As eleições europeias
"As eleições europeias têm um poder destabilizador suficiente para pôr em causa, a médio prazo, a forma como organizamos a nossa vida."
Das três eleições que decorrerão este ano – Regionais da Madeira, Legislativas e Europeias – serão estas últimas as mais importantes para o nosso destino a médio prazo. As eleições regionais da Madeira têm um impacto meramente local. As legislativas nacionais, por muito calor que os partidos ponham na disputa, não trarão grandes novidades. Não sendo previsível o surgimento de um movimento populista, os resultados eleitorais, ganhe a esquerda ou a direita, não afectarão o rumo do país, embora possam ter repercussões na forma como se distribuem os rendimentos. Como descobrimos, nos últimos anos, a distância que vai do CDS ao PCP é, apesar de importantes diferenças, muito menor do que se afiançava. Só um terramoto, com a emergência de uma força política importante e marcadamente nacionalista, poderia torná-las decisivas.
As eleições europeias têm um poder destabilizador suficiente para pôr em causa, a médio prazo, a forma como organizamos a nossa vida. O que está em jogo é a dimensão que os nacionalistas antieuropeus terão no próximo parlamento. O que vai ser avaliado nessas eleições é o estado de saúde do projecto europeu, a capacidade que a União Europeia tem para agregar um conjunto de povos diferenciados, que partilham um mercado comum e um conjunto de valores políticos e civilizacionais que constituem aquilo que se convencionou chamar Ocidente. Sendo assim, não é apenas a questão política que está em disputa, mas uma certa concepção de civilização e modo de vida.
Deve ser motivo de preocupação o avanço dos nacionalistas? Devemos distinguir nacionalismo daquilo que o historiador Dolf Sternberger e o filósofo Jürgen Habermas, ambos alemães, denominaram patriotismo constitucional. O nacionalismo é uma visão do mundo que encerra os povos num narcisismo paroquial perigoso. Desde o seu nascimento, após a Revolução Francesa, que ele tem sido responsável, na Europa, por diversas guerras, entre elas as duas guerras mundiais ocorridas no século XX. O nacionalismo é exclusivista e por natureza conflitual. O patriotismo constitucional, por seu turno, afirma uma identidade política colectiva, respeitadora do estado de direito, ao mesmo tempo que defende valores universalistas e a necessidade de conciliação e convivência internacionais. O que está em disputa, nas eleições europeias, é o peso destas duas ideias. Se os nacionalistas crescerem significativamente, o projecto europeu pode ficar ameaçado e surgir uma nova situação política povoada pelos terríveis fantasmas que a União Europeia tinha adormecido.
As eleições europeias
As eleições europeias têm um poder destabilizador suficiente para pôr em causa, a médio prazo, a forma como organizamos a nossa vida.
Das três eleições que decorrerão este ano – Regionais da Madeira, Legislativas e Europeias – serão estas últimas as mais importantes para o nosso destino a médio prazo. As eleições regionais da Madeira têm um impacto meramente local. As legislativas nacionais, por muito calor que os partidos ponham na disputa, não trarão grandes novidades. Não sendo previsível o surgimento de um movimento populista, os resultados eleitorais, ganhe a esquerda ou a direita, não afectarão o rumo do país, embora possam ter repercussões na forma como se distribuem os rendimentos. Como descobrimos, nos últimos anos, a distância que vai do CDS ao PCP é, apesar de importantes diferenças, muito menor do que se afiançava. Só um terramoto, com a emergência de uma força política importante e marcadamente nacionalista, poderia torná-las decisivas.
As eleições europeias têm um poder destabilizador suficiente para pôr em causa, a médio prazo, a forma como organizamos a nossa vida. O que está em jogo é a dimensão que os nacionalistas antieuropeus terão no próximo parlamento. O que vai ser avaliado nessas eleições é o estado de saúde do projecto europeu, a capacidade que a União Europeia tem para agregar um conjunto de povos diferenciados, que partilham um mercado comum e um conjunto de valores políticos e civilizacionais que constituem aquilo que se convencionou chamar Ocidente. Sendo assim, não é apenas a questão política que está em disputa, mas uma certa concepção de civilização e modo de vida.
Deve ser motivo de preocupação o avanço dos nacionalistas? Devemos distinguir nacionalismo daquilo que o historiador Dolf Sternberger e o filósofo Jürgen Habermas, ambos alemães, denominaram patriotismo constitucional. O nacionalismo é uma visão do mundo que encerra os povos num narcisismo paroquial perigoso. Desde o seu nascimento, após a Revolução Francesa, que ele tem sido responsável, na Europa, por diversas guerras, entre elas as duas guerras mundiais ocorridas no século XX. O nacionalismo é exclusivista e por natureza conflitual. O patriotismo constitucional, por seu turno, afirma uma identidade política colectiva, respeitadora do estado de direito, ao mesmo tempo que defende valores universalistas e a necessidade de conciliação e convivência internacionais. O que está em disputa, nas eleições europeias, é o peso destas duas ideias. Se os nacionalistas crescerem significativamente, o projecto europeu pode ficar ameaçado e surgir uma nova situação política povoada pelos terríveis fantasmas que a União Europeia tinha adormecido.
![]()
Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
» 2025-06-06
» Jorge Carreira Maia
Encontros |
» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |