• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Sábado, 27 Julho 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Ter.
 34° / 18°
Céu limpo
Seg.
 34° / 20°
Períodos nublados com aguaceiros e trovoadas
Dom.
 34° / 17°
Céu limpo
Torres Novas
Hoje  31° / 18°
Períodos nublados
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Poesia, para quê?

Opinião  »  2016-05-06  »  Jorge Carreira Maia

"Ela, a poesia, é o dispositivo que resta na luta contra o tempo, na busca da experiência mítica, na reconstrução de um véu de ilusão que nos permite aceitar a vida e a morte. "

A poesia, quando entendida ao nível do senso comum, é vista ou como expressão de sentimentos ou como arma de transformação do mundo. Ela, porém, nada tem a ver com a expressão de sentimentos pessoais. Ainda menos é uma aliada dos transformadores do mundo e da história. Um poema é, como salientou Octavio Paz, uma máquina que produz anti-história. Esta ideia é fundamental para perceber essa estranha coisa que é criar textos que colidem propositadamente com a linguagem da comunicação e a visão corrente do mundo e da história. Textos obscuros onde o sentido vacila, apesar do ritmo sedutor que os habita.

A poesia é, mais que tudo, uma luta com o tempo, um corpo a corpo com o fluir da temporalidade. A idade moderna fez entrar na consciência dos homens a ideia de progresso. Progresso moral, social, tecnológico. A poesia resiste a louvar-se em tal ideia. Porquê? Porque o progresso implica o fluir do tempo, a sua passagem, aquele trânsito que nos há-de conduzir do pior para o melhor. Ora o fluir do tempo implica também a nossa morte. As sociedades tradicionais eram organizadas de uma forma cíclica. Valorizavam o eterno retorno das estações e celebravam-no. Era a sua forma de lutar contra a história e a morte.

As sociedades modernas perderam a consciência do tempo cíclico, do eterno retorno do mesmo, e a retórica do progresso – que ainda hoje anima alguns exaltados – desfez o véu ilusório, mas fundamental para dar sentido à vida, de um tempo que sempre retorna. Ficou a poesia. Ela é o dispositivo que resta na luta contra o tempo, na busca da experiência mítica, na reconstrução de um véu de ilusão que nos permite aceitar a vida e a morte. Por isso, ela luta com e contra a língua, destrói-lhe os hábitos, obscurece o significado, conflitua com a gramática, para que desça até aos homens uma linguagem mais pura e original, não maculada pela história, e lhes proporcione a ilusão que eles precisam para viver e para aceitar a sua inelutável mortalidade.

http://kyrieeleison-jcm.blogspot.pt/

 

 

 Outras notícias - Opinião


Candidato de peso... para afundar um partido »  2024-07-23  »  Hélder Dias

O Orelhas... »  2024-07-16  »  Hélder Dias

Lady Gago »  2024-07-09  »  Hélder Dias

Na aldeia de Zibreira passa o rio Almonda - isilda loureiro »  2024-06-23 

"O rio da minha aldeia", fazendo lembrar o poema de Fernando Pessoa...

Houve tempos em que o local conhecido por Azenha, no termo da aldeia de Zibreira, após descermos uma ladeira ladeada de terrenos agrícolas e hortas, teve um moinho com gente e muita vida.
(ler mais...)


Cogitações por causa do 25 de Novembro e dos avanços da extrema-direita - antónio mário santos »  2024-06-23  »  António Mário Santos

No momento em que do centro direita à direita radical, aproveitando a viragem das últimas eleições legislativas, se organizou uma associação de interesses para diminuir o 25 de Abril, realçando o golpe militar do 25 de Novembro, num crescendo de recuperação selectiva do revanchismo das elites económicas destronadas pela revolução, ultrapassando a concepção social-democrata do próprio PS (Manuel Alegre distingue-o nas suas Memórias Minhas, criticando a viragem para a 3ª via de Blair, continuando a preferir chamar ao seu partido, por inteiro, Partido Socialista), abriu-se um clamoroso protesto nos órgãos de informação nacionais.
(ler mais...)


O futebol e o radicalismo de direita - jorge carreira maia »  2024-06-23  »  Jorge Carreira Maia

 

Decorre o Europeu de futebol, hora em que o fervor nacionalista se exalta. O futebol, na sua dimensão industrial, foi colonizado por perspectivas ideológicas que fomentam, na consciência dos adeptos, uma visão do mundo muito específica.
(ler mais...)


Toma lá... »  2024-06-19  »  Hélder Dias

Lições da História - acácio gouveia »  2024-06-13  »  Acácio Gouveia

“A História não se repete, mas rima por vezes”, Mark Twain

 Vinte e sete meses após o início da guerra na Ucrânia, temos generais e comentadores nos meios de comunicação social portugueses: (I) a justificar a legitimidade da invasão; (II) a profetizar a total e inelutável vitória de Putin; (III) e tentar convencer-nos que este assunto tem pouco ou nada a ver com Portugal e com os demais países europeus.
(ler mais...)


Do rescaldo da festa à realidade da Europa - antómio mário santos »  2024-06-11  »  António Mário Santos

Vivemos, na Europa, tempos difíceis. As eleições europeias, que se desenrolarão no próximo domingo, podem apontar para o fim da União Europeia como hoje a conhecemos. O avanço da extrema direita, racista e xenófoba, na maioria dos países europeus, veio ressuscitar o velho problema das nacionalidades e das suas fronteiras, dos impérios coloniais arrumados nos armários da história, da milenária contenda entre a ciência e a fé, da economia neoliberal assente no conceito do Estado-Nação e nos direitos fundamentais da cidadania democrática.
(ler mais...)


Nascente do Almonda: há outro caminho - jorge salgado simões »  2024-06-11  »  Jorge Salgado Simões

Tem sido difícil assistir a tudo o que se tem passado em torno da nascente do Almonda nos últimos anos, um conflito exacerbado por dois lados com interesses legítimos, mas incapazes de construir qualquer benefício para um património que todos dizem querer valorizar.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-07-09  »  Hélder Dias Lady Gago
»  2024-07-16  »  Hélder Dias O Orelhas...
»  2024-07-23  »  Hélder Dias Candidato de peso... para afundar um partido