A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia
Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. Tudo isso se sintetiza nas palavras de Hilary Clinton, na corrida presidencial de 2016, quando afirmou que metade dos apoiantes de Donald Trump eram deploráveis. Esta visão das forças de extrema-direita, mesmo que muitos dos seus apoiantes tenham crenças deploráveis e níveis culturais baixíssimos, esconde uma outra realidade que tanto liberais como socialistas ignoram ou não sabem lidar com ela.
Nas últimas décadas, emergiu com alguma força, a vários níveis institucionais, um grupo significativo de intelectuais de extrema-direita, que desenvolvem um trabalho sistemático no âmbito das artes, da História, das ciências sociais e da Filosofia, trabalho que alimenta as guerras culturais que a militância leva a efeito, muitas vezes pela boca de agentes políticos ignorantes, contra a cultura influenciada pela esquerda e pelas elites liberais. Existe uma recuperação intelectual dos pensadores da contra-revolução francesa como Joseph de Maistre e Louis de Bonald, do ultraconservador Donoso Cortés, assim como do importante filósofo político alemão Carl Schmitt, um autor pelo menos tão comprometido com o nazismo quanto Martin Heidegger, assim como de Oswald Spengler, do romancista Ernst Jünger ou do poeta Stephan George.
Este movimento intelectual defende a importância tanto dos preconceitos como da discriminação e, acima de tudo, visa desconstruir duas ideias centrais provenientes do Iluminismo e da Revolução Francesa. Em primeiro lugar, a ideia de igualdade. Não se trata de um ataque a uma concepção ingénua de igualitarismo, mas de um ataque sofisticado à ideia de que todos somos iguais perante a lei, a igualdade básica nascida da laicização da ideia cristã de igualdade perante Deus. Esta desconstrução da importância da igualdade perante a lei, um assalto às crenças da esquerda e da direita liberal, é um passo para a desconstrução de uma outra ideia fundamental, a da liberdade. Se não somos todos iguais, como justificar que todos tenhamos as mesmas liberdades? Quando se observa o comportamento da militância raramente se compreende que por detrás existe um pensamento conceptualmente estruturado e que trabalha para implodir duas das nossas crenças sociais e políticas mais fundamentais.
A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia
Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. Tudo isso se sintetiza nas palavras de Hilary Clinton, na corrida presidencial de 2016, quando afirmou que metade dos apoiantes de Donald Trump eram deploráveis. Esta visão das forças de extrema-direita, mesmo que muitos dos seus apoiantes tenham crenças deploráveis e níveis culturais baixíssimos, esconde uma outra realidade que tanto liberais como socialistas ignoram ou não sabem lidar com ela.
Nas últimas décadas, emergiu com alguma força, a vários níveis institucionais, um grupo significativo de intelectuais de extrema-direita, que desenvolvem um trabalho sistemático no âmbito das artes, da História, das ciências sociais e da Filosofia, trabalho que alimenta as guerras culturais que a militância leva a efeito, muitas vezes pela boca de agentes políticos ignorantes, contra a cultura influenciada pela esquerda e pelas elites liberais. Existe uma recuperação intelectual dos pensadores da contra-revolução francesa como Joseph de Maistre e Louis de Bonald, do ultraconservador Donoso Cortés, assim como do importante filósofo político alemão Carl Schmitt, um autor pelo menos tão comprometido com o nazismo quanto Martin Heidegger, assim como de Oswald Spengler, do romancista Ernst Jünger ou do poeta Stephan George.
Este movimento intelectual defende a importância tanto dos preconceitos como da discriminação e, acima de tudo, visa desconstruir duas ideias centrais provenientes do Iluminismo e da Revolução Francesa. Em primeiro lugar, a ideia de igualdade. Não se trata de um ataque a uma concepção ingénua de igualitarismo, mas de um ataque sofisticado à ideia de que todos somos iguais perante a lei, a igualdade básica nascida da laicização da ideia cristã de igualdade perante Deus. Esta desconstrução da importância da igualdade perante a lei, um assalto às crenças da esquerda e da direita liberal, é um passo para a desconstrução de uma outra ideia fundamental, a da liberdade. Se não somos todos iguais, como justificar que todos tenhamos as mesmas liberdades? Quando se observa o comportamento da militância raramente se compreende que por detrás existe um pensamento conceptualmente estruturado e que trabalha para implodir duas das nossas crenças sociais e políticas mais fundamentais.
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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![]() Agora que nos estamos a aproximar, no calendário católico, da Páscoa, talvez valha a pena meditar nos versículos 36, 37 e 38, do Capítulo 18, do Evangelho de João. Depois de entregue a Pôncio Pilatos, Jesus respondeu à pergunta deste: Que fizeste? Dito de outro modo: de que és culpado? Ora, a resposta de Jesus é surpreendente: «O meu reino não é deste mundo. |