A moral e o medo - jorge carreira mais
No Público online de 28 de Maio, há uma entrevista interessante a Mohan Mohan, antigo gestor da Procter & Gamble, uma multinacional detentora de inúmeros marcas bem conhecidas dos consumidores portugueses. A entrevista tem um curioso título: Se os gestores fossem movidos por valores, não teríamos a crise que enfrentamos hoje. O título é interessante porque reconhece explicitamente que a actual crise se deve às opções dos que têm poder de decisão económica. Mais à frente faz o mesmo reconhecimento relativamente à crise do subprime de 2008 nos EUA, que desencadeou, a partir de 2011, as crises das dívidas soberanas na Europa do Sul, entre elas a portuguesa. O interesse da entrevista deriva ainda de outra coisa, do reconhecimento de que os gestores, por norma, não são movidos por valores morais.
A dado passo, é perguntado o seguinte: Acredita que os valores dos gestores constituem a parte mais importante para se evitar fenómenos como o de 2008, mais do que a regulação e a supervisão? A resposta pode resumir-se no Absolutamente. É evidente que se todos os gestores se pautassem por valores morais irrepreensíveis, muitos dos males que acontecem à humanidade não aconteceriam. Todavia, não há nada de mais equívoco do que julgar que a moral tem poder para resolver este tipo de problemas que atormentam a vida de grande parte da população mundial. Contrariamente ao que é sugerido pelas entrevistadoras, é falso que os valores morais tenham mais capacidade para evitar crises económicas catastróficas do que a regulação e a supervisão, isto é, a política e o direito.
A moral liga-se à consciência de cada um e, como todos sabemos, a sanção da nossa consciência é um fraco elemento dissuasor de comportamentos eticamente reprováveis e juridicamente criminosos. O que se passa no mundo é que os interesses económicos colonizaram a política, e esta tornou-se, em nome do livre mercado, complacente com regras económicas que conduzem aos desastres financeiros que arrastam milhões de pessoas para a miséria. A economia emancipou-se da moral e submeteu a política e, através dela, o direito. A solução não está num apelo aos valores e à consciência moral dos gestores, mas a uma independência da política em relação à economia, à existência de regras estritas de regulação e supervisão, e de penalidades jurídicas dissuasoras de comportamentos perigosos. Talvez daí, do medo, os gestores ganhem consciência moral. Sem isso, pessoas e países estarão sempre expostas ao arbítrio de quem manda no dinheiro. Não é só a moral que deve influenciar a criação do direito. Também o direito pode e deve fomentar a moralidade.
A moral e o medo - jorge carreira mais
No Público online de 28 de Maio, há uma entrevista interessante a Mohan Mohan, antigo gestor da Procter & Gamble, uma multinacional detentora de inúmeros marcas bem conhecidas dos consumidores portugueses. A entrevista tem um curioso título: Se os gestores fossem movidos por valores, não teríamos a crise que enfrentamos hoje. O título é interessante porque reconhece explicitamente que a actual crise se deve às opções dos que têm poder de decisão económica. Mais à frente faz o mesmo reconhecimento relativamente à crise do subprime de 2008 nos EUA, que desencadeou, a partir de 2011, as crises das dívidas soberanas na Europa do Sul, entre elas a portuguesa. O interesse da entrevista deriva ainda de outra coisa, do reconhecimento de que os gestores, por norma, não são movidos por valores morais.
A dado passo, é perguntado o seguinte: Acredita que os valores dos gestores constituem a parte mais importante para se evitar fenómenos como o de 2008, mais do que a regulação e a supervisão? A resposta pode resumir-se no Absolutamente. É evidente que se todos os gestores se pautassem por valores morais irrepreensíveis, muitos dos males que acontecem à humanidade não aconteceriam. Todavia, não há nada de mais equívoco do que julgar que a moral tem poder para resolver este tipo de problemas que atormentam a vida de grande parte da população mundial. Contrariamente ao que é sugerido pelas entrevistadoras, é falso que os valores morais tenham mais capacidade para evitar crises económicas catastróficas do que a regulação e a supervisão, isto é, a política e o direito.
A moral liga-se à consciência de cada um e, como todos sabemos, a sanção da nossa consciência é um fraco elemento dissuasor de comportamentos eticamente reprováveis e juridicamente criminosos. O que se passa no mundo é que os interesses económicos colonizaram a política, e esta tornou-se, em nome do livre mercado, complacente com regras económicas que conduzem aos desastres financeiros que arrastam milhões de pessoas para a miséria. A economia emancipou-se da moral e submeteu a política e, através dela, o direito. A solução não está num apelo aos valores e à consciência moral dos gestores, mas a uma independência da política em relação à economia, à existência de regras estritas de regulação e supervisão, e de penalidades jurídicas dissuasoras de comportamentos perigosos. Talvez daí, do medo, os gestores ganhem consciência moral. Sem isso, pessoas e países estarão sempre expostas ao arbítrio de quem manda no dinheiro. Não é só a moral que deve influenciar a criação do direito. Também o direito pode e deve fomentar a moralidade.
![]() O Jornal Torrejano entra nesta edição no seu trigésimo ano de publicações ininterruptas. Facto que é notável nos tempos que correm, com a felicidade de esta data e deste feito entrar pelo ano 2024, em que se comemoram os 50 anos da revolução de abril. |
![]()
Em 1994 Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhac Rabin recebiam o Prémio Nobel da Paz, o mundo despedia-se de Airton Senna, Tom Jobin e Kurt Cobain, Nelson Mandela assumia a presidência de África do Sul, sendo o primeiro presidente negro daquele país, Berlusconi vencia as legislativas italianas, nascia Harry Styles. |
![]() O João Carlos Lopes tem toda a razão quando nos lembra a publicação ininterrupta do “Jornal Torrejano” a entrar nos 30 anos: é preciso assinalar, registar, comemorar e festejar este facto, quase 30 anos, caramba! Todos sabemos das dificuldades em manter jornais, sejam nacionais ou locais. |
![]() Em Setembro de 1994, com capa de João Carlos Lopes, era publicado o meu estudo Torres Novas nos Finais do Séc. XIX – Subsídios Históricos, onde se inseria um estudo sobre a Imprensa Regional no Concelho de Torres Novas (1853-1926), incluindo as fotografias da primeira página da imprensa aí publicada, desde 1853 a 1978. |
![]() …Eis-nos em mais uma manhã na vida de New Towers. O verão chega ao fim e traz temperaturas mais frescas. A frescura destes 43 graus matinais, tão comuns em final de setembro, são o anúncio da chegada da estação das chuvas. |
![]() O caso de um seleccionador de futebol que beija na boca uma jogadora. O caso de uma jornalista de televisão que é apalpada durante um directo. O caso de um Presidente da República que comenta a indumentária pouco resistente ao frio de uma mulher. |
![]() Há-de haver muito turista com dificuldade em perceber que certas cidades europeias, castelos, palácios, catedrais, aldeias históricas ou vistas panorâmicas, não foram projectadas por Júlios Vernes da arquitectura para serem parques de diversão do século XXI para os turistas fazerem selfies para o Instagram. |
![]() Como Garrett, resolvo viajar pela minha terra, não para subir o Tejo, mas para descer o viaduto rumo à avenida, o que só por si já é uma viagem que mistura três épocas distintas: a viril Idade Média, a ruralidade do século XIX e o urbanismo do século XX. |
![]() |
![]() |
» 2023-09-06
» Hélder Dias
O Livro da Selva II |
» 2023-09-04
» José Ricardo Costa
Pés e cabeça - josé ricardo costa |
» 2023-09-06
» Hélder Dias
O Livro da Selva I |
» 2023-09-18
» Hélder Dias
Alguns anos de solidão… |
» 2023-09-24
» José Ricardo Costa
Um pouco mais de azul - josé ricardo costa |