Uma estranha nostalgia de Natal
"Imagino então um Natal frio, sem presentes, apenas um encontro de família, no qual, sem a exterioridade trazida pelo comércio, cada um se descobre nos laços mais íntimos e mais autênticos..."
A noite de Natal aproxima-se velozmente. E essa aproximação traz-me uma angústia e uma estranha nostalgia. A angústia é fácil de explicar e reside nos presentes que me faltam comprar. A nostalgia, essa é bem mais difícil de elucidar. Poder-se-á formular do seguinte modo: é nostalgia de um tempo em que não havia presentes pelo Natal. Ora a estranheza dessa nostalgia reside no facto de nunca ter vivido um Natal sem presentes e, portanto, não poder ter uma memória saudosa do que nunca vivi.
É evidente que a troca de presentes é um acontecimento agradável. Há até mais prazer em dar do que em receber. Além do mais, o comércio do Natal tem um efeito benéfico na economia e assegura trabalho a muita gente, e nos dias que correm haver trabalho é um bem escasso que não devemos malbaratar. Toda esta civilidade associada ao Natal, contudo, não tem o poder de dissolver a nostalgia que toma conta do meu espírito.
Efectivamente, o Natal é o momento onde o mundo cristão revive o nascimento despojado de Jesus Cristo. Um nascimento marcado pela pobreza das coisas materiais, pelas difíceis condições físicas onde se dá o nascimento do Filho de Deus, marcado pelo rigor climatérico que, na nossa imaginação, sempre associamos ao presépio de Belém. Tudo no acontecimento apela à contenção, à austeridade, ao exercício de uma ascese onde o homem se liberte do peso da materialidade.
A nostalgia nasce dessa ânsia de despojamento e de abandono. Nostalgia daquilo que não se viveu, mas que, no fundo de muitos seres humanos, continua a clamar, como uma voz que clama no deserto. Imagino então um Natal frio, sem presentes, apenas um encontro de família, no qual, sem a exterioridade trazida pelo comércio, cada um se descobre nos laços mais íntimos e mais autênticos, se descobre como alguém que também nasceu naquele lugar frio e despojado que é a gruta de Belém. Um Natal como um momento de descoberta e de abandono de si. Na verdade, uma estranha nostalgia de Natal.
Uma estranha nostalgia de Natal
Imagino então um Natal frio, sem presentes, apenas um encontro de família, no qual, sem a exterioridade trazida pelo comércio, cada um se descobre nos laços mais íntimos e mais autênticos...
A noite de Natal aproxima-se velozmente. E essa aproximação traz-me uma angústia e uma estranha nostalgia. A angústia é fácil de explicar e reside nos presentes que me faltam comprar. A nostalgia, essa é bem mais difícil de elucidar. Poder-se-á formular do seguinte modo: é nostalgia de um tempo em que não havia presentes pelo Natal. Ora a estranheza dessa nostalgia reside no facto de nunca ter vivido um Natal sem presentes e, portanto, não poder ter uma memória saudosa do que nunca vivi.
É evidente que a troca de presentes é um acontecimento agradável. Há até mais prazer em dar do que em receber. Além do mais, o comércio do Natal tem um efeito benéfico na economia e assegura trabalho a muita gente, e nos dias que correm haver trabalho é um bem escasso que não devemos malbaratar. Toda esta civilidade associada ao Natal, contudo, não tem o poder de dissolver a nostalgia que toma conta do meu espírito.
Efectivamente, o Natal é o momento onde o mundo cristão revive o nascimento despojado de Jesus Cristo. Um nascimento marcado pela pobreza das coisas materiais, pelas difíceis condições físicas onde se dá o nascimento do Filho de Deus, marcado pelo rigor climatérico que, na nossa imaginação, sempre associamos ao presépio de Belém. Tudo no acontecimento apela à contenção, à austeridade, ao exercício de uma ascese onde o homem se liberte do peso da materialidade.
A nostalgia nasce dessa ânsia de despojamento e de abandono. Nostalgia daquilo que não se viveu, mas que, no fundo de muitos seres humanos, continua a clamar, como uma voz que clama no deserto. Imagino então um Natal frio, sem presentes, apenas um encontro de família, no qual, sem a exterioridade trazida pelo comércio, cada um se descobre nos laços mais íntimos e mais autênticos, se descobre como alguém que também nasceu naquele lugar frio e despojado que é a gruta de Belém. Um Natal como um momento de descoberta e de abandono de si. Na verdade, uma estranha nostalgia de Natal.
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