A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia
Opinião » 2024-09-23 » Jorge Carreira Maia
Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. Tudo isso se sintetiza nas palavras de Hilary Clinton, na corrida presidencial de 2016, quando afirmou que metade dos apoiantes de Donald Trump eram deploráveis. Esta visão das forças de extrema-direita, mesmo que muitos dos seus apoiantes tenham crenças deploráveis e níveis culturais baixíssimos, esconde uma outra realidade que tanto liberais como socialistas ignoram ou não sabem lidar com ela.
Nas últimas décadas, emergiu com alguma força, a vários níveis institucionais, um grupo significativo de intelectuais de extrema-direita, que desenvolvem um trabalho sistemático no âmbito das artes, da História, das ciências sociais e da Filosofia, trabalho que alimenta as guerras culturais que a militância leva a efeito, muitas vezes pela boca de agentes políticos ignorantes, contra a cultura influenciada pela esquerda e pelas elites liberais. Existe uma recuperação intelectual dos pensadores da contra-revolução francesa como Joseph de Maistre e Louis de Bonald, do ultraconservador Donoso Cortés, assim como do importante filósofo político alemão Carl Schmitt, um autor pelo menos tão comprometido com o nazismo quanto Martin Heidegger, assim como de Oswald Spengler, do romancista Ernst Jünger ou do poeta Stephan George.
Este movimento intelectual defende a importância tanto dos preconceitos como da discriminação e, acima de tudo, visa desconstruir duas ideias centrais provenientes do Iluminismo e da Revolução Francesa. Em primeiro lugar, a ideia de igualdade. Não se trata de um ataque a uma concepção ingénua de igualitarismo, mas de um ataque sofisticado à ideia de que todos somos iguais perante a lei, a igualdade básica nascida da laicização da ideia cristã de igualdade perante Deus. Esta desconstrução da importância da igualdade perante a lei, um assalto às crenças da esquerda e da direita liberal, é um passo para a desconstrução de uma outra ideia fundamental, a da liberdade. Se não somos todos iguais, como justificar que todos tenhamos as mesmas liberdades? Quando se observa o comportamento da militância raramente se compreende que por detrás existe um pensamento conceptualmente estruturado e que trabalha para implodir duas das nossas crenças sociais e políticas mais fundamentais.
A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia
Opinião » 2024-09-23 » Jorge Carreira MaiaQuando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. Tudo isso se sintetiza nas palavras de Hilary Clinton, na corrida presidencial de 2016, quando afirmou que metade dos apoiantes de Donald Trump eram deploráveis. Esta visão das forças de extrema-direita, mesmo que muitos dos seus apoiantes tenham crenças deploráveis e níveis culturais baixíssimos, esconde uma outra realidade que tanto liberais como socialistas ignoram ou não sabem lidar com ela.
Nas últimas décadas, emergiu com alguma força, a vários níveis institucionais, um grupo significativo de intelectuais de extrema-direita, que desenvolvem um trabalho sistemático no âmbito das artes, da História, das ciências sociais e da Filosofia, trabalho que alimenta as guerras culturais que a militância leva a efeito, muitas vezes pela boca de agentes políticos ignorantes, contra a cultura influenciada pela esquerda e pelas elites liberais. Existe uma recuperação intelectual dos pensadores da contra-revolução francesa como Joseph de Maistre e Louis de Bonald, do ultraconservador Donoso Cortés, assim como do importante filósofo político alemão Carl Schmitt, um autor pelo menos tão comprometido com o nazismo quanto Martin Heidegger, assim como de Oswald Spengler, do romancista Ernst Jünger ou do poeta Stephan George.
Este movimento intelectual defende a importância tanto dos preconceitos como da discriminação e, acima de tudo, visa desconstruir duas ideias centrais provenientes do Iluminismo e da Revolução Francesa. Em primeiro lugar, a ideia de igualdade. Não se trata de um ataque a uma concepção ingénua de igualitarismo, mas de um ataque sofisticado à ideia de que todos somos iguais perante a lei, a igualdade básica nascida da laicização da ideia cristã de igualdade perante Deus. Esta desconstrução da importância da igualdade perante a lei, um assalto às crenças da esquerda e da direita liberal, é um passo para a desconstrução de uma outra ideia fundamental, a da liberdade. Se não somos todos iguais, como justificar que todos tenhamos as mesmas liberdades? Quando se observa o comportamento da militância raramente se compreende que por detrás existe um pensamento conceptualmente estruturado e que trabalha para implodir duas das nossas crenças sociais e políticas mais fundamentais.
AINDA HÁ CALENDÁRIOS ? - josé mota pereira » 2024-12-31 » José Mota Pereira Nos últimos dias do ano veio a revelação da descoberta de mais um trilho de pegadas de dinossauros na Serra de Aire. Neste canto do mundo, outras vidas que aqui andaram, foram deixando involuntariamente o seu rasto e na viagem dos tempos chegaram-se a nós e o passado encontra-se com o presente. |
É um banco, talvez, feliz! - maria augusta torcato » 2024-11-14 » Maria Augusta Torcato É um banco, talvez, feliz! Era uma vez um banco. Não. É um banco e um banco, talvez, feliz! E não. Não é um banco dos que nos desassossegam pelo que nos custam e cobram, mas dos que nos permitem sossegar, descansar. |
Mérito e inveja - jorge carreira maia » 2024-11-14 » Jorge Carreira Maia O milagre – a eventual vitória de Kamala Harris nas eleições norte-americanas – esteve longe, muito longe, de acontecer. Os americanos escolheram em consciência e disseram claramente o que queriam. Não votaram enganados ou iludidos; escolheram o pior porque queriam o pior. |
O vómito » 2024-10-26 » Hélder Dias |
30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes » 2024-09-30 » João Carlos Lopes Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
Não tenho nada para dizer - carlos tomé » 2024-09-23 » Carlos Tomé Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
Três décadas a dar notícias - antónio gomes » 2024-09-23 » António Gomes Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido. |
Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos » 2024-09-23 » António Mário Santos Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade. Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local. |
Trente Glorieuses - carlos paiva » 2024-09-23 » Carlos Paiva Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal. |
30 anos contra o silêncio - josé mota pereira » 2024-09-23 » José Mota Pereira Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. |
» 2024-12-31
» José Mota Pereira
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