A fraternidade - jorge carreira maia
"A fraternidade significa, então, um exercício de solicitude para com todos os nossos concidadãos."
Dos três princípios da Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – este último permaneceu sempre numa espécie de limbo. Os grandes debates e os grandes conflitos ideológicos estruturaram-se em torno dos outros dois. Em primeiro lugar, desde John Locke – um pensador do século XVII – que a questão da liberdade foi motivo de debate e conflito. Também a igualdade não deixou, pelo menos desde as revoluções americana e francesa, de estar no centro da vida política. Seja a igualdade perante a lei, seja a igualdade de oportunidades, seja a igualdade social. A fraternidade, todavia, parece não gerar um particular interesse político, nem inflamar grandes paixões.
Isso mesmo é reconhecido pelo Manual da Doutrina Social da Igreja Católica. No capítulo referente ao fundamento e ao fim da comunidade política, no ponto 390, reconhece-se que o princípio da fraternidade “permaneceu em grande parte não realizado nas sociedades políticas modernas e contemporâneas, sobretudo por causa da influência exercida pelas ideologias individualistas e colectivistas”. A Igreja entende a fraternidade como amizade civil, e esta surge como o revelador do “significado profundo da convivência civil e política”. A formulação é bastante inteligente ao traduzir fraternidade não por uma leitura étnica, os cidadãos unidos por laços de sangue, mas por amizade civil. Uma amizade entre cidadãos. Não só evita derivas racistas, como sublinha a importância da ideia de comunidade gerada na amizade cívica, na qual terão lugar os direitos e os deveres ligados à liberdade e à igualdade.
A fraternidade significa, então, um exercício de solicitude para com todos os nossos concidadãos. Assim como devemos cuidar dos nossos amigos, também devemos cuidar dos nossos concidadãos. Este cuidar dos outros não é uma mera exigência moral, mas um imperativo político. Através dessa amizade cívica compreende-se que devo cuidar tanto do meu interesse, como do interesse de qualquer outro. Esta interconexão de interesses pelos quais todos somos mutuamente responsáveis forma o bem comum e a própria comunidade política. A fraternidade é, então, esse princípio que nos ordena cuidar da comunidade política, como o lugar onde o bem comum se desenvolve e protege, através da amizade cívica. É da solicitude cívica que o próprio poder extrai a sua legitimidade. O facto de a fraternidade não merecer particular atenção mostra quão frágeis podem ser os regimes políticos modernos e os perigos que correm. A fraternidade é o mais fundamental dos princípios da Revolução Francesa.
A fraternidade - jorge carreira maia
A fraternidade significa, então, um exercício de solicitude para com todos os nossos concidadãos.
Dos três princípios da Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – este último permaneceu sempre numa espécie de limbo. Os grandes debates e os grandes conflitos ideológicos estruturaram-se em torno dos outros dois. Em primeiro lugar, desde John Locke – um pensador do século XVII – que a questão da liberdade foi motivo de debate e conflito. Também a igualdade não deixou, pelo menos desde as revoluções americana e francesa, de estar no centro da vida política. Seja a igualdade perante a lei, seja a igualdade de oportunidades, seja a igualdade social. A fraternidade, todavia, parece não gerar um particular interesse político, nem inflamar grandes paixões.
Isso mesmo é reconhecido pelo Manual da Doutrina Social da Igreja Católica. No capítulo referente ao fundamento e ao fim da comunidade política, no ponto 390, reconhece-se que o princípio da fraternidade “permaneceu em grande parte não realizado nas sociedades políticas modernas e contemporâneas, sobretudo por causa da influência exercida pelas ideologias individualistas e colectivistas”. A Igreja entende a fraternidade como amizade civil, e esta surge como o revelador do “significado profundo da convivência civil e política”. A formulação é bastante inteligente ao traduzir fraternidade não por uma leitura étnica, os cidadãos unidos por laços de sangue, mas por amizade civil. Uma amizade entre cidadãos. Não só evita derivas racistas, como sublinha a importância da ideia de comunidade gerada na amizade cívica, na qual terão lugar os direitos e os deveres ligados à liberdade e à igualdade.
A fraternidade significa, então, um exercício de solicitude para com todos os nossos concidadãos. Assim como devemos cuidar dos nossos amigos, também devemos cuidar dos nossos concidadãos. Este cuidar dos outros não é uma mera exigência moral, mas um imperativo político. Através dessa amizade cívica compreende-se que devo cuidar tanto do meu interesse, como do interesse de qualquer outro. Esta interconexão de interesses pelos quais todos somos mutuamente responsáveis forma o bem comum e a própria comunidade política. A fraternidade é, então, esse princípio que nos ordena cuidar da comunidade política, como o lugar onde o bem comum se desenvolve e protege, através da amizade cívica. É da solicitude cívica que o próprio poder extrai a sua legitimidade. O facto de a fraternidade não merecer particular atenção mostra quão frágeis podem ser os regimes políticos modernos e os perigos que correm. A fraternidade é o mais fundamental dos princípios da Revolução Francesa.
![]() A cidadania fez-se ao caminho, recolheu mais de 900 assinaturas, entregou-as na Assembleia Municipal e colocou-a a reflectir sobre o assunto. Os peticionários e a Assembleia Municipal de Torres Novas tomaram posição e decidiram sobre o futuro do território que envolve a nascente do rio Almonda e sobre a pertença da água que ali brota. |
![]() Neste verão canicular de dias adormentados, cercados pelas chamas televisivas e pela (des)informação da guerra na Ucrânia e outras menos visíveis, que escrever para alguns distraídos momentos de leitura ? Nesta indecisão, veio-me à memória um episódio insólito presenciado num outro escaldante Agosto, no final dos anos 80, numa praia de Marbelha, ao sul de Espanha. |
![]() 1. “Primeiro dia de inverno”, assim ouvia ao avô de verão, mestre Zé Viola, velho pescador de Peniche, onde na sua pequena casa passávamos as férias de verão nos anos iniciais da existência. |
![]() Conto com mais de meio século de existência e não conheço Portugal sem estar em crise. Este estado perpétuo instalou-se no subconsciente colectivo, sendo aceite como a normalidade. Curioso como regularmente o governo nos educa para novas normalidades. |
![]() Quem se interessa por música, em jovem e no caminho para a maturidade, é comum acontecer um sentido de propriedade, totalmente deslocado, acerca de algo que não nos pertence, nem por sombras está dentro da nossa esfera de influência. |
![]() Já com o calor de Julho saíram os rankings dos exames nacionais do ano anterior. Sempre que são publicados, geram uma árdua batalha entre os defensores da sua não publicação, argumentando que não se pode comparar o incomparável, como os que defendem que se deve tornar manifesto quais as escolas que tem mérito e aquelas que não o têm e, numa perspectiva liberal, argumentar sobre a superioridade do ensino privado sobre o ensino público. |
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No dia em que as fontes secarem, depois no norte e sul se fundirem, já estarei longe deste lugar. Depois, para lá de tudo, do tacto, da cor, um miudinho templo apreciará, insistentemente, a ousadia desafiante de nunca, mas nunca morrer. |
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A última sessão da Assembleia Municipal (AM) aprovou, por unanimidade, a gratuitidade dos TUT a partir de 2023, por proposta do BE. Logo no início deste século, a Agência Europeia do Ambiente tinha colocado como uma das condições principais em defesa do ambiente que os transportes públicos fossem gratuitos. |
![]() Num canto de página d` O Almonda, na sequência de mais uma reorganização do jornal nestes últimos anos, vem o anúncio: O Almonda deixará de se publicar semanalmente, passando a quinzenário. Na sua longa história, esta é uma mudança significativa e que ultrapassa as fronteiras do jornal. |
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CRÓNICA PARA UM TEMPO ESTIVAL - -josé alves pereira |
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