Escavar no romance português - jorge carreira maia
"Está calor. Em vez de falar de política, como habitualmente, o melhor é derivar e falar de literatura"
Está calor. Em vez de falar de política, como habitualmente, o melhor é derivar e falar de literatura. Não é que o assunto interesse mais aos portugueses do que a política. Não interessa, mas ajuda a suportar o calor e a inflação. Um salto ao século XIX pode ser uma viagem interessante. O romance moderno português terá começado nesse tempo. O problema é que sabemos muito pouco do que aconteceu aí, do fervilhar romanesco, da quantidade de gente que procurou a glória não na guerra, mas na literatura. Há para isso, como para tudo, culpados. Façamos o elenco destes. Almeida Garrett, Alexandre Herculano e, principalmente, Camilo Castro Branco, Júlio Dinis e Eça de Queirós. Garrett e Herculano, do ponto de vista romanesco, não são muito fecundos, o mesmo não se pode dizer de Camilo e Eça. Júlio Dinis ocupa um lugar intermédio. Quem mais fez romances no XIX?
Alguém dirá Rebelo da Silva, Arnaldo Gama ou, mesmo, Teixeira de Vasconcelos. Não será mau, mas a realidade é muito mais ampla e mais rica. Quem foi o autor de quem Óscar Lopes e António José Saraiva, verdadeiras autoridades no assunto, disseram ser “o melhor realizador, em Portugal, do romance tal como o concebeu Balzac”? O senhor dava pelo nome de Francisco Teixeira de Queirós. Quem ouviu falar dele? Nos últimos tempos tenho-me dedicado a espiolhar esse século romanesco. Foi aí que o descobri. Descobri mais, uns mais exaltantes do que outros, mas tudo gente que teceu o lençol com que o romance português se cobriu até aos dias de hoje. Eis alguns nomes descobertos: Alberto Pimentel, António Pedro Lopes Mendonça, Faustino da Fonseca, Francisco Gomes de Amorim, Gervásio Lobato (o do romance Lisboa em Camisa), Guilherme Centazzi (o autor do primeiro romance português), Joaquim Leitão, Manuel Pereira Lobato, Manuel Pinheiro Chagas, etc., etc.
Estes escritores não terão o dom literário de um Camilo ou de um Eça, mas fazem parte de um movimento que lançou as bases do romance em Portugal, o qual teve um momento superlativo, no que toca ao reconhecimento, com a atribuição do Prémio Nobel a José Saramago. É esta história que não deveria ser esquecida. E o esquecimento não atinge apenas o século XIX. Ele expande-se para o século XX. Também aqui os grandes nomes lançam um véu sobre os outros, os quais também ajudaram a tornar o português uma língua literária importante. O pior é que nem a iniciativa privada nem a iniciativa pública parecem estar interessadas em fazer ressurgir esses autores que contribuíram para sermos aquilo que hoje somos. Falta de mercado, dirão. Falta de iniciativa, parece-me.
Escavar no romance português - jorge carreira maia
Está calor. Em vez de falar de política, como habitualmente, o melhor é derivar e falar de literatura
Está calor. Em vez de falar de política, como habitualmente, o melhor é derivar e falar de literatura. Não é que o assunto interesse mais aos portugueses do que a política. Não interessa, mas ajuda a suportar o calor e a inflação. Um salto ao século XIX pode ser uma viagem interessante. O romance moderno português terá começado nesse tempo. O problema é que sabemos muito pouco do que aconteceu aí, do fervilhar romanesco, da quantidade de gente que procurou a glória não na guerra, mas na literatura. Há para isso, como para tudo, culpados. Façamos o elenco destes. Almeida Garrett, Alexandre Herculano e, principalmente, Camilo Castro Branco, Júlio Dinis e Eça de Queirós. Garrett e Herculano, do ponto de vista romanesco, não são muito fecundos, o mesmo não se pode dizer de Camilo e Eça. Júlio Dinis ocupa um lugar intermédio. Quem mais fez romances no XIX?
Alguém dirá Rebelo da Silva, Arnaldo Gama ou, mesmo, Teixeira de Vasconcelos. Não será mau, mas a realidade é muito mais ampla e mais rica. Quem foi o autor de quem Óscar Lopes e António José Saraiva, verdadeiras autoridades no assunto, disseram ser “o melhor realizador, em Portugal, do romance tal como o concebeu Balzac”? O senhor dava pelo nome de Francisco Teixeira de Queirós. Quem ouviu falar dele? Nos últimos tempos tenho-me dedicado a espiolhar esse século romanesco. Foi aí que o descobri. Descobri mais, uns mais exaltantes do que outros, mas tudo gente que teceu o lençol com que o romance português se cobriu até aos dias de hoje. Eis alguns nomes descobertos: Alberto Pimentel, António Pedro Lopes Mendonça, Faustino da Fonseca, Francisco Gomes de Amorim, Gervásio Lobato (o do romance Lisboa em Camisa), Guilherme Centazzi (o autor do primeiro romance português), Joaquim Leitão, Manuel Pereira Lobato, Manuel Pinheiro Chagas, etc., etc.
Estes escritores não terão o dom literário de um Camilo ou de um Eça, mas fazem parte de um movimento que lançou as bases do romance em Portugal, o qual teve um momento superlativo, no que toca ao reconhecimento, com a atribuição do Prémio Nobel a José Saramago. É esta história que não deveria ser esquecida. E o esquecimento não atinge apenas o século XIX. Ele expande-se para o século XX. Também aqui os grandes nomes lançam um véu sobre os outros, os quais também ajudaram a tornar o português uma língua literária importante. O pior é que nem a iniciativa privada nem a iniciativa pública parecem estar interessadas em fazer ressurgir esses autores que contribuíram para sermos aquilo que hoje somos. Falta de mercado, dirão. Falta de iniciativa, parece-me.
![]() Apresentados os candidatos à presidência da Câmara de Torres Novas, a realizar nos finais de Setembro, ou na primeira quinzena de Outubro, restam pouco mais de três meses (dois de férias), para se conhecer ao que vêm, quem é quem, o que defendem, para o concelho, na sua interligação cidade/freguesias. |
![]() O nosso major-general é uma versão pós-moderna do Pangloss de Voltaire, atestando que, no designado “mundo livre”, estamos no melhor possível, prontos para a vitória e não pode ser de outro modo. |
![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
![]()
Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
![]() |
![]() |
![]() |
» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |
» 2025-07-08
» António Mário Santos
O meu projecto eleitoral para a autarquia |
» 2025-07-08
» José Alves Pereira
O MAJOR-GENERAL PATRONO DA GUERRA |
» 2025-07-08
» Acácio Gouveia
Inteligência artificial |