda-feira passada, o Presidente da República fez uma intervenção na televisão sobre a vandalização da estátua do Padre António Vieira. Chamou a atenção para que nenhum dos verdadeiros problemas da pobreza, da discriminação e do racismo se resolve com estas acções. É verdade, mas este tipo de acções, por idiotas que sejam, tem o poder de revelar o conflito político central dos nossos dias. Este não é entre a direita e a esquerda, entre adeptos do mercado e adeptos do estado ou entre identitários e cosmopolitas, mas aquele que opõe radicais e moderados.
Este conflito é decisivo para o destino da vida civilizada. Circunstâncias múltiplas abriram caminho para o crescimento de programas e práticas políticas radicais. O que significa essa radicalização em termos práticos? De forma crua e simples, significa o desejo de aniquilamento do outro, a afirmação de que ele não tem lugar na comunidade e que deve ser suprimido. Dito de outra forma, os radicais desejam a guerra civil. Esta emerge quando os adversários políticos se transformam em inimigos. Estaremos à beira da guerra civil? Em Portugal e nos países da nossa área política, a resposta é não. Contudo, o crescimento de alternativas políticas populistas e o desaparecimento do respeito por aqueles que pensam de maneira diferente são sintomas da doença, e esses existem em Portugal. Há gente a semear ódio e a tentar incendiar o clima político do país.
O mais importante, no actual momento político, nacional e internacional, é que os moderados de todas as causas se façam ouvir, ganhem espaço público, conquistem terreno, para que possam estender a mão aos seus adversários, para que evitem que se entre na lógica do amigo e do inimigo. Ser moderado não significa não ter convicções. Significa apenas que se reconhece que as convicções humanas são falíveis e que ao lado das nossas razões haverá outras que merecem ser escutadas e debatidas. Significa que os homens não devem ser mortos ou espancados por causa das ideias que defendem.
A democracia fornece um dispositivo para decidir, a cada momento, quais as ideias que devem governar, mas ela só pode existir se, para além das eleições, os moderados, da esquerda e da direita, forem largamente maioritários. Quando a democracia se entrega nas mãos de radicais, as paixões exacerbadas destes e a violência acabarão por destruí-la. A questão que nos devemos colocar, à esquerda e à direita, é se gostaríamos de ver Portugal e a Europa transformados em Venezuelas ou em Brasis, para dar exemplos de radicalismos de cores diferentes.
Radicais e moderados - jorge carreira maia
Opinião » 2020-06-18 » Jorge Carreira MaiaO mais importante, no actual momento político, nacional e internacional, é que os moderados de todas as causas se façam ouvir
Na segunda-feira passada, o Presidente da República fez uma intervenção na televisão sobre a vandalização da estátua do Padre António Vieira. Chamou a atenção para que nenhum dos verdadeiros problemas da pobreza, da discriminação e do racismo se resolve com estas acções. É verdade, mas este tipo de acções, por idiotas que sejam, tem o poder de revelar o conflito político central dos nossos dias. Este não é entre a direita e a esquerda, entre adeptos do mercado e adeptos do estado ou entre identitários e cosmopolitas, mas aquele que opõe radicais e moderados.
Este conflito é decisivo para o destino da vida civilizada. Circunstâncias múltiplas abriram caminho para o crescimento de programas e práticas políticas radicais. O que significa essa radicalização em termos práticos? De forma crua e simples, significa o desejo de aniquilamento do outro, a afirmação de que ele não tem lugar na comunidade e que deve ser suprimido. Dito de outra forma, os radicais desejam a guerra civil. Esta emerge quando os adversários políticos se transformam em inimigos. Estaremos à beira da guerra civil? Em Portugal e nos países da nossa área política, a resposta é não. Contudo, o crescimento de alternativas políticas populistas e o desaparecimento do respeito por aqueles que pensam de maneira diferente são sintomas da doença, e esses existem em Portugal. Há gente a semear ódio e a tentar incendiar o clima político do país.
O mais importante, no actual momento político, nacional e internacional, é que os moderados de todas as causas se façam ouvir, ganhem espaço público, conquistem terreno, para que possam estender a mão aos seus adversários, para que evitem que se entre na lógica do amigo e do inimigo. Ser moderado não significa não ter convicções. Significa apenas que se reconhece que as convicções humanas são falíveis e que ao lado das nossas razões haverá outras que merecem ser escutadas e debatidas. Significa que os homens não devem ser mortos ou espancados por causa das ideias que defendem.
A democracia fornece um dispositivo para decidir, a cada momento, quais as ideias que devem governar, mas ela só pode existir se, para além das eleições, os moderados, da esquerda e da direita, forem largamente maioritários. Quando a democracia se entrega nas mãos de radicais, as paixões exacerbadas destes e a violência acabarão por destruí-la. A questão que nos devemos colocar, à esquerda e à direita, é se gostaríamos de ver Portugal e a Europa transformados em Venezuelas ou em Brasis, para dar exemplos de radicalismos de cores diferentes.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |