Bruno Lage, privatizações, comendas e europeias
Opinião » 2019-05-26 » Jorge Carreira Maia"Os assuntos da quinzena: Bruno Lage campeão, as privatizações e o enfraquecimento do Estado democrático, a comédia das comendas e, por fim, a necessidade de votar nas europeias."
BRUNO LAGE. O actual treinador do Benfica é, justamente, louvado pelo que fez no campo desportivo. Se o Benfica é campeão deve-o a Bruno Lage. Quero, porém, louvá-lo por outra coisa. Não apenas pela humildade e gratidão que ostentou, mas pelas palavras que disse sobre o país. O futebol é importante, mas há coisas mais importantes que o futebol. É preciso que o entusiasmo que as pessoas têm com o futebol o tenham com essas coisas. O apelo à civilidade nos festejos e no tratamento dos adversários talvez tenham caído em saco roto, mas mostram que Bruno Lage sabe que um país decente e uma vida civilizada são mais decisivos que os acasos do pontapé na bola. Seria bom que fosse escutado.
PRIVATIZAÇÕES. António Barreto descobriu que “as privatizações e as reprivatizações que moldaram a política e a economia das duas últimas décadas” contribuíram para o enfraquecimento do Estado democrático. No entanto, continua a acreditar no Pai Natal, a crer que foram feitas “pelas boas razões, por espíritos liberais, concebidas para libertar a sociedade e a economia”. Meu Deus, como é que tantos espíritos liberais e bondosos foram tão cegos? Como é que ninguém, tão iluminado, viu que as ricas empresas iriam ser devoradas e, em grande parte, aniquiladas? Ninguém conhecia a história devorista do capitalismo português? Ninguém conhecia os grupos estrangeiros a que se venderam os bens nacionais? Sim, o Pai Natal existe.
COMENDAS. Anda tudo num virote por causa do senhor Joe Berardo e do seu comportamento na Assembleia da República. Agora querem descondecorá-lo. Ora o problema não está em Berardo, mas nos critérios que conduziram há muito a julgar que os homens de dinheiro são o modelo que se deve oferecer à emulação da sociedade. Muitos dos condecorados fazem parte daquilo a que se chama crony capitalismo, um capitalismo clientelar cujo sucesso depende da relação com o poder político. Durante todo o século XX e no XXI, o capitalismo português não foi outra coisa senão um capitalismo clientelar, que o Estado apadrinhou e a cujos corifeus distribuiu, a torto e a direito, comendas.
EUROPEIAS. Por estranho que possa parecer aos portugueses, as eleições europeias são muito importantes. Parte significativa da nossa vida é regulada no Parlamento europeu. Não são indiferentes os deputados que elegemos. Por outro lado, a abstenção será sempre interpretada como desinteresse dos eleitores pela União Europeia. Será que nós portugueses nos podemos dar ao luxo de desprezarmos a União? Já imaginou o que seria Portugal sem a União Europeia? Domingo é dia de eleições, o melhor é ir votar.
Bruno Lage, privatizações, comendas e europeias
Opinião » 2019-05-26 » Jorge Carreira MaiaOs assuntos da quinzena: Bruno Lage campeão, as privatizações e o enfraquecimento do Estado democrático, a comédia das comendas e, por fim, a necessidade de votar nas europeias.
BRUNO LAGE. O actual treinador do Benfica é, justamente, louvado pelo que fez no campo desportivo. Se o Benfica é campeão deve-o a Bruno Lage. Quero, porém, louvá-lo por outra coisa. Não apenas pela humildade e gratidão que ostentou, mas pelas palavras que disse sobre o país. O futebol é importante, mas há coisas mais importantes que o futebol. É preciso que o entusiasmo que as pessoas têm com o futebol o tenham com essas coisas. O apelo à civilidade nos festejos e no tratamento dos adversários talvez tenham caído em saco roto, mas mostram que Bruno Lage sabe que um país decente e uma vida civilizada são mais decisivos que os acasos do pontapé na bola. Seria bom que fosse escutado.
PRIVATIZAÇÕES. António Barreto descobriu que “as privatizações e as reprivatizações que moldaram a política e a economia das duas últimas décadas” contribuíram para o enfraquecimento do Estado democrático. No entanto, continua a acreditar no Pai Natal, a crer que foram feitas “pelas boas razões, por espíritos liberais, concebidas para libertar a sociedade e a economia”. Meu Deus, como é que tantos espíritos liberais e bondosos foram tão cegos? Como é que ninguém, tão iluminado, viu que as ricas empresas iriam ser devoradas e, em grande parte, aniquiladas? Ninguém conhecia a história devorista do capitalismo português? Ninguém conhecia os grupos estrangeiros a que se venderam os bens nacionais? Sim, o Pai Natal existe.
COMENDAS. Anda tudo num virote por causa do senhor Joe Berardo e do seu comportamento na Assembleia da República. Agora querem descondecorá-lo. Ora o problema não está em Berardo, mas nos critérios que conduziram há muito a julgar que os homens de dinheiro são o modelo que se deve oferecer à emulação da sociedade. Muitos dos condecorados fazem parte daquilo a que se chama crony capitalismo, um capitalismo clientelar cujo sucesso depende da relação com o poder político. Durante todo o século XX e no XXI, o capitalismo português não foi outra coisa senão um capitalismo clientelar, que o Estado apadrinhou e a cujos corifeus distribuiu, a torto e a direito, comendas.
EUROPEIAS. Por estranho que possa parecer aos portugueses, as eleições europeias são muito importantes. Parte significativa da nossa vida é regulada no Parlamento europeu. Não são indiferentes os deputados que elegemos. Por outro lado, a abstenção será sempre interpretada como desinteresse dos eleitores pela União Europeia. Será que nós portugueses nos podemos dar ao luxo de desprezarmos a União? Já imaginou o que seria Portugal sem a União Europeia? Domingo é dia de eleições, o melhor é ir votar.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
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» 2024-03-18
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