Lições da História - acácio gouveia
“A História não se repete, mas rima por vezes”, Mark Twain
Vinte e sete meses após o início da guerra na Ucrânia, temos generais e comentadores nos meios de comunicação social portugueses: (I) a justificar a legitimidade da invasão; (II) a profetizar a total e inelutável vitória de Putin; (III) e tentar convencer-nos que este assunto tem pouco ou nada a ver com Portugal e com os demais países europeus. Contudo, estamos perante (I) uma mistificação canhestra; (II) um cenário inviável, já que a eventual ocupação russa do território ucraniano não significaria a pacificação (nunca conseguida ao fim de séculos de opressão moscovita); (III) é inegável que a ameaça russa não se cinge apenas à Ucrânia e é mesmo explicitamente dirigida à Europa.
Imperialismo
“A Polónia foi apenas o pequeno-almoço [da Rússia]; onde irão eles jantar?”, Edmond Burke, estadista irlandês comentando a partilha da Polónia e Lituânia em 1812
Libertemos, por momentos, a nossa atenção do monopólio do futebol e debrucemo-nos sobre a história da Rússia. Constataremos que o imperialismo russo é transversal aos séculos e regimes políticos. A queda de Kiev em 1240, na sequência da invasão mongol, permitiu que o ducado da Moscóvia, sob a tutela dos mongóis da Horda de Ouro, adquirisse proeminência entre os vários domínios semi-independentes do noroeste da Rússia. Por sua vez, o colapso da Horda no século XIV, deu azo a que os duques de Moscovo iniciassem um processo de expansão e reivindicassem a herança do pretérito grande reino eslavo de Kiev. Com altos e baixos, a Rússia foi-se estendendo até atingir dimensões gigantescas. Desde o ártico até à Ásia Central, do Alasca (entretanto vendido aos EUA no século XIX) até à Finlândia, Polónia e Ucrânia, o expansionismo russo só foi barrado pelas potências europeias e pela China. Posteriormente, na sequência da Segunda Grande Guerra, o império estendeu-se pela Europa Central, para lá de Berlim, e pelos Balcãs orientais. Só escapou à “reconquista” a Finlândia (lamentavelmente, no parecer de Medvedev).
Os actuais detentores do poder no Kremlin não fazem segredo das suas intenções de dilatar o império, seja por que meios for, Europa adentro. Se é verdade que as fronteiras da NATO lhe tolhem as ambições, com a ascensão de Trump os EUA deixarão de ser aliados da União Europeia para se tornarem uma ameaça para a democracias e independências europeias. Um descalabro na Ucrânia abriria as portas a Putin para uma intromissão (ou mesmo invasão) na Europa, com repercussões em todos os quadrantes da nossa vida. Um risco de retrocesso para algo como nova idade das trevas caraterizada pelo fascismo, capitalismo ultra selvagem e perda de identidade europeia.
Paz
“(...) tempo de guerra e tempo de paz”
Eclesiastes 3.8.
Em 1938, Neville Chamberlain, primeiro-ministro britânico, pavoneava um acordo de paz assinado por Hitler. Chamberlain, ostensivamente um indefetível e incansável defensor da diplomacia e da paz, tinha, contudo, um lado menos conhecido, obscuro, belicista, militarista. Ao mesmo tempo que conseguia o tal acordo em Munique ordenava, sub-repticiamente, o investimento na força aérea. Um ano depois, deu-se a invasão da Polónia, que marcou o início da 2ª Guerra Mundial e o fim das ilusões sobre o tal acordo. Dois anos depois, a Royal Air Force era o último reduto da resistência ao nazismo e, robustecida pela mão de Chamberlain, foi capaz de travar a barbárie hitleriana.
Lições da História - acácio gouveia
“A História não se repete, mas rima por vezes”, Mark Twain
Vinte e sete meses após o início da guerra na Ucrânia, temos generais e comentadores nos meios de comunicação social portugueses: (I) a justificar a legitimidade da invasão; (II) a profetizar a total e inelutável vitória de Putin; (III) e tentar convencer-nos que este assunto tem pouco ou nada a ver com Portugal e com os demais países europeus. Contudo, estamos perante (I) uma mistificação canhestra; (II) um cenário inviável, já que a eventual ocupação russa do território ucraniano não significaria a pacificação (nunca conseguida ao fim de séculos de opressão moscovita); (III) é inegável que a ameaça russa não se cinge apenas à Ucrânia e é mesmo explicitamente dirigida à Europa.
Imperialismo
“A Polónia foi apenas o pequeno-almoço [da Rússia]; onde irão eles jantar?”, Edmond Burke, estadista irlandês comentando a partilha da Polónia e Lituânia em 1812
Libertemos, por momentos, a nossa atenção do monopólio do futebol e debrucemo-nos sobre a história da Rússia. Constataremos que o imperialismo russo é transversal aos séculos e regimes políticos. A queda de Kiev em 1240, na sequência da invasão mongol, permitiu que o ducado da Moscóvia, sob a tutela dos mongóis da Horda de Ouro, adquirisse proeminência entre os vários domínios semi-independentes do noroeste da Rússia. Por sua vez, o colapso da Horda no século XIV, deu azo a que os duques de Moscovo iniciassem um processo de expansão e reivindicassem a herança do pretérito grande reino eslavo de Kiev. Com altos e baixos, a Rússia foi-se estendendo até atingir dimensões gigantescas. Desde o ártico até à Ásia Central, do Alasca (entretanto vendido aos EUA no século XIX) até à Finlândia, Polónia e Ucrânia, o expansionismo russo só foi barrado pelas potências europeias e pela China. Posteriormente, na sequência da Segunda Grande Guerra, o império estendeu-se pela Europa Central, para lá de Berlim, e pelos Balcãs orientais. Só escapou à “reconquista” a Finlândia (lamentavelmente, no parecer de Medvedev).
Os actuais detentores do poder no Kremlin não fazem segredo das suas intenções de dilatar o império, seja por que meios for, Europa adentro. Se é verdade que as fronteiras da NATO lhe tolhem as ambições, com a ascensão de Trump os EUA deixarão de ser aliados da União Europeia para se tornarem uma ameaça para a democracias e independências europeias. Um descalabro na Ucrânia abriria as portas a Putin para uma intromissão (ou mesmo invasão) na Europa, com repercussões em todos os quadrantes da nossa vida. Um risco de retrocesso para algo como nova idade das trevas caraterizada pelo fascismo, capitalismo ultra selvagem e perda de identidade europeia.
Paz
“(...) tempo de guerra e tempo de paz”
Eclesiastes 3.8.
Em 1938, Neville Chamberlain, primeiro-ministro britânico, pavoneava um acordo de paz assinado por Hitler. Chamberlain, ostensivamente um indefetível e incansável defensor da diplomacia e da paz, tinha, contudo, um lado menos conhecido, obscuro, belicista, militarista. Ao mesmo tempo que conseguia o tal acordo em Munique ordenava, sub-repticiamente, o investimento na força aérea. Um ano depois, deu-se a invasão da Polónia, que marcou o início da 2ª Guerra Mundial e o fim das ilusões sobre o tal acordo. Dois anos depois, a Royal Air Force era o último reduto da resistência ao nazismo e, robustecida pela mão de Chamberlain, foi capaz de travar a barbárie hitleriana.
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![]() O nosso major-general é uma versão pós-moderna do Pangloss de Voltaire, atestando que, no designado “mundo livre”, estamos no melhor possível, prontos para a vitória e não pode ser de outro modo. |
![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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